São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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Lista de Parreira ameaça soberania do RJ nas Copas

Se não tiver surpresas, convocação de amanhã vai colocar São Paulo como maior fornecedor de atletas

TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A histórica soberania do Rio de Janeiro na seleção brasileira nunca esteve tão ameaçada quanto estará às 11h30 de amanhã.
Nesse horário, Carlos Alberto Parreira vai divulgar a lista dos 23 jogadores que defenderão o país na Copa do Mundo da Alemanha.
E, se a propalada coerência do treinador aparecer, São Paulo deve ultrapassar o Rio de Janeiro em número de convocações pela seleção brasileira em Mundiais. Ou ao menos igualar a contagem.
Até hoje, jogadores nascidos no Rio de Janeiro fizeram parte da seleção em Copas do Mundo em 118 ocasiões, desde 1930, segundo levantamento feito pela Folha com base em dados oficiais da CBF. São Paulo vem logo atrás, com 115 convocações.
Amanhã, os representantes paulistas chamados à Alemanha devem ser os laterais Cafu, Cicinho e Roberto Carlos, o zagueiro Luisão, os volantes Zé Roberto e Edmílson, o meia Ricardinho e o atacante Robinho. Há a chance ainda de um nono jogador: o goleiro palmeirense Marcos, nascido na pequena cidade de Oriente.
O paulistano Ricardinho não está 100% garantido. Mas, se ficar de fora, é grande a chance de seu substituto ser um conterrâneo: o ex-são-paulino Júlio Baptista.
A trupe fluminense deverá contar com no máximo cinco representantes: o goleiro Júlio César, o lateral Gilberto (que disputa vaga com Gustavo Nery, nascido em Nova Friburgo, na região serrana do Rio), o zagueiro Juan e os atacantes Ronaldo e Adriano.
Embora menor do que o do Estado vizinho, o índice fluminense supera de longe o da Copa de 2002. No Mundial da Ásia, o único jogador nascido no Rio de Janeiro foi Ronaldo. São Paulo contou com oito atletas chamados.
A liderança do Rio de Janeiro se deve, basicamente, às duas primeiras Copas do Mundo, disputadas em 1930 e 1934, período em que as seleções tinham a maioria de atletas fluminenses devido às rixas entre dirigentes do Rio e de São Paulo. Tanto que só em 1938 os jogadores de times paulistas puderam ir à Copa representando oficialmente suas equipes.
Contando apenas o período pós-guerra, São Paulo assume a liderança com 104 convocações, 20 a mais que o Rio de Janeiro.
Em número absoluto de atletas, o RJ está à frente. E a liderança praticamente não corre risco: são 88 jogadores contra 84.
A hegemonia fluminense na seleção brasileira balança justamente na primeira Copa da história sem times do Rio de Janeiro cedendo atletas à seleção canarinho.
Em 2002, o único clube representado no Mundial foi o Flamengo, com o meia Juninho.
O Botafogo, histórico líder entre as equipes, com 47 convocados para Mundiais, não contribui com atletas no maior evento do futebol desde 1998, quando enviou o zagueiro reserva Gonçalves e o atacante titular Bebeto.
Entre os clubes, o RJ segue muito à frente de SP. Os times fluminenses cederam 156 atletas, sem contar os 9 registrados oficialmente como atletas da Confederação Brasileira de Desportos, com sede no Rio. Os paulistas contribuíram com 122 jogadores.
Mesmo que o Rio perca a liderança, a comparação entre participação nas Copas e população vai seguir sendo mais favorável aos fluminenses. Eles não respondem nem por 10% da população do país, mas forneceram 31,8% dos convocados até hoje. No caso de São Paulo, esses números são, respectivamente, 21,8% e 31,1%.
Com o grosso dos jogadores atuando no exterior, a seleção não repete mais as acaloradas disputas bairristas do passado.
Mas, mesmo assim, Parreira acha que seu anúncio de amanhã vai causar controvérsias por esse motivo. "As críticas que receberei virão do regionalismo e do clubismo. Isso ainda existe muito", disse o treinador em entrevista no início da semana que passou.


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