São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2011

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TOSTÃO

Melhorou, mas pouco


Neste Brasileiro, há mais atletas de qualidade, e os técnicos abandonaram vários conceitos

O Brasileirão melhorou, mas pouco. Os grandes jogos são exceções. Existe um grande número de bons jogadores, porém pouquíssimos são excepcionais.
Toda semana, por causa de alguns brilharecos, pedem novos jogadores para a seleção. Além de Neymar, Ganso, Lucas, que têm sido convocados, e mais Ronaldinho, os outros que brilham no campeonato não são melhores que os muitos criticados do time brasileiro. As exigências são outras.
O Brasil não tem hoje um time, um ótimo conjunto nem tantos excepcionais jogadores, aqui ou fora do país. Temos muitas esperanças.
Melhorou também a parte tática do Brasileirão, mas pouco. Anos atrás, a maioria dos times brasileiros jogava com três zagueiros ou com dois e mais um volante-zagueiro, além de dois alas, que, na prática, eram laterais. Trocava-se o armador por mais um defensor. Os volantes-zagueiros não eram bons zagueiros nem bons volantes. Felizmente, pouquíssimos times jogam com três zagueiros.
Anos atrás, a moda era recuar para contra-atacar, fazer marcação individual, privilegiar as jogadas aéreas e dar chutões e lançamentos longos para a área. A bola ia e voltava. Hoje, há mais preocupação em trocar passes, aumentar a posse de bola e tomá-la no outro campo. A marcação individual, executada pelas principais equipes, é rara.
Anos atrás, todos os times tinham dois volantes, às vezes três, só para marcar. Timidamente, isso tem mudado. Há alguns volantes habilidosos, mas isso não foi ainda suficiente para surgir um craque. A solução não é ensinar brucutus a criar e a marcar. É tentar adaptar meias à posição de volante.
Na seleção da Alemanha, os dois volantes marcam, criam e avançam. Tempos atrás, Schweinsteiger era apenas um bom meia ou um atacante pelo lado. Hoje, é excepcional volante. No Brasil, nunca seria volante. Seria um meia ofensivo. Diriam que ele desarma pouco.
Há ainda muito para melhorar, dentro e fora de campo, no Brasileirão, na CBF, nos clubes e na seleção. Faltam seriedade e competência. Muitos são sérios, mas não são competentes. Alguns são competentes, mas não são sérios. Outros não são sérios nem competentes.
Sério no sentido de responsável, transparente, dedicado, e não no de sisudo, mal-humorado, austero. Nada mais sério do que as deliciosas e engraçadas charges de Angeli e de outros cartunistas.
E para não dizerem que sou pessimista -sou realista-, há também os que são sérios e competentes. A minoria.


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