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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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VÔLEI

Seleção só colocou a mão na taça da Liga Mundial após ganhar o quinto set por 31 a 29, no mais longo desempate desde 98

Equipe segura nervos em tie-break épico

DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção masculina precisou testar novamente seu banco de reservas, superar seus erros e, principalmente, controlar seus nervos para conquistar o tricampeonato da Liga Mundial de vôlei.
O troféu só chegou às mãos do capitão Nalbert após longos 27 minutos e um inacreditável placar de 31 a 29 de um tie-break que deveria terminar em 15 pontos contra Sérvia e Montenegro.
Foi a mais longa final de uma competição intercontinental desde outubro de 1998, quando a nova regra de sets com 25 pontos sem vantagem passou a vigorar.
Antes da partida de ontem, só duas grandes decisões haviam chegado ao quinto set. Em 2000, na final da Liga Mundial, a Itália bateu Cuba por 15 a 13. No ano passado, no Campeonato Mundial da Argentina, o mesmo placar selou a vitória do Brasil sobre a Rússia e deu à seleção o único título que faltava em sua galeria.
O alívio com o fim do mais nervoso jogo do time desde que o técnico Bernardinho assumiu o cargo, no final de 2000, e a alegria com a conquista levaram o capitão Nalbert a fazer uma forte comparação: "Isso é melhor do que um orgasmo", declarou à TV Globo, por telefone.
Até ver um ataque certeiro de Giba decretar 3 sets a 2 (25/16, 21/ 25, 19/25, 25/23 e 31/29) em uma hora e 51 minutos, a seleção teve de superar um festival de erros.
O time desperdiçou 11 pontos na quinta parcial -mais de um terço dos anotados pelo adversário- e viu o fundamento que o levou à final voltar a ser seu calcanhar de Aquiles. A seleção errou seis saques no quinto set, mesmo número do rival.
Além disso, mandou quatro ataques para fora e viu Ricardinho errar um levantamento -no total, foram 38 falhas na partida.
O tie-break refletiu a instabilidade da equipe no jogo todo.
Depois de fazer um primeiro set perfeito, os brasileiros não conseguiram manter o ritmo e sofreram com os saques do adversário.
A virada só aconteceu quando Bernardinho decidiu pôr em prática a filosofia que propalou durante todo o campeonato: a não divisão entre reservas e titulares.
Depois de ser arrasado no terceiro set e assistir à virada de Sérvia e Montenegro, o treinador mexeu em três posições.
No meio-de-rede, Henrique entrou no lugar de André Heller. Giovane foi substituído por Giba na ponta, e o oposto André Nascimento deu vaga a Anderson.
Ficaram Rodrigão, Ricardinho, Nalbert e o líbero Escadinha.
Com os jogadores saídos do banco, a seleção conseguiu virar.
"Nosso mérito foi não ter deixado a partida ir embora. Começamos bem, mas perdemos a paciência depois que o saque deles começou a entrar", afirmou Bernardinho. "Já o quinto set foi uma loucura. Mostramos coragem e determinação", completou o treinador, que obteve seu oitavo título com a seleção masculina.
O oposto Anderson, que começou a Liga como titular, mas acabou perdendo a posição para André Nascimento, voltou à condição de "homem que resolve".
O jogador, que só atuou ontem em dois sets inteiros, transformou-se na principal opção de Ricardinho e marcou 12 pontos.
Nalbert, titular desde a primeira etapa, anotou 14 e foi o principal pontuador brasileiro da partida.
A atuação dos atacantes ontem, aliás, assegurou a vitória do Brasil. A equipe, que contou com uma superioridade nos outros fundamentos em partidas anteriores para chegar à fase final, anotou 65 pontos em ataques contra 58 do adversário -28 deles do oposto Ivan Miljkovi, o dobro dos anotados por Nalbert.
Nas outras ações, os sérvios tiveram mais sucessos. Anotaram 15 pontos de bloqueio contra 10 do time brasileiro e tiveram ligeira vantagem no saque (7 aces a 6).
"No momento de dificuldade, os que estavam no banco foram lá e tiraram o time do buraco. Temos de zelar por essa família porque ela ainda vai nos trazer muitas coisas boas", disse Giovane. (MARIANA LAJOLO)


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