São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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FUTEBOL

Treinadores de mau humor, times favoritos ao título, mas pressionados, e jogadores tensos se encontram no Beira-Rio

São Paulo e Inter fazem jogo do estresse

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Treinadores mal-humorados. Clubes vice-campeões estaduais pressionados pelas recentes derrotas na Libertadores e ansiosos para reverter a situação, mas só após a Copa. Times que estão entre os que mais viajam de avião. Atletas reclamando das escalas.
É sob forte estresse que São Paulo e Internacional, os dois únicos representantes brasileiros no torneio continental, enfrentam-se hoje, às 16h, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pelo Nacional.
"Pressão por vitórias, viagens longas. Tudo isso dá estresse, mas fazer o quê? Escolhi essa profissão", confirmou o zagueiro são-paulino Fabão, dirigido pelo nem sempre sutil Muricy Ramalho.
No desembarque do time do Morumbi no aeroporto de Guarulhos, na última quinta, um dia após perder por 1 a 0 para o argentino Estudiantes, o técnico se recusou a dar entrevistas e quase atropelou os repórteres enquanto guiava seu carrinho de bagagem.
"Só dou entrevistas nas terças e sextas-feiras", justificara Muricy, que, anteontem, mais calmo, reclamou das viagens de avião.
"Até eu estava cansado, não só os jogadores. Foi um vôo de três horas, que ainda saiu com atraso", falou o treinador, que explicou a um repórter a fama de "turrão" adquirida na sua última passagem pelo Inter, em 2005.
"Lá [no Sul], se você for de cabeça baixa [falar com a imprensa], eles te atropelam", ensinou Muricy, que na última rodada viu o seu São Paulo vencer por 3 a 1 clássico local com o Corinthians.
Apesar disso, o treinador descartou o favoritismo e tratou o duelo de hoje como polarizador das maiores forças do futebol nacional atual: "São os melhores elencos. Times que brigarão pelo título nacional e continental".
No Inter, o técnico Abel Braga também vive uma relação atribulada com a mídia gaúcha desde que, mesmo com seu time favorito, perdeu o título estadual para o arqui-rival Grêmio.
Treinos fechados e mistério na escalação são artifícios usados com freqüência por Abel. De positivo, só largou o vício de fumar cigarros. Agora masca chicletes para aliviar a tensão e a ansiedade.
A falta de tranqüilidade no Inter foi vista na derrota para a LDU, no Equador, pelo torneio continental. O lateral-direito Élder Granja e o atacante Michel bateram boca -ambos foram advertidos com o cartão amarelo.
"Jogadores sofrem tanto estresse quanto qualquer outro empregado", diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador da unidade de medicina comportamental da Unifesp, que aconselha tratamento psicológico. São Paulo e Inter não têm especialistas na área.
NA TV - Globo (menos Grande São Paulo) e Record (para SP e Florianópolis), ao vivo, às 16h


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