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ATENAS 2004
Dos atletas em Atenas, 61% estão ligados a empresas do governo
Estatais dobram presença
na delegação brasileira
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é só com os repasses da Lei
Piva que o dinheiro estatal turbina a equipe brasileira em Atenas.
Na delegação recorde de 245
atletas que estará na Grécia no
próximo mês, nada menos do que
150 competem em modalidades
cujas confederações têm como
principal fonte de receita o patrocínio de empresas estatais.
Em Sydney, há quatro anos, só
62 dos 205 integrantes da equipe
do país, ou 30% do total, tinham o
apoio de companhias públicas.
Na Grécia serão cinco gigantes
estatais como mecenas: Correios
(esportes aquáticos), Banco do
Brasil (vôlei e vôlei de praia), Caixa Econômica Federal (atletismo), Petrobras (vela e handebol)
e Eletrobrás (basquete) -as duas
últimas não patrocinaram confederações na Austrália.
Essas entidades concentram o
grosso da equipe do Brasil mesmo
respondendo por só 27% das 22
confederações que vão mandar
representantes para Atenas.
E não é pouco dinheiro que as
empresa controladas pelo governo federal vão gastar. Apenas em
2004 as confederações patrocinadas por estatais irão receber quase
R$ 40 milhões. Em 2003, essas
mesmas entidades não foram
agraciadas juntas nem com R$ 10
milhões do governo via Lei Piva.
Ainda existem os patrocínios
individuais, como faz o BB com o
iatista Robert Scheidt e o tenista
Gustavo Kuerten.
Questionadas, todas as estatais
patrocinadoras do esporte apontam a oportunidade de associar
suas marcas ao desenvolvimento
das modalidades como principal
ponto para a parceria.
Mas, como aconteceu no Pan de
Santo Domingo, no ano passado,
quando os "atletas barnabés" ganharam 52 medalhas para o Brasil, as estatais esperam mesmo é
obter bons resultados nos Jogos
de Atenas, para faturar.
A Petrobras já tem uma estratégia de anúncios na mídia, que no
Pan chegaram a custar cinco vezes o valor do patrocínio à vela e
ao handebol. O BB vai gastar R$
9,5 milhões em um ambiciosa
projeto chamado "Brilha Brasil",
que engloba desde o uso de símbolos olímpicos para a venda de
produtos nas agências e filmes na
TV (um deles já esta no ar).
A idéia é colar o nome da empresa aos atletas. "Toda vez que
um nadador ganhar medalha os
Correios também irão ganhar",
resume Fausto Weiler, assessor
da companhia.
O dinheiro das empresas do governo proporciona luxos raros.
Com os R$ 5 milhões que recebe
dos Correios por ano, a Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos paga uma ajuda de custo de até R$ 5.000 mensais para
competidores olímpicos.
Só para a preparação para a
Olimpíada deste ano o handebol
recebeu um adicional de R$ 600
mil da Petrobras. Com os cerca de
R$ 22 milhões que vai receber em
2004 do Banco do Brasil, a Confederação Brasileira de Vôlei mantém um circuito nacional com
bons prêmios na praia e ainda investe pesado na quadra.
A associação entre estatais e esporte começou na década passada, mas ganhou força no governo
Lula -o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, articulou contratos.
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