São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Com a Fifa presidida por Havelange e a parceria do brasileiro com o alemão dono da Adidas, futebol e marketing entram em uma nova era

Cartola e magnata se unem

Arquivo/Folha Imagem
João Havelange (centro) e Pelé são recebidos pelo então presidente Castello Branco em 1966


DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à consolidação de Brasil e Alemanha como potências do futebol, uma aliança entre duas poderosas figuras desses países estabeleceu nova ordem no esporte. O brasileiro João Havelange e o alemão Horst Dassler se aproximaram após o primeiro vencer eleição para presidente da Fifa em 1974, ano da Copa alemã.
Havelange, ex-presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), havia derrotado na eleição o britânico Stanley Rous, a quem Dassler, dono da fabricante de material esportivo Adidas, demonstrou inicialmente apoio.
A Fifa vivia basicamente do dinheiro das Copas. O plano de expansão do futebol defendido por Havelange se encaixava como uma luva nos interesses financeiros de Dassler. O brasileiro tinha como programa o envio de missões técnicas à Ásia e à África e a criação dos Mundiais júnior e juvenil. Dassler tratou de ajudar o novo manda-chuva do futebol.
A Fifa virava uma máquina de dinheiro, e Havelange se perpetuava no poder sendo chapa única nas eleições presidenciais da entidade. A expansão do futebol, por sua vez, ajudou no crescimento da Adidas, fornecedora do uniforme de muitas das principais seleções.
Parceira da Fifa, ofereceu os equipamentos para os cursos ""vendidos" por Havelange pelo mundo. Dassler costurou o acordo da Fifa com a Coca-Cola, que patrocinou já o primeiro Mundial júnior, em 1977. Quatro anos depois, a competição gerava US$ 600 mil com patrocínio. Os contratos ficavam a cargo de Dassler e Havelange, que impulsionaram o marketing esportivo vendendo placas e anúncios nos estádios.
Prova do poder da dupla no esporte foi a eleição de Juan Antonio Samaranch como presidente do COI -o espanhol lucrou com o apoio de Havelange e Dassler e os conseqüentes votos do Terceiro Mundo. O maior lance viria no início dos anos 80. Dassler fundou em 1982 a agência de marketing ISL, que seria a grande parceira da Fifa, criando um monopólio em torno das Copas e outras competições do futebol. A ISL seguiu com a Fifa após a morte de Dassler, em 1987, e só saiu de cena ao falir, em 2001. (RODRIGO BUENO)


Texto Anterior: História: A nova cara da Alemanha
Próximo Texto: Gelsenkirchen: Novo pólo verde investe em energias alternativas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.