São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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FÁBIO SEIXAS

Do que não falamos durante a Copa

A Audi esnobou nas 24 Horas, a ChampCar descobriu novo talento, e a F-1 viu Alonso manter a hegemonia na pista

NÃO FALAMOS da vitória da Audi em Le Mans. Em 18 de junho, enquanto o Brasil parava para odiar a Croácia, os alemães das quatro argolas fizeram história: pela primeira vez, um modelo a diesel venceu as 24 Horas, uma das três pernas do Grand Slam do motor -as outras, Mônaco e Indianápolis.
Revezando-se ao volante, Pirro, Werner e Biela (adoro o sobrenome desse sujeito!), que saíram em segundo no grid. A pole ficou com outro Audi diesel, o de Capello, Kristensen e McNish, terceira na prova.
Foi a sexta vitória da montadora em sete anos. Mas, muito mais do que isso, foi a concretização de um desafio monstruoso: ganhar com um combustível que é mais econômico, mas que produz menos potência. Trocando em miúdos, foi uma das maiores esnobadas de uma marca sobre as adversárias em toda a história deste esporte.
Não falamos do A.J. Allmendinger. "Quem?", muitos hão de perguntar. E com razão. Quando a Copa começou, Allmendinger, 24, californiano de Los Gatos (lembra da Copa de 94?), era um errante. Um desses pilotos que vivem pingando de equipe em equipe, de categoria em categoria, ao sabor de patrocínios minguados. No dia 14, quando a Espanha espantou o mundo sapecando 4 a 0 na Ucrânia, ele foi resgatado do limbo pela Forsythe.
O time o contratou por duas etapas da ChampCar na vaga de Mário Domínguez, que saiu por chiar do status de segundo piloto. Tudo o que Allmendinger tinha no currículo eram 31 provas e uma pole. De lá para cá, a ChampCar fez três etapas. Três vitórias do rapaz. No dia 9, enquanto Zidane cabeceava o tórax alheio, o americano comemorava a ascensão a vice-líder do campeonato. Bourdais que se cuide. Os entusiastas das máquinas dirão que o caso prova a superioridade de um carro sobre outro, já que na equipe anterior ele não fez nada. Os humanistas dirão o contrário, porque, com o mesmo carro, Domínguez era inerte, apático.
Mas parece, mesmo, o encaixe do piloto certo no carro certo. Coisas do automobilismo. Não falamos (muito) de F-1. Enquanto nos dividíamos entre Angola e Portugal, Alonso deu lavada em Silverstone. No dia em que Beckham bateu os equatorianos, Alonso venceu de novo, mas o banho foi menor. Enfim, no "day after" da eliminação brasileira, a Ferrari reinou absoluta nos EUA. Reviravolta no campeonato?
Não. Indianápolis é sempre favorável à escuderia, mais ainda neste ano, com a Michelin levando os pneus mais conservadores do mundo para lá. Sorte para a turma de Maranello que Buffon, Pirlo, Grosso, Totti, Materazzi e companhia se encarregaram da injeção de alegria no país neste ano. E que a Itália vibre pois, com seus heróis do "calcio".
Porque vai ficar nisso.

Falemos de Montoya
Ele saiu dos EUA em 2000, mas os EUA nunca saíram dele. É essa a maior razão para o fracasso do colombiano na F-1. No paddock, sempre foi um corpo estranho pelo modo desleixado de agir, pela maneira indolente de se expressar. Michael Andretti, Da Matta e Zanardi também trouxeram doses desse "american way" para a categoria e rodaram antes. Montoya só se agüentou tanto tempo porque tem como empresário Julian Jakobi, ex-Senna, e porque fez bom marketing de suas conquistas. Mas já vai tarde.

Falemos de Bruno
O primeiro-sobrinho corre neste fim de semana em Snetterton tentando recuperar a liderança da F-3 inglesa. Hoje ele tem 108 pontos, contra 113 de Mike Conway, companheiro de equipe. Ah, a Toro Rosso, dirigida por Berger, procura piloto para o ano que vem...


fseixas@folhasp.com.br

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