São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Gritos de croatas calam brasileiros na capital alemã

Em maior número, rivais cantam mais e dominam estádio e ruas de Berlim com animação e cânticos nacionalistas

País da Copa tem a principal colônia croata no mundo, com 350 mil imigrantes; boa parte deles fugiu da guerra que esfacelou a Iugoslávia


DOS ENVIADOS A BERLIM

"A Copa do Mundo nos une. Somos muito patrióticos, mas vivemos muito distantes por causa de nosso passado."
Enrolado em uma bandeira da Croácia, Ante Grabonavac sintetizou o espírito dos torcedores de seu país na Alemanha que, na rua e na arquibancada, golearam em animação os brasileiros -em ligeira minoria dentro do estádio lotado com um total de 72 mil pessoas- na cidade de Berlim.
Na capital alemã, os croatas, que são aproximadamente 8 milhões -metade deles vive fora do país-, sentiram-se mais unidos. O grito "Hrvatzka" (lê-se Irvastka), o nome do país em croata, foi o que mais se ouviu por todos os cantos de Berlim, tomada pelo quadriculado vermelho e branco, as cores da camisa da seleção européia.
Somente na capital alemã, estima-se que estejam 80 mil croatas, dez vezes o número de brasileiros que vieram à Alemanha para o Mundial.
No país da Copa está a maior colônia da Croácia -são cerca de 350 mil pessoas. Também há grandes colônias na Austrália, no Canadá e na Argentina.
"Veio gente de todos os cantos para cá. Nos sentimos um pouco mais unidos nessa época", diz Josip Soce, que vive na Alemanha há dez anos.
Como vários de seus compatriotas, ele deixou o país há quase dez anos por causa da Guerra Civil durante a separação dos países que formavam a ex-Iugoslávia. Soce conta que perdeu 14 amigos durante o conflito, que começou em 1991.
Por todos os lados de Berlim, os croatas deixaram o samba brasileiro em segundo plano com os gritos de "Croácia, meu coração bate por você" ou "Minha Croácia, minha terra, que tem os olhos azul do mar".
Regados a muita cerveja e cercados por mulheres estonteantes, os croatas roubaram a cena no estádio Olímpico de Berlim, em alguns momentos durante a partida.
A torcida brasileira só se fez presente com gritos em alguns instantes. Primeiro, claro, quando o time fez 1 a 0, no final do primeiro tempo. Depois, quando pediu Robinho no time. Grito esse, como tantos outros, sufocado pelas vaias dos adversários.
"Eles são impressionantes, fazem muita festa. Está lindo isso aqui", disse a torcedora brasileira, Inelda Santos, que estava de biquíni de lantejoulas e roubou, por alguns minutos a atenção dos croatas.
No final, parecia que os croatas é que tinham vencido o duelo. Uma cantoria ensurdecedora, acompanhada por milhares de flashes de máquinas fotográficas, fez muitos torcedores desviarem a atenção da partida, que estava monótona.
"Nós perdemos, mas o que importa é que faremos festa juntos. Agora é tomar cerveja e esperar a revanche na final", disse Dubravko Forsek.
(EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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