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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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TÊNIS

Uma coisa bem legal

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O respeitável cidadão Marcelo Ruschel, 40, é conhecedor do circuito mundial. Fotógrafo profissional há 20 anos, já clicou grandes nomes. De Thomas Koch a Gustavo Kuerten, de John McEnroe a Boris Becker e Pete Sampras, de Martina Navratilova a Serena Williams.
Em 1986, na Nabisco Cup, em Nova York, aliás, Ruschel foi nocauteado por um saque de Ivan Lendl quando fotograva o jogo. A partida parou, a torcida riu, e Lendl acenou de longe, cara de "desculpa aí, amigo, foi mal!".
Há dois meses, Ruschel esteve de novo em uma quadra com sua máquina fotográfica. Desta vez, nenhuma bolada, nenhum Andre Agassi, Jimmy Connors ou Lleyton Hewitt. Entre as imagens que fez, uma das mais marcantes tem o tenista Jadson Paim da Silva segurando a raquete.
Com oito anos e o sonho de ser motorista de Kombi escolar, como o pai, Jadson é uma das crianças de Belém-Novo, em Porto Alegre, que participam do projeto Wimbelémdon.
O projeto nasceu há três anos, quando Ruschel, passando por esse bairro ainda quase rural, distante do centro da capital gaúcha, viu uma quadra abandonada e a placa com o "aluga-se".
Acostumado aos estádios como os de Roland Garros e a ginásios como o Madison Square Garden, viu ali um lugar promissor. Foi atrás do dono, alugou, construiu vestiário, banheiro e reformou a quadra. Sem a pretensão de querer ser o dono único da coisa, entregou a Susana Santos a coordenação do projeto e contou com o tenista Eduardo Frick para ensinar as crianças. Estudantes da PUC-RS viram ali uma boa oportunidade para contribuir.
Ruschel tem ainda a força do aposentado Mário Rodrigues, 67, que cuida da quadra, abre e fecha os portões, e a simpatia do frei Zelmar Chiotto, que empresta uma sala da igreja do bairro para as leituras das crianças quando o tempo não está bom lá fora.
Sim, além da educação física, com alongamento, aquecimento, do treino, com brincadeiras de coordenação, com a raquete e as bolinhas, as crianças têm a hora da leitura, quando são estimulado a ler e ouvir histórias contadas por uma estudante de letras da PUC-RS.
É preciso, aliás, mostrar um bom rendimento escolar para continuar na turma. Talvez por isso a diretora da escola estadual em Belém Novo já notou diferença no ânimo dos alunos.
Problemas ainda existem, falta de raquetes, alunos ansiosos acordando às 4h30 para esperar a aula. Mas o projeto segue em frente. Daqui a um mês, salta de 39 crianças para 80. "As crianças não jogam por dinheiro nem por fama, glamour ou troféu, como aqueles que fotografo geralmente. Jogam porque gostam, com brilho nos olhos, com sede de aprender a jogar tênis", descreve Ruschel.
"Eu, que já viajei o mundo todo fotografando esses caras endeusados, que gosto de tênis, acredito que, com criatividade e boa vontade, é possível ajudar. Olhava a quadra abandonada, pensava, sabia que daria para fazer um monte de coisa legal. Hoje, acho que faço uma coisa bem legal."

Iniciativa louvável
Ruschel deixou o projeto na internet: www.wimbelemdon.com.br.
Resultados surpreendentes no saibro Mantilla ganha Roma, Ferrero e Guga tropeçam. Estranho...

Moçada nova
A segunda etapa do Grand Slam promovido pela CBT começa segunda, em São Luís (MA). Terá 175 jovens de 19 Estados.

Comportamento antigo
Damir Dokic, famoso por causa da filha, Jelena, disse que não quer mais vê-la por causa do piloto Enrique Bernoldi. "Eu e minha mulher fizemos o que podíamos por ela, e ela escolhe esse idiota."

E-mail reandaku@uol.com.br


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