|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Um a menos
Com Ronaldo morto em campo, Brasil bate Croácia e alcança recorde de vitórias consecutivas em Mundiais
EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BERLIM
Foi como um silêncio que
grita. Em seu primeiro jogo no
Mundial da Alemanha, ontem,
no estádio Olímpico de Berlim,
a seleção venceu a Croácia por 1
a 0, bateu o recorde de vitórias
consecutivas em Copas (oito),
que dividia com a Itália de
1934-1938, e tirou das costas o
incômodo fardo da estréia.
Mas a ausência é que chamou
mais a atenção. O superfavorito
Brasil, com uma equipe considerada a melhor em muitos
anos, teve um triunfo chocho,
marcado principalmente pela
nulidade de Ronaldo.
Fora de ritmo, parado e inofensivo, o protagonista do time
nos dois últimos Mundiais foi
substituído aos 24min do segundo tempo por Robinho
-cuja entrada foi pedida pela
torcida-, reforçando as dúvidas que já existiam a respeito
de seu desempenho na Copa.
O técnico Carlos Alberto Parreira assegurou a escalação de
Ronaldo para o próximo jogo,
contra a Austrália, no domingo,
em Munique. Disse que, como à
seleção, o que falta ao atacante
é ritmo. Quando se apresentou
ao time, o jogador estava sem
atuar havia quase dois meses e,
durante a pré-temporada, sofreu com bolhas nos pés e febre.
Ao deixar o gramado, o artilheiro da Copa-2002 foi fragorosamente vaiado, manifestação puxada pela torcida croata,
mas com a qual os brasileiros
foram pelo menos coniventes.
Apesar da apresentação muito aquém da expectativa e de o
resultado ter sido o mais magro
do time em estréias de Copas
desde 86 (1 a 0 na Espanha),
Parreira classificou de "excepcional" o saldo da largada.
"Em Copa do Mundo, a vitória no primeiro jogo é fundamental, para criar um clima de
confiança. É o primeiro degrauzinho que a gente sobe numa
longa escadaria. Então acho
que o resultado foi excepcional.
A performance do time, evidentemente, vai melhorar."
Kaká, autor do gol, num belo
chute de fora da área, e escolhido o melhor em campo, e Dida,
que impediu o empate croata
no segundo tempo, foram os
nomes brasileiros do jogo.
Em sua estréia em Copas como maior estrela do futebol
mundial, Ronaldinho não brilhou. Adriano, o outro atacante
do "quadrado mágico", esteve
mal. Coincidência ou não, os
dois e Ronaldo não deram entrevistas. Não passaram pela
chamada zona mista, área em
que, por determinação da Fifa,
os atletas precisam passar.
Além da inoperância do ataque, um recorrente ponto vulnerável do Brasil voltou a aparecer. Embora com atuações
individuais regulares, a defesa
exibiu buracos e fraquezas
quando os croatas cresceram.
Num Estádio Olímpico com
seus 72 mil lugares tomados e
todas as autoridades máximas
da Copa presentes -o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a
premiê alemã, Angela Merkel, e
o presidente do comitê organizador do torneio, Franz Beckenbauer-, o Brasil teve desvantagem nas arquibancadas.
A torcida croata era maior,
cerca de 60%, e muito mais ruidosa. Cantou alto o hino do
país, enquanto os 11 titulares
levavam a mão ao peito. No do
Brasil, somente Ronaldinho e
Kaká fizeram o gesto.
Embora tenha começado às
21h locais, o jogo foi disputado
sob calor (25C), do qual os times se queixaram.
O problema tende a aumentar no domingo, cujo jogo será
às 18h locais. E contra a Austrália, que surpreendeu ao bater o
Japão, tão acostumada ao calor
quanto o Brasil e hoje, pelo saldo de gols, líder do Grupo F.
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Kaká salva Brasil, é eleito o melhor e ganha caneca Índice
|