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FUTEBOL
Treinadores de mau humor, times favoritos ao título, mas pressionados, e jogadores tensos se encontram no Beira-Rio
São Paulo e Inter fazem jogo do estresse
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Treinadores mal-humorados.
Clubes vice-campeões estaduais
pressionados pelas recentes derrotas na Libertadores e ansiosos
para reverter a situação, mas só
após a Copa. Times que estão entre os que mais viajam de avião.
Atletas reclamando das escalas.
É sob forte estresse que São Paulo e Internacional, os dois únicos
representantes brasileiros no torneio continental, enfrentam-se
hoje, às 16h, no estádio Beira-Rio,
em Porto Alegre, pelo Nacional.
"Pressão por vitórias, viagens
longas. Tudo isso dá estresse, mas
fazer o quê? Escolhi essa profissão", confirmou o zagueiro são-paulino Fabão, dirigido pelo nem
sempre sutil Muricy Ramalho.
No desembarque do time do
Morumbi no aeroporto de Guarulhos, na última quinta, um dia
após perder por 1 a 0 para o argentino Estudiantes, o técnico se recusou a dar entrevistas e quase
atropelou os repórteres enquanto
guiava seu carrinho de bagagem.
"Só dou entrevistas nas terças e
sextas-feiras", justificara Muricy,
que, anteontem, mais calmo, reclamou das viagens de avião.
"Até eu estava cansado, não só
os jogadores. Foi um vôo de três
horas, que ainda saiu com atraso", falou o treinador, que explicou a um repórter a fama de "turrão" adquirida na sua última passagem pelo Inter, em 2005.
"Lá [no Sul], se você for de cabeça baixa [falar com a imprensa],
eles te atropelam", ensinou Muricy, que na última rodada viu o
seu São Paulo vencer por 3 a 1
clássico local com o Corinthians.
Apesar disso, o treinador descartou o favoritismo e tratou o
duelo de hoje como polarizador
das maiores forças do futebol nacional atual: "São os melhores
elencos. Times que brigarão pelo
título nacional e continental".
No Inter, o técnico Abel Braga
também vive uma relação atribulada com a mídia gaúcha desde
que, mesmo com seu time favorito, perdeu o título estadual para o
arqui-rival Grêmio.
Treinos fechados e mistério na
escalação são artifícios usados
com freqüência por Abel. De positivo, só largou o vício de fumar
cigarros. Agora masca chicletes
para aliviar a tensão e a ansiedade.
A falta de tranqüilidade no Inter
foi vista na derrota para a LDU,
no Equador, pelo torneio continental. O lateral-direito Élder
Granja e o atacante Michel bateram boca -ambos foram advertidos com o cartão amarelo.
"Jogadores sofrem tanto estresse quanto qualquer outro empregado", diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador da unidade
de medicina comportamental da
Unifesp, que aconselha tratamento psicológico. São Paulo e Inter
não têm especialistas na área.
NA TV - Globo (menos Grande
São Paulo) e Record (para SP
e Florianópolis), ao vivo, às 16h
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