Sede da seleção na Copa das Confederações, Bloemfontein tem falhas de transporte, segurança e estádio remendado

Escolada por Pequim-2008, CBF orienta os jogadores a não reclamarem do nível da hospedagem durante o torneio que começa hoje

Ricardo Nogueira/Folha Imagem

Pequeno e único aeroporto de
Bloemfontein passa por reforma

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS

ENVIADOS ESPECIAIS A BLOEMFONTEIN

A benevolência de Joseph Blatter com a organização da Copa da África do Sul faz os projetos das sedes brasileiras para o Mundial de 2014 serem absolutamente faraônicos.
A Fifa considera a Copa das Confederações, que começa hoje, como ensaio principal para o Mundial do ano que vem. Isso significa que Bloemfontein, onde o Brasil faz amanhã, contra o Egito, sua estreia na competição, está aprovada.
Mas quem chega à cidade, no centro da África do Sul, tem a certeza do exagero da cantilena que prega que em uma Copa é preciso gastar muito em transporte, hotelaria e segurança.
Os voos para a cidade são feitos em aeronaves com capacidade para menos de 50 pessoas -na sexta-feira, os previstos para o início da manhã chegaram com atraso por causa da forte neblina, o que é comum nesta época do ano.
O aeroporto local se resume a uma única sala de embarque e a outra de desembarque. Anteontem, operários, em ritmo lento, pintavam a modesta fachada do edifício. O transporte em terra é pior ainda.
Quando a reportagem da Folha desembarcou em Bloemfontein, há dois dias, não havia um único táxi, isso justamente na hora em que pousou um dos poucos voos que chegam à cidade, capital judiciária da África do Sul. A maioria dos táxis não conta com taxímetro - ou seja, o valor da corrida varia de acordo com a "cara do freguês".
Na Nelson Mandela Drive, uma das principais avenidas de Bloemfontein, foram duas horas sem a passagem de um ônibus urbano de linha regular. A única opção de transporte coletivo eram vans superlotadas.
Uma caminhada de pouco mais de 50 metros, à noite, entre o hotel e o principal shopping da cidade, era desaconselhada pelos funcionários do primeiro. Não havia policiamento nenhum na área.
A seleção brasileira, acostumada à concentração sempre em hotéis de padrão cinco estrelas, está num local bem mais modesto, classificado como três estrelas para o padrão sul- africano e afastado do centro.
A CBF já havia alertado os atletas sobre a queda no nível da hospedagem justamente para que não fossem feitas reclamações públicas, como aconteceu em relação aos alojamentos dos Jogos Olímpicos de Pequim, no ano passado.
O estádio que vai abrigar jogos da Copa das Confederações, além de quatro confrontos no Mundial-2010, saiu por uma quantia irrisória para os projetos do Brasil-2014, em que o custo médio por arena já está em quase R$ 400 milhões.
Bloemfontein aumentou a capacidade de seu estádio de 8.000 para 46 mil lugares. Segundo a administração da cidade, isso custou, pelo câmbio atual, menos de R$ 80 milhões -a obra teria ficado até abaixo do orçamento inicial.
Playfair Morule, o prefeito da cidade, que visitou a concentração do time nacional anteontem, aposta que a presença brasileira terá força para trazer investimentos à sua cidade.
"Ter a seleção será muito bom para o desenvolvimento de nossa cidade. O Brasil, quando jogar aqui, se sentirá em casa", falou o político.


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