São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Um a menos

Com Ronaldo morto em campo, Brasil bate Croácia e alcança recorde de vitórias consecutivas em Mundiais

EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BERLIM

Foi como um silêncio que grita. Em seu primeiro jogo no Mundial da Alemanha, ontem, no estádio Olímpico de Berlim, a seleção venceu a Croácia por 1 a 0, bateu o recorde de vitórias consecutivas em Copas (oito), que dividia com a Itália de 1934-1938, e tirou das costas o incômodo fardo da estréia.
Mas a ausência é que chamou mais a atenção. O superfavorito Brasil, com uma equipe considerada a melhor em muitos anos, teve um triunfo chocho, marcado principalmente pela nulidade de Ronaldo.
Fora de ritmo, parado e inofensivo, o protagonista do time nos dois últimos Mundiais foi substituído aos 24min do segundo tempo por Robinho -cuja entrada foi pedida pela torcida-, reforçando as dúvidas que já existiam a respeito de seu desempenho na Copa.
O técnico Carlos Alberto Parreira assegurou a escalação de Ronaldo para o próximo jogo, contra a Austrália, no domingo, em Munique. Disse que, como à seleção, o que falta ao atacante é ritmo. Quando se apresentou ao time, o jogador estava sem atuar havia quase dois meses e, durante a pré-temporada, sofreu com bolhas nos pés e febre.
Ao deixar o gramado, o artilheiro da Copa-2002 foi fragorosamente vaiado, manifestação puxada pela torcida croata, mas com a qual os brasileiros foram pelo menos coniventes.
Apesar da apresentação muito aquém da expectativa e de o resultado ter sido o mais magro do time em estréias de Copas desde 86 (1 a 0 na Espanha), Parreira classificou de "excepcional" o saldo da largada.
"Em Copa do Mundo, a vitória no primeiro jogo é fundamental, para criar um clima de confiança. É o primeiro degrauzinho que a gente sobe numa longa escadaria. Então acho que o resultado foi excepcional. A performance do time, evidentemente, vai melhorar."
Kaká, autor do gol, num belo chute de fora da área, e escolhido o melhor em campo, e Dida, que impediu o empate croata no segundo tempo, foram os nomes brasileiros do jogo.
Em sua estréia em Copas como maior estrela do futebol mundial, Ronaldinho não brilhou. Adriano, o outro atacante do "quadrado mágico", esteve mal. Coincidência ou não, os dois e Ronaldo não deram entrevistas. Não passaram pela chamada zona mista, área em que, por determinação da Fifa, os atletas precisam passar.
Além da inoperância do ataque, um recorrente ponto vulnerável do Brasil voltou a aparecer. Embora com atuações individuais regulares, a defesa exibiu buracos e fraquezas quando os croatas cresceram.
Num Estádio Olímpico com seus 72 mil lugares tomados e todas as autoridades máximas da Copa presentes -o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a premiê alemã, Angela Merkel, e o presidente do comitê organizador do torneio, Franz Beckenbauer-, o Brasil teve desvantagem nas arquibancadas.
A torcida croata era maior, cerca de 60%, e muito mais ruidosa. Cantou alto o hino do país, enquanto os 11 titulares levavam a mão ao peito. No do Brasil, somente Ronaldinho e Kaká fizeram o gesto.
Embora tenha começado às 21h locais, o jogo foi disputado sob calor (25C), do qual os times se queixaram.
O problema tende a aumentar no domingo, cujo jogo será às 18h locais. E contra a Austrália, que surpreendeu ao bater o Japão, tão acostumada ao calor quanto o Brasil e hoje, pelo saldo de gols, líder do Grupo F.


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