São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Tostão

Deu para o gasto

O Brasil só melhorou um pouco com Robinho no lugar do esquisito Ronaldo

AO ENTRAR no belo e antigo estádio de Berlim, construído em 1936, lembrei das imagens de Hitler na tribuna de honra. Os alemães, que fazem tudo para esquecer as barbaridades da Segunda Guerra, devem se lembrar desses momentos quando voltam ao estádio. Além disso, a memória vai muito além da lembrança. A presença de alguns poucos símbolos da época no nazismo serve para as pessoas lembrarem que nada do que aconteceu poderá ser repetido, de forma alguma. Esses lugares representam a expiação, a consciência moral do povo alemão. O estádio está lindo nesse momento que antecede o jogo. Camisas amarelas e vermelhas e brancas tomam conta de todos os lugares. Estou tão arrepiado quanto ficava antes das partidas que jogava pela seleção em uma Copa do Mundo. A bola rolou. Nesse instante, a emoção não pode escurecer nem estreitar a visão imparcial do comentarista. Até o primeiro e único gol, Brasil e Croácia faziam uma partida burocrática, lenta, excessivamente tática e com muitos passes para o lado. Era um jogo mais da prancheta, dos técnicos, do que dos craques. Adriano e, principalmente, Ronaldo jogavam muito mal. Aí surgiu o craque. Kaká dominou a bola pelo meio, saiu da marcação e, com um toque de mestre, colocou a bola no ângulo. No segundo tempo, a Croácia adiantou um pouco mais a marcação, tomou mais a bola no meio campo e criou algumas chances de gols. Faltou o craque na Croácia. Dida fez também três boas defesas. Já o Brasil continuou lento e burocrático e só melhorou um pouco com a entrada de Robinho, no lugar do lento e esquisito Ronaldo. Será que havia outra bolha no pé para atrapalhá-lo? Com exceção da boa marcação da defesa, facilitada pela lentidão do ataque da Croácia, das boas defesas de Dida e do belo gol de Kaká, o time brasileiro teve uma discreta atuação, até certo ponto esperada para uma estréia na Copa. Deu para o gasto. Fica a esperança de que os grandes times nunca mostram os seus encantos e segredos no primeiro jogo.

tostao.folha@uol.com.br


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