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Lista de Parreira ameaça soberania do RJ nas Copas
Se não tiver surpresas, convocação de amanhã vai colocar São Paulo como maior fornecedor de atletas
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A histórica soberania do Rio de
Janeiro na seleção brasileira nunca esteve tão ameaçada quanto estará às 11h30 de amanhã.
Nesse horário, Carlos Alberto
Parreira vai divulgar a lista dos 23
jogadores que defenderão o país
na Copa do Mundo da Alemanha.
E, se a propalada coerência do
treinador aparecer, São Paulo deve ultrapassar o Rio de Janeiro em
número de convocações pela seleção brasileira em Mundiais. Ou ao
menos igualar a contagem.
Até hoje, jogadores nascidos no
Rio de Janeiro fizeram parte da
seleção em Copas do Mundo em
118 ocasiões, desde 1930, segundo
levantamento feito pela Folha
com base em dados oficiais da
CBF. São Paulo vem logo atrás,
com 115 convocações.
Amanhã, os representantes
paulistas chamados à Alemanha
devem ser os laterais Cafu, Cicinho e Roberto Carlos, o zagueiro
Luisão, os volantes Zé Roberto e
Edmílson, o meia Ricardinho e o
atacante Robinho. Há a chance
ainda de um nono jogador: o goleiro palmeirense Marcos, nascido na pequena cidade de Oriente.
O paulistano Ricardinho não
está 100% garantido. Mas, se ficar
de fora, é grande a chance de seu
substituto ser um conterrâneo: o
ex-são-paulino Júlio Baptista.
A trupe fluminense deverá contar com no máximo cinco representantes: o goleiro Júlio César, o
lateral Gilberto (que disputa vaga
com Gustavo Nery, nascido em
Nova Friburgo, na região serrana
do Rio), o zagueiro Juan e os atacantes Ronaldo e Adriano.
Embora menor do que o do Estado vizinho, o índice fluminense
supera de longe o da Copa de
2002. No Mundial da Ásia, o único jogador nascido no Rio de Janeiro foi Ronaldo. São Paulo contou com oito atletas chamados.
A liderança do Rio de Janeiro se
deve, basicamente, às duas primeiras Copas do Mundo, disputadas em 1930 e 1934, período em
que as seleções tinham a maioria
de atletas fluminenses devido às
rixas entre dirigentes do Rio e de
São Paulo. Tanto que só em 1938
os jogadores de times paulistas
puderam ir à Copa representando
oficialmente suas equipes.
Contando apenas o período
pós-guerra, São Paulo assume a liderança com 104 convocações, 20
a mais que o Rio de Janeiro.
Em número absoluto de atletas,
o RJ está à frente. E a liderança
praticamente não corre risco: são
88 jogadores contra 84.
A hegemonia fluminense na seleção brasileira balança justamente na primeira Copa da história
sem times do Rio de Janeiro cedendo atletas à seleção canarinho.
Em 2002, o único clube representado no Mundial foi o Flamengo, com o meia Juninho.
O Botafogo, histórico líder entre
as equipes, com 47 convocados
para Mundiais, não contribui
com atletas no maior evento do
futebol desde 1998, quando enviou o zagueiro reserva Gonçalves
e o atacante titular Bebeto.
Entre os clubes, o RJ segue muito à frente de SP. Os times fluminenses cederam 156 atletas, sem
contar os 9 registrados oficialmente como atletas da Confederação Brasileira de Desportos,
com sede no Rio. Os paulistas
contribuíram com 122 jogadores.
Mesmo que o Rio perca a liderança, a comparação entre participação nas Copas e população
vai seguir sendo mais favorável
aos fluminenses. Eles não respondem nem por 10% da população
do país, mas forneceram 31,8%
dos convocados até hoje. No caso
de São Paulo, esses números são,
respectivamente, 21,8% e 31,1%.
Com o grosso dos jogadores
atuando no exterior, a seleção não
repete mais as acaloradas disputas bairristas do passado.
Mas, mesmo assim, Parreira
acha que seu anúncio de amanhã
vai causar controvérsias por esse
motivo. "As críticas que receberei
virão do regionalismo e do clubismo. Isso ainda existe muito", disse o treinador em entrevista no
início da semana que passou.
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