São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Seleção usa receita da Copa e bate de longe

No Mundial, 25% dos gols saíram de chutes de fora da área, como o de Kaká

Vitórias de ontem foram construídas com tiros de longa distância, propensão deste torneio, que ostenta piora nas conclusões certas


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazia tempo que chutar de longe não funcionava tão bem.
Sorte do Brasil que Kaká ilustrou isso ontem. Na Copa da Alemanha, uma tendência que vinha desde 1994 -o encolhimento da fatia dos gols de longa distância- foi abandonada na rodada inicial, que hoje tem seu encerramento. Nada menos que um quarto dos 31 gols marcados até agora surgiram de chutes de fora da área.
As duas partidas de ontem que tiveram vencedores viveram a situação. Tanto o triunfo brasileiro sobre a Croácia pelo placar mínimo quanto a virada sul-coreana sobre a seleção do Togo (por 2 a 1) foram definidas com chutes de longa distância.
E isso acontece justamente no ano em que o Mundial vê uma queda no aproveitamento das conclusões. Até ontem, de acordo com o Datafolha, menos de um terço das finalizações foram precisas, 124 de 381 (ou 32,5%). Na Copa anterior, a marca foi 36,2%, bem próxima dos 36,6% de 1998 e inferior aos 37,8% do Mundial dos EUA.
A estréia da equipe de Carlos Alberto Parreira diante da Croácia aponta que o Brasil seguiu a propensão desta Copa, deixando de lado a tradição de anotar pouco de longe. Nas últimas duas Copas, a equipe foi à final marcando só três vezes de fora da área em cada uma.
Além da bem sucedida tentativa de Kaká, a seleção arriscou outros 12 arremates de longa distância (ou 86,7% do total de finalizações), contra inexpressivas duas conclusões de dentro da área -um cabeceio de Ronaldinho e um chute de Adriano, no segundo tempo.
Com menos chutes precisos e com mais gols saindo de longa distância em 2006, muitos atletas -principalmente goleiros- apontam a bola como responsável pela situação atual.
Um deles, o norte-americano Kasey Keller, único veterano da Copa de 1990 e que também integrou sua seleção em 1998 e 2002, antes mesmo de estrear já desconfiava da bola.
Quando entrou em campo, sofreu um tento de fora da área em chute de Rosicky, na derrota por 3 a 0 para a República Tcheca, anteontem.
O inglês Paul Robinson -cuja seleção venceu o Paraguai por 1 a 0, com gol contra do zagueiro Gamarra, que tentou afastar a bola da área após cobrança de falta de Beckham- foi outro que esbravejou antes de jogar. "A bola não é boa para os goleiros. Não há costuras, ela é toda colada e, na realidade, se parece mais com uma bola de pólo aquático ou de vôlei."
Até mesmo o titular da meta alemã, Jens Lehmann, cuja seleção é patrocinada pela Adidas, parceira da Fifa e fornecedora oficial do torneio, reclamou. Para ele, a bola da Copa é mais escorregadia que as outras quando usada na chuva.
O maior número de gols de fora da área aconteceu justamente no grupo do Brasil. Além do gol de Kaká, na vitória da Austrália por 3 a 1 sobre o Japão foram dois tentos assim, anteontem (um de cada time).
Mas é outra equipe asiática, a Coréia do Sul, que, até o momento, detém o recorde de gols de longa distância.
Ontem, o Togo anotou contra os quartos colocados de 2002, que viraram com dois gols de longe. O do empate, feito por Lee Chun-soo foi o primeiro e único gol de falta desta Copa.


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