São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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XICO SÁ

Sorria, o futebol está de volta

Que bom ver da Série A à C os verdadeiros duelos pelo país, por mais que a patroa chie, pois secador que é secador...

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, ufa!, que alívio, andava até achando que o futebol havia morrido, havia sido enforcado pelos nós táticos, pelo tédio espetacular da Copa do Mundo, esse torneio para quem não aprecia o ludopédio, para quem acredita na pátria em chuteiras, essa idéia fora de lugar que morreu ainda nos anos 70.
Ufa!, nossa, como foi bom ver futebol de verdade logo na terça-feira, na volta da Série B, com a Lusa batendo o Remo aos 47min do segundo tempo, com o Náutico, o time mais grego e trágico do universo, assumindo a ponta ao triunfar sobre o América.
Se bem que, em plena Copa, tive a sorte, um rápido alívio, ao ver Miguel Couto x Macaé, pela Segundona do Estadual do Rio. Também soube que o Íbis, do amigo Mauro Xampu, não é mais o pior dos times profissionais do país. Tem um tal de Shallon que tomou de 21 x 0 do Ulbra, sim, no futebol de campo, pelo certame de Rondônia. Claro que ainda tem muito o que provar para chegar perto do pássaro negro do Recife, com uma ficha corrida de quase seis décadas de anti-heroísmo e reveses.
E como foi bom voltar a secar os grandes de São Paulo. O Corinthians lá embaixo, junto com o Palmeiras, que, pelo que se vê, vai demorar a sair da zona de rebaixamento. Como foi bom voltar a ver esse menino Dênis, do Santos, com cruzamentos e avanços à moda do velho e bom lateral Leandro, aquele craque do Flamengo. Adeus, Cafu, foi ruim enquanto durou, bem-vindo Dênis, a camisa amarela é tua, moleque. Que bom ouvir os comentários do Neto, pela Record, o mais sincero e conhecedor do comportamento dos boleiros dos nossos homens de TV e rádio. Sabe tudo o corintiano. O cara diz na lata, sem a embromação dos nossos Rolando Leros de praxe.
Com o Silvio Luiz narrando, Neto formaria a melhor dupla do país. Melhor ainda é saber que na quarta teremos um momento de glória para um secador de verdade: o grande tricolor, aparentemente imbatível, encara o Estudiantes, para decidir sua sorte na Libertadores. Será o duelo Brasil x Argentina que não vimos na Copa. Aqui no meu ombro, o corvo Edgar já começou a emitir os presságios. Ele não vê nada muito animador, mas ainda é cedo, muito cedo, ele pede mais um tempo.
Lá de Ribeirão Preto, na ressaca da Copa, Durvalzinho, o maior secador do planeta, me manda dizer que um urubu pousou na sua sorte e me diz que não vê nada promissor pela frente. "Melhor o São Paulo mirar o Brasileiro." Deixa quieto. O cara sabe mesmo é do clássico Come-Fogo. Que bom que voltamos a tirar onda, que estamos de volta às rivalidades paroquiais e caseiras.
Mas quem não gostou nada desse eterno retorno do futebol de verdade foi a bela cria da minha costela. Está uma fera com essa nova mesa-redonda, o Terceiro Tempo, agora também nas noites de quarta. Falou que assim não dava, que eu era um tarado, um doente, alienado, essas coisas que dizem todas as mulheres-cabeças, e exilou-se no quarto para ver um filme de Abel Ferrara.
Mesa-redonda é o fim para qualquer namoro ou casamento. Uma praga. Ah, mas vem cá, discutir a relação em pleno retorno do Brasileiro?! Sem essa. Vamos adiar o embate para o jantarzinho de sexta. A gazela chia... Também, convenhamos, é muita doença: o domingão é reservado à Série A do Brasileiro, a noite da terça é tomada pela Segundona, na quarta, estamos lá com o seca-seca de lei, quinta, mais um pouco... Sábado retomamos a B, domingo... Sem falar nas investidas na Série C, para saber como anda o Icasa de Juazeiro, time dos verdes anos.
Ufa!, mas noves fora a pequena crise no lar, ufa!, tudo certo, o bom é que o velho futebol, mesmo sem a definição das transmissões da Copa, está de volta! Vale até em TV preto-e-branco, no chuvisco da tela, bombril na antena, como antigamente.


xico.folha@uol.com.br

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