São Paulo, sábado, 14 de julho de 2007

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Atletas do Brasil querem crescer para aparecer

Estrutura física é apontada como obstáculo à evolução, e confederação prioriza altura na descoberta de talentos

Dos 15 atletas convocados da seleção, que estréia hoje no Pan contra o Chile, só um apresenta índice de massa corporal normal


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Eles formam a equipe mais forte da delegação brasileira no Pan. Mas não estão satisfeitos.
A seleção nacional de handebol masculino, que estréia hoje, às 14h, no Pan contra o Chile, tem 14 de seus 15 jogadores com IMC (índice de massa corporal) acima de 25, o que significa, para uma pessoa normal, estar acima do peso.
Não que os atletas brasileiros estejam gordos. Eles precisam acumular músculos em um esporte em que isso é essencial. A média da delegação está em 26,3, contra, por exemplo, 23,2 do time de vôlei. Até o time de basquete, com seus grandalhões, apresenta um IMC médio abaixo dos 25.
Mas o prato cheio, além da ingestão de suplementos como creatina e carboidrato líquido para alguns, ainda não colocou o time brasileiro no padrão físico dos europeus, o que ajuda a explicar porque o time ainda está longe de ostentar os resultados da seleção feminina.
"Esse [o porte físico] é um ponto nosso que deixa a desejar", admite Marcos Antônio César, o preparador físico da seleção, que puxa os treinos, com muita musculação, e ainda precisa ficar atento para os suplementos que seus atletas tomam, a fim de evitar que algum deles tenha na fórmula uma substância dopante.
O espanhol Jordi Ribera, o técnico da seleção, que joga no Rio por uma vaga na Olimpíada de Pequim, explica que o handebol brasileiro busca um biótipo diferente do atual para fazer o time evoluir.
"O handebol, ainda bem, tem muitas variáveis e não só depende de força. Mas é claro que nós precisamos dela e, principalmente, de jogadores mais altos", afirma o treinador, que lamenta não ter nenhum atleta com mais de 2 m na sua equipe e das dificuldades de garimpar gente com essa estatura.
"Você pode encontrar alguém com 2 m e potencial no Ceará, mas não temos um centro de treinamento para que ele se desenvolva no esporte", afirma Ribera, que vai deixar o comando do time após o Pan.
O preparador físico Marco Antônio mostra mais otimismo. "A seleção juvenil já é mais alta do que a adulta."
Segundo eles, a modalidade exige jogadores mais altos principalmente para o bloqueio de passes e finalizações.
No time, que a partir de hoje tenta o bicampeonato do Pan-Americano, até quem tem 103 kg em 1,92 m, como o pivô Pré, 22, admite que o Brasil está longe do padrão físico ideal.
"Nós somos fracos. Falta isso para a gente conseguir um algo a mais", afirma o jogador da Metodista. Ele não toma suplementos, mas é bom de garfo. "Como de tudo e bastante", declara o jogador, que elogia a fartura nos restaurantes da Vila Pan-Americana.
O Brasil não deve ter hoje, contra os frágeis chilenos, o seu melhor jogador, o armador Bruno Souza, que joga na Alemanha. Com uma contusão no tornozelo esquerdo, ele deve ser poupado para voltar na segunda rodada da competição.


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