São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Vitalidade física supera técnica, e, enquanto Brasil sofre para se adaptar ao "novo" futebol, Alemanha chega a três finais entre 1982 e 1990

Futebol-força ganha mundo

DA REPORTAGEM LOCAL

Se em 1974 a Alemanha desfrutou de sua melhor geração de talentos no futebol, o Brasil passou a se readaptar a uma nova fase do esporte, mais física que técnica.
O futebol-força, tão associado aos alemães, virou uma tônica mundial a partir da década de 70, causando uma certa revolta nos torcedores mais românticos.
Somando as Copas de 1974 e 1978, o Brasil colecionou quatro empates sem gols em seu processo de ""modernização", que incluía uma melhor ocupação de espaços, uma preocupação maior com a preparação física e termos como overlapping (""ultrapassagem" de um jogador por outro para poder receber a bola na frente, no chamado ""ponto futuro").
A Alemanha, sem Beckenbauer, Overath e mesmo Gerd Müller, um atacante de força, mas com muitos recursos, também conseguiu três 0 a 0 só na Copa de 1978.
Jogadores de marcação e de grande vitalidade física passaram a ser tão respeitados quanto os craques do meio-campo para a frente. O ponto forte da seleção brasileira em 1974 foi a defesa, que tinha como base o Palmeiras de Leão e Luis Pereira, bicampeão brasileiro em 1972 e 1973.
Vogts, jogador que fez implacável marcação em Cruyff na final de 1974, foi um dos remanescentes na seleção alemã para 1978. É um símbolo de entrega em seu país, que chegaria à final de 1982 mesmo com jogadores de qualidade bem discutível, como Hrubesch, Förster, Stielike e Briegel.
Nesse mesmo time alemão de 1982, surgia uma grande promessa do futebol germânico. Matthäus, meio-campista que conciliava boa técnica com muita vitalidade, viria a ser o líder de sua seleção nas Copas seguintes. Alcançaria a condição de craque na Copa de 1990, a que registrou a pior média de gols da história (2,21 tentos por partida) e que foi decidida por um pênalti solitário na final.
O Brasil levou às Copas de 1982 e 86 um time técnico, treinado por Telê Santana, mas o sucesso da seleção italiana, de forte defesa e aposta no contra-ataque, manteve o futebol-força em alta. Gentile anulou Zico no homem a homem.
A Alemanha despacharia duas vezes nas semifinais (1982 e 1986) uma talentosa equipe francesa comandada por Platini. Só Maradona em 1986, apesar de caçado em campo, superou a força em Copas entre 1974 e 1990. Não à toa, brilhou na Itália, que virou eldorado do futebol. (RODRIGO BUENO)


Texto Anterior: História: O retorno da democracia
Próximo Texto: 1974: Alemanha consolidada parte para maiores conquistas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.