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Atletas do Brasil querem crescer para aparecer
Estrutura física é apontada como obstáculo à evolução, e confederação prioriza altura na descoberta de talentos
Dos 15 atletas convocados da seleção, que estréia hoje no Pan contra o Chile, só um apresenta índice de massa corporal normal
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Eles formam a equipe mais
forte da delegação brasileira no
Pan. Mas não estão satisfeitos.
A seleção nacional de handebol masculino, que estréia hoje,
às 14h, no Pan contra o Chile,
tem 14 de seus 15 jogadores
com IMC (índice de massa corporal) acima de 25, o que significa, para uma pessoa normal,
estar acima do peso.
Não que os atletas brasileiros
estejam gordos. Eles precisam
acumular músculos em um esporte em que isso é essencial. A
média da delegação está em
26,3, contra, por exemplo, 23,2
do time de vôlei. Até o time de
basquete, com seus grandalhões, apresenta um IMC médio abaixo dos 25.
Mas o prato cheio, além da
ingestão de suplementos como
creatina e carboidrato líquido
para alguns, ainda não colocou
o time brasileiro no padrão físico dos europeus, o que ajuda a
explicar porque o time ainda
está longe de ostentar os resultados da seleção feminina.
"Esse [o porte físico] é um
ponto nosso que deixa a desejar", admite Marcos Antônio
César, o preparador físico da
seleção, que puxa os treinos,
com muita musculação, e ainda
precisa ficar atento para os suplementos que seus atletas tomam, a fim de evitar que algum
deles tenha na fórmula uma
substância dopante.
O espanhol Jordi Ribera, o
técnico da seleção, que joga no
Rio por uma vaga na Olimpíada
de Pequim, explica que o handebol brasileiro busca um biótipo diferente do atual para fazer o time evoluir.
"O handebol, ainda bem, tem
muitas variáveis e não só depende de força. Mas é claro que
nós precisamos dela e, principalmente, de jogadores mais altos", afirma o treinador, que lamenta não ter nenhum atleta
com mais de 2 m na sua equipe
e das dificuldades de garimpar
gente com essa estatura.
"Você pode encontrar alguém com 2 m e potencial no
Ceará, mas não temos um centro de treinamento para que ele
se desenvolva no esporte", afirma Ribera, que vai deixar o comando do time após o Pan.
O preparador físico Marco
Antônio mostra mais otimismo. "A seleção juvenil já é mais
alta do que a adulta."
Segundo eles, a modalidade
exige jogadores mais altos principalmente para o bloqueio de
passes e finalizações.
No time, que a partir de hoje
tenta o bicampeonato do Pan-Americano, até quem tem 103
kg em 1,92 m, como o pivô Pré,
22, admite que o Brasil está
longe do padrão físico ideal.
"Nós somos fracos. Falta isso
para a gente conseguir um algo
a mais", afirma o jogador da
Metodista. Ele não toma suplementos, mas é bom de garfo.
"Como de tudo e bastante", declara o jogador, que elogia a fartura nos restaurantes da Vila
Pan-Americana.
O Brasil não deve ter hoje,
contra os frágeis chilenos, o seu
melhor jogador, o armador
Bruno Souza, que joga na Alemanha. Com uma contusão no
tornozelo esquerdo, ele deve
ser poupado para voltar na segunda rodada da competição.
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