São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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ATENAS 2004

Dos atletas em Atenas, 61% estão ligados a empresas do governo

Estatais dobram presença na delegação brasileira

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só com os repasses da Lei Piva que o dinheiro estatal turbina a equipe brasileira em Atenas.
Na delegação recorde de 245 atletas que estará na Grécia no próximo mês, nada menos do que 150 competem em modalidades cujas confederações têm como principal fonte de receita o patrocínio de empresas estatais.
Em Sydney, há quatro anos, só 62 dos 205 integrantes da equipe do país, ou 30% do total, tinham o apoio de companhias públicas.
Na Grécia serão cinco gigantes estatais como mecenas: Correios (esportes aquáticos), Banco do Brasil (vôlei e vôlei de praia), Caixa Econômica Federal (atletismo), Petrobras (vela e handebol) e Eletrobrás (basquete) -as duas últimas não patrocinaram confederações na Austrália.
Essas entidades concentram o grosso da equipe do Brasil mesmo respondendo por só 27% das 22 confederações que vão mandar representantes para Atenas.
E não é pouco dinheiro que as empresa controladas pelo governo federal vão gastar. Apenas em 2004 as confederações patrocinadas por estatais irão receber quase R$ 40 milhões. Em 2003, essas mesmas entidades não foram agraciadas juntas nem com R$ 10 milhões do governo via Lei Piva.
Ainda existem os patrocínios individuais, como faz o BB com o iatista Robert Scheidt e o tenista Gustavo Kuerten.
Questionadas, todas as estatais patrocinadoras do esporte apontam a oportunidade de associar suas marcas ao desenvolvimento das modalidades como principal ponto para a parceria.
Mas, como aconteceu no Pan de Santo Domingo, no ano passado, quando os "atletas barnabés" ganharam 52 medalhas para o Brasil, as estatais esperam mesmo é obter bons resultados nos Jogos de Atenas, para faturar.
A Petrobras já tem uma estratégia de anúncios na mídia, que no Pan chegaram a custar cinco vezes o valor do patrocínio à vela e ao handebol. O BB vai gastar R$ 9,5 milhões em um ambiciosa projeto chamado "Brilha Brasil", que engloba desde o uso de símbolos olímpicos para a venda de produtos nas agências e filmes na TV (um deles já esta no ar).
A idéia é colar o nome da empresa aos atletas. "Toda vez que um nadador ganhar medalha os Correios também irão ganhar", resume Fausto Weiler, assessor da companhia.
O dinheiro das empresas do governo proporciona luxos raros.
Com os R$ 5 milhões que recebe dos Correios por ano, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos paga uma ajuda de custo de até R$ 5.000 mensais para competidores olímpicos.
Só para a preparação para a Olimpíada deste ano o handebol recebeu um adicional de R$ 600 mil da Petrobras. Com os cerca de R$ 22 milhões que vai receber em 2004 do Banco do Brasil, a Confederação Brasileira de Vôlei mantém um circuito nacional com bons prêmios na praia e ainda investe pesado na quadra.
A associação entre estatais e esporte começou na década passada, mas ganhou força no governo Lula -o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, articulou contratos.


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