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China importa mão de obra, mas basquete "piora"
Liga local abre mercado, traz 34 ex-jogadores da NBA com salários compensadores e gera polêmica entre especialistas
Para alguns, forasteiros que atuam no campeonato são individualistas, o que não contribui para aprimorar o nível dos jogadores do país
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A China importou 34 atletas
de basquete da NBA para tentar
tirar da modorra a liga do país.
Neste ano, cada time pode até
ter dois estrangeiros em quadra. O problema é que os forasteiros se saíram muito bem.
"Agora são quatro americanos jogando e encestando, e os
chineses ficam assistindo, sem
fazer nada", reclama Yang Yi,
33, o mais famoso comentarista
de basquete da CCTV, a rede
estatal que transmite os jogos.
"Alguns são um câncer, não
jogam em equipe e não elevam
o nível dos chineses. Se exibem
e vão embora", completa.
Desde 1996, clubes chineses
importam jogadores. A partir
de 2005, começaram a vir treinadores. "A ideia era aprimorar
a técnica da China em contato
com os melhores do mundo. O
problema é que na NBA vale ser
fominha e agressivo. Os chineses trabalham em equipe."
Dos 18 times da liga, 17 se reforçaram com estrangeiros. O
único que não capitulou foi o
Bayi Rockets, o time do Exército de Libertação do Povo, que
só tem militares em seu elenco.
Após vencer oito Nacionais
nos últimos 13 anos, o 100%
chinês Bayi só ocupa posições
intermediárias na atual temporada, que termina neste mês.
Por vários anos o pior time da
liga, o Shanxi disputa as primeiras posições graças ao talentoso
grupo de forasteiros. Ex-jogadores da NBA, como William
Parker e Bonzi Wells, fazem
mais de 40 pontos por duelo.
"A China tem importado jogadores classe C e D dos EUA,
mas eles são muito melhores do
que os nossos", admite Yang.
A temporada chinesa é bom
negócio para os americanos
sem contrato na NBA. Eles ganham até US$ 100 mil ao mês
-o torneio dura uns seis meses.
Todos os gastos -viagens,
hospedagem, alimentação, benefícios para a família- são pagos pelos clubes. Os locais ganham, em média, um quinto do
salário dos estrangeiros.
Até Yao Ming, astro chinês
da NBA, já criticou a falta de
agressividade e de corpo a corpo de seus conterrâneos.
Em 1996, o capitão da Lituânia, Stombergas, jogou no
Shanghai Sharks, mas abandonou a liga após o primeiro ano,
dizendo que "era fácil demais".
O esporte das cestas atrai
multidões. Alguns dos jogos da
NBA comentados por Yang Yi,
como LA Lakers x Houston,
que decidem vaga na final da
Conferência Oeste, têm até 400
milhões de espectadores.
Em média, os jogos de basquete da NBA têm o dobro dos
espectadores do campeonato
de futebol inglês na CCTV.
Yang conta que, mesmo que
vários times sejam privados, a
liga é do governo, dirigida pelo
Ministério dos Esportes.
"Os times e a liga têm responsabilidade de formar quadros
para nossa seleção. Mas, neste
ano, os mais jovens mal tiveram oportunidade de brilhar."
A polêmica é alimentada pelo
despeito dos jogadores e pelos
nacionalistas comentaristas. O
público, porém, aprovou a mudança. A audiência média pulou de 5 milhões para 15 milhões nesta temporada.
"Os americanos são performáticos. Para a audiência e os
patrocinadores, vale ter os estrangeiros. Mas, a longo prazo,
não sei o que o basquete chinês
ganha com isso", critica Yang.
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