São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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CBA desiste de Jacarepaguá

Confederação assina acordo por novo autódromo no Rio, abrindo mão de pista desfigurada pelo Pan

Presidente da federação de automobilismo alerta que não conhece o projeto nem sabe se local conta com a estrutura para receber pista


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Pivô de uma das maiores polêmicas do Pan, o autódromo de Jacarepaguá já tem um substituto. Ao menos no papel.
Ou apenas nele.
Segundo acordo assinado pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), Prefeitura do Rio, COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e Ministério do Esporte, um novo autódromo do Rio será construído em uma área cedida pelo Exército na zona oeste do Rio.
Com a inviabilização de Jacarepaguá após as obras do Pan, a CBA concordou no último dia do mês passado em instalar o novo autódromo num terreno em Deodoro, bairro que é uma Vila Militar. O ministério ofereceu para a CBA também uma área militar em Santa Cruz, que dificilmente será aceita por causa da distância com os aeroportos principais da cidade.
""O acordo nos agradou. Fica numa área militar, que nos permitirá realizar provas até de noite sem problemas, o que está ficando difícil até em Interlagos. Fora isso, deixamos claro que nada será feito no antigo autódromo enquanto o novo não for entregue", disse o presidente da CBA, Paulo Scaglione.
O traçado da pista do autódromo de Jacarepaguá foi desfigurado no ano passado com a construção de três arenas para o Pan (parque aquático, velódromo e arena multiuso). No local, a prefeitura e o governo federal gastaram quase R$ 200 milhões nas três obras.
Segundo o secretário-geral do COB, Carlos Roberto Osório, a prefeitura se compromete a gastar pelo menos R$ 60 milhões na obra do autódromo em Deodoro e já conseguiu a liberação da área pelo Exército.
O restante seria pago com dinheiro do Ministério do Esporte ou da iniciativa privada.
Segundo Scaglione, o novo autódromo deverá custar cerca de R$ 100 milhões.
Se o Rio vencer a disputa para sediar os Jogos de 2016, o autódromo de Jacarepaguá acabará. O comitê de candidatura do Rio pretende construir lá o Parque Olímpico do Rio, que terá o Centro Nacional de Treinamento (quatro pavilhões) e o Centro Nacional de Tênis. Caso a cidade perca, os envolvidos no acordo assinado no final de junho se comprometem a reformar o antigo autódromo, que ficará com o traçado reduzido.
As arenas erguidas em Jacarepaguá contribuíram para o atraso das obras do Pan. Antes de o governo federal e a Prefeitura do Rio bancarem a construção das três arenas com dois anos de atraso, o consórcio Rio Sport Plaza levou a licitação para levantar o complexo.
No acordo, o consórcio tinha o direito de explorar o local e o seu entorno por 50 anos, renováveis por mais 50. A obra custaria cerca de R$ 500 milhões e ganhou oposição da CBA, que não aprovou o projeto. O impasse entre a confederação e os organizadores dos Jogos levou a polêmica para a Justiça.
Pela decisão da Justiça do Rio, a prefeitura teria que iniciar a reforma do autódromo de Jacarepaguá a partir do dia 1º, o que não aconteceu por causa do acordo assinado recentemente.
Já o presidente da Federação de Automobilismo do Estado do Rio, Djalma de Faria Neves, é mais cético em relação à construção do novo autódromo.
""Estou pressentindo que assinaram um papel e estão tratando o fato como definitivo. Vamos devagar com o andor. Acho que as coisas não funcionam bem assim", disse Neves, que já sobrevoou o terreno na Vila Militar. ""A área é muito boa, mas ainda não vimos muitas coisas. Não fomos apresentado ao projeto, não sabemos se o local tem infra-estrutura para receber um autódromo. Não vou sair detonando [esta notícia]", afirmou o dirigente.


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