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HISTÓRIA
Brasil elege presidente de novo, e alemães põem fim a 44 anos de divisão
O retorno da democracia
WALTER CRUZ SWENSSON JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA
O ano de 1989 teve manifestações populares que mudaram a
história de Brasil e Alemanha.
Em 15 de novembro, o Brasil
realizou a primeira eleição direta
para presidente após o regime militar de 1964. Comícios e carreatas
mobilizaram milhares de pessoas.
O então desconhecido Fernando Collor venceu a disputa. Após
29 anos, o Brasil voltou a ter um
presidente eleito diretamente
-quase três anos depois, ele seria
afastado, acusado de corrupção.
Enquanto o Brasil consolidava
sua redemocratização política, as
Alemanhas se reunificavam.
Na República Democrática Alemã, o povo saiu às ruas de Berlim,
Leipzig e Dresden exigindo reformas. Em 7 de outubro, no 40º aniversário da RDA, milhares de alemães se manifestaram nas ruas de
Berlim Oriental. Em Leipzig,
ocorreram as "passeatas de segunda-feira" com milhares de
pessoas.
Em 9 de outubro, foram reunidas 70 mil pessoas; na semana seguinte, 120 mil e, 14 dias depois,
300 mil pessoas. Eles bradavam:
"Vamos ficar!", referindo-se aos
344 mil alemães-orientais que haviam deixado o país naquele ano.
No dia 18 de outubro, o presidente do Conselho de Estado,
Erich Honecker, renunciou e foi
substituído por Egon Krens, que
prometeu mudanças. As manifestações prosseguiram. No dia 4 de
novembro, mais de 500 mil pessoas saíram às ruas de Berlim.
Na noite de 9 de novembro, o
anúncio equivocado de Günter
Schabowki, secretário de informações do Comitê Central, de
que a eliminação de condições
prévias para concessão de visto de
viagem ao exterior entraria em vigor imediatamente, foi o bastante
para que milhares de alemães se
aglomerassem perto do muro.
Às 23h, o posto de fronteira de
Bornholmer Strasse foi aberto, e
imensa festa, que se prolongaria
pelo fim de semana, teve início.
Depois de 44 anos, os alemães
podiam cruzar livremente a fronteira. Em gesto simbólico, o povo
destruiu o muro com picaretas.
Milhares de alemães-orientais
cruzaram a fronteira. Nos 28 anos
do muro, mais de 80 pessoas foram mortas, 112 ficaram feridas e
milhares acabaram presas.
Após a queda do muro, foram
necessários meses de negociação
para que a Alemanha fosse reunificada. Para os alemães-orientais,
esse processo significava a chance
de melhores condições econômicas e o fim da violenta repressão
política feita pela Stasi (Serviço de
Segurança do Estado, da RDA).
O processo de reunificação começou com as eleições na RDA,
em 1990. Lothar de Maizière, da
União Democrata Cristã da Alemanha Oriental, venceu prometendo acelerar o processo. As negociações terminaram em 31 de
agosto. No mês seguinte, os parlamentos de Bonn e Berlim ratificaram o Tratado de Unificação.
No dia 12 de setembro foi assinado o Tratado Dois Mais Quatro, entre as Alemanhas e as potências de ocupação (EUA, França, Inglaterra e União Soviética)
que concordaram com a reunificação ocorrida em 3 de outubro.
A Alemanha passou a ter
77.574.000 habitantes (16.443 milhões vindos da RDA) e centenas
de milhares de novos desempregados e subempregados. Entre
1991 e 1999, foram investidos mais
de 600 bilhões para modernizar
a antiga Alemanha Oriental.
Walter Cruz Swensson Júnior é doutorando em história pela Universidade de
São Paulo e autor de "A Constância do
Olhar Vigilante", entre outros livros
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