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STOP & GO
Silêncio
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Irvine está na Stewart, e não
seria apenas ilação afirmar que
Barrichello está na Ferrari.
A coisa está por detalhes, e o
jogo de cena só acaba na primeira quinzena de setembro, quando Ford e Ferrari prometem
anúncios para o ano 2000.
Barrichello, então, poderá
quebrar seu voto de silêncio, e é
aí que começa o problema. O piloto não é conhecido por declarações felizes nem por reflexões
profundas -quando tenta,
aliás, não se sai muito bem.
E, com seu italiano dos tempos
de F-3 e o português nativo, será
obrigado a sustentar dois discursos díspares em forma e essência -a de cordato segundo
piloto diante da feroz mídia italiana e a de "a coisa não é bem
assim" aos deslumbrados microfones e às câmeras do bananal.
Não será fácil, seja pela dualidade dos dois personagens que
terá de representar, seja pela sua
própria personalidade.
Barrichello é autêntico. Crê
piamente na importância da
bandeira brasileira no bolso do
macacão e na graça símia daquilo que chama de sambadinha. É, enfim, mais um garoto
de classe média de notável habilidade -como alguns outros
poucos moleques de talento que
acabam dissecados pela mídia
de um país sem política de desenvolvimento do esporte-, seguro de que faz a coisa certa.
Segurança essa vista pelo
grande público como empáfia e
não como certeza de resultado
após tantos anos de fila.
Barrichello, no imaginário coletivo, está a anos-luz de um
Fernando Scherer que afirma
um dia antes de nadar os 50 m
que, se acertar a primeira braçada, ganha. E ganha.
Não há comparação, nem de
situação nem de esporte, mas ela
é feita. E Barrichello perde feio.
Uma Ferrari não muda essa
situação, ainda mais com o alemão no time. Mas isso não será
dito, óbvio, até a próxima temporada começar. Caberá a Barrichello deixar isso bem claro,
em italiano e em português.
Será, porém, capaz?
NOTAS
Cart x IRL
As duas entidades têm apenas algumas semanas para
acertar a fusão caso queiram de
fato se unir já em 2000. O impasse da história, segundo a
mídia inglesa, está na GM, que
domina a liga de Tony George
com seu Oldsmobile, nem um
pouco disposta a torrar dinheiro competindo com os monstruosos orçamentos de Mercedes, Ford, Honda e Toyota. Alguém terá que ceder, mas pelo
histórico é provável que a divisão, comprovadamente nefasta
para ambas as partes, continue.
Indy
Pesada a contratação de Gil e
de Moore, dois eternos insatisfeitos com seus times, por Roger Penske. Agora vai?
F-1
O fiasco completo roça a
McLaren. Se a reação não vier
na Hungria e na Bélgica, a coisa
ficará pior a partir de Monza,
pois Schumacher, com unhas e
dentes, vai ajudar Irvine em
busca de seu crédito no título.
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