São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HISTÓRIA

Brasil elege presidente de novo, e alemães põem fim a 44 anos de divisão

O retorno da democracia

WALTER CRUZ SWENSSON JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

O ano de 1989 teve manifestações populares que mudaram a história de Brasil e Alemanha.
Em 15 de novembro, o Brasil realizou a primeira eleição direta para presidente após o regime militar de 1964. Comícios e carreatas mobilizaram milhares de pessoas.
O então desconhecido Fernando Collor venceu a disputa. Após 29 anos, o Brasil voltou a ter um presidente eleito diretamente -quase três anos depois, ele seria afastado, acusado de corrupção.
Enquanto o Brasil consolidava sua redemocratização política, as Alemanhas se reunificavam.
Na República Democrática Alemã, o povo saiu às ruas de Berlim, Leipzig e Dresden exigindo reformas. Em 7 de outubro, no 40º aniversário da RDA, milhares de alemães se manifestaram nas ruas de Berlim Oriental. Em Leipzig, ocorreram as "passeatas de segunda-feira" com milhares de pessoas.
Em 9 de outubro, foram reunidas 70 mil pessoas; na semana seguinte, 120 mil e, 14 dias depois, 300 mil pessoas. Eles bradavam: "Vamos ficar!", referindo-se aos 344 mil alemães-orientais que haviam deixado o país naquele ano.
No dia 18 de outubro, o presidente do Conselho de Estado, Erich Honecker, renunciou e foi substituído por Egon Krens, que prometeu mudanças. As manifestações prosseguiram. No dia 4 de novembro, mais de 500 mil pessoas saíram às ruas de Berlim.
Na noite de 9 de novembro, o anúncio equivocado de Günter Schabowki, secretário de informações do Comitê Central, de que a eliminação de condições prévias para concessão de visto de viagem ao exterior entraria em vigor imediatamente, foi o bastante para que milhares de alemães se aglomerassem perto do muro.
Às 23h, o posto de fronteira de Bornholmer Strasse foi aberto, e imensa festa, que se prolongaria pelo fim de semana, teve início.
Depois de 44 anos, os alemães podiam cruzar livremente a fronteira. Em gesto simbólico, o povo destruiu o muro com picaretas. Milhares de alemães-orientais cruzaram a fronteira. Nos 28 anos do muro, mais de 80 pessoas foram mortas, 112 ficaram feridas e milhares acabaram presas.
Após a queda do muro, foram necessários meses de negociação para que a Alemanha fosse reunificada. Para os alemães-orientais, esse processo significava a chance de melhores condições econômicas e o fim da violenta repressão política feita pela Stasi (Serviço de Segurança do Estado, da RDA).
O processo de reunificação começou com as eleições na RDA, em 1990. Lothar de Maizière, da União Democrata Cristã da Alemanha Oriental, venceu prometendo acelerar o processo. As negociações terminaram em 31 de agosto. No mês seguinte, os parlamentos de Bonn e Berlim ratificaram o Tratado de Unificação.
No dia 12 de setembro foi assinado o Tratado Dois Mais Quatro, entre as Alemanhas e as potências de ocupação (EUA, França, Inglaterra e União Soviética) que concordaram com a reunificação ocorrida em 3 de outubro.
A Alemanha passou a ter 77.574.000 habitantes (16.443 milhões vindos da RDA) e centenas de milhares de novos desempregados e subempregados. Entre 1991 e 1999, foram investidos mais de 600 bilhões para modernizar a antiga Alemanha Oriental.


Walter Cruz Swensson Júnior é doutorando em história pela Universidade de São Paulo e autor de "A Constância do Olhar Vigilante", entre outros livros

Texto Anterior: Futebol: Dupla chora "amareladas"
Próximo Texto: Futebol: Futebol-força ganha mundo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.