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XICO SÁ
Sorria, o futebol está de volta
Que bom ver da Série A à C os verdadeiros duelos pelo país, por mais que a patroa chie, pois secador que é secador...
AMIGO TORCEDOR, amigo secador, ufa!, que alívio, andava
até achando que o futebol havia morrido, havia sido enforcado
pelos nós táticos, pelo tédio espetacular da Copa do Mundo, esse torneio para quem não aprecia o ludopédio, para quem acredita na pátria
em chuteiras, essa idéia fora de lugar
que morreu ainda nos anos 70.
Ufa!, nossa, como foi bom ver futebol de verdade logo na terça-feira, na
volta da Série B, com a Lusa batendo
o Remo aos 47min do segundo tempo, com o Náutico, o time mais grego
e trágico do universo, assumindo a
ponta ao triunfar sobre o América.
Se bem que, em plena Copa, tive a
sorte, um rápido alívio, ao ver Miguel Couto x Macaé, pela Segundona
do Estadual do Rio. Também soube
que o Íbis, do amigo Mauro Xampu,
não é mais o pior dos times profissionais do país. Tem um tal de Shallon que tomou de 21 x 0 do Ulbra,
sim, no futebol de campo, pelo certame de Rondônia. Claro que ainda
tem muito o que provar para chegar
perto do pássaro negro do Recife,
com uma ficha corrida de quase seis
décadas de anti-heroísmo e reveses.
E como foi bom voltar a secar os
grandes de São Paulo. O Corinthians
lá embaixo, junto com o Palmeiras,
que, pelo que se vê, vai demorar a
sair da zona de rebaixamento.
Como foi bom voltar a ver esse
menino Dênis, do Santos, com cruzamentos e avanços à moda do velho
e bom lateral Leandro, aquele craque do Flamengo. Adeus, Cafu, foi
ruim enquanto durou, bem-vindo
Dênis, a camisa amarela é tua, moleque. Que bom ouvir os comentários
do Neto, pela Record, o mais sincero
e conhecedor do comportamento
dos boleiros dos nossos homens de
TV e rádio. Sabe tudo o corintiano. O
cara diz na lata, sem a embromação
dos nossos Rolando Leros de praxe.
Com o Silvio Luiz narrando, Neto
formaria a melhor dupla do país.
Melhor ainda é saber que na quarta teremos um momento de glória
para um secador de verdade: o grande tricolor, aparentemente imbatível, encara o Estudiantes, para decidir sua sorte na Libertadores. Será o
duelo Brasil x Argentina que não vimos na Copa. Aqui no meu ombro, o
corvo Edgar já começou a emitir os
presságios. Ele não vê nada muito
animador, mas ainda é cedo, muito
cedo, ele pede mais um tempo.
Lá de Ribeirão Preto, na ressaca
da Copa, Durvalzinho, o maior secador do planeta, me manda dizer que
um urubu pousou na sua sorte e me
diz que não vê nada promissor pela
frente. "Melhor o São Paulo mirar o
Brasileiro." Deixa quieto. O cara sabe mesmo é do clássico Come-Fogo.
Que bom que voltamos a tirar onda, que estamos de volta às rivalidades paroquiais e caseiras.
Mas quem não gostou nada desse
eterno retorno do futebol de verdade foi a bela cria da minha costela.
Está uma fera com essa nova mesa-redonda, o Terceiro Tempo, agora
também nas noites de quarta. Falou
que assim não dava, que eu era um
tarado, um doente, alienado, essas
coisas que dizem todas as mulheres-cabeças, e exilou-se no quarto para
ver um filme de Abel Ferrara.
Mesa-redonda é o fim para qualquer namoro ou casamento. Uma
praga. Ah, mas vem cá, discutir a relação em pleno retorno do Brasileiro?! Sem essa. Vamos adiar o embate
para o jantarzinho de sexta.
A gazela chia... Também, convenhamos, é muita doença: o domingão é reservado à Série A do Brasileiro, a noite da terça é tomada pela Segundona, na quarta, estamos lá com
o seca-seca de lei, quinta, mais um
pouco... Sábado retomamos a B, domingo... Sem falar nas investidas na
Série C, para saber como anda o Icasa de Juazeiro, time dos verdes anos.
Ufa!, mas noves fora a pequena
crise no lar, ufa!, tudo certo, o bom é
que o velho futebol, mesmo sem a
definição das transmissões da Copa,
está de volta! Vale até em TV preto-e-branco, no chuvisco da tela, bombril na antena, como antigamente.
xico.folha@uol.com.br
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