São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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TOSTÃO

Duas atípicas atuações



A seleção precisa de treinador experiente, com bom preparo científico e que seja racional e sonhador. Quem?


ASSIM COMO foram surpreendentes e atípicas as boas atuações da seleção e de alguns jogadores contra o Chile, o futebol horroroso mostrado contra a Bolívia foi atípico. Não estamos tão ruins.
Além de atitude e motivação, a moda agora é dizer que o Brasil só joga bem contra times que atacam, como fez o Chile. O Paraguai também pressionou e ganhou por 2 a 0. O Uruguai, no Morumbi, fez o mesmo, e o Brasil só venceu por causa das defesas espetaculares de Júlio César.
O Brasil joga mal contra todos os tipos de adversário. Daqui a um ano, veremos outro bom jogo.
Se Suazo não tivesse perdido um gol debaixo das traves, quando a partida estava 0 a 0, a história contra o Chile poderia ter sido bem diferente, e o "louco" Bielsa, com seu futebol ofensivo, não seria tão ridicularizado. O Chile, com modestos jogadores, goleou dias depois a Colômbia por 4 a 0 e tem o mesmo número de pontos de Brasil e Argentina. Se o primeiro critério fosse por número de vitórias, o Chile seria o segundo colocado. Na eliminatória anterior, os chilenos foram lanternas, sem Bielsa.
A única seleção sul-americana que encantou nas últimas três eliminatórias foi a da Argentina, para a Copa de 2002, quando era dirigida por Bielsa. Ele foi também o técnico na conquista da medalha de ouro na Olimpíada de 2004. Bielsa teve também fracassos, como a eliminação do time argentino na primeira fase do Mundial de 2002. Nem sempre os loucos têm razão.
Segundo jornalistas bastante próximos à CBF, a Ricardo Teixeira e a Luxemburgo, já estava acertada, antes do jogo contra o Chile, a contratação do técnico do Palmeiras. Como o Brasil ganhou e jogou bem contra o Chile e está em segundo lugar, apesar da horrível atuação contra a Bolívia, a troca foi suspensa ou adiada. Até quando?
Quem seria o novo técnico?
O fato me faz lembrar de 2001, quando fui convidado por Ricardo Teixeira para ser diretor técnico, logo após a saída de Leão. Eu escalaria o técnico. Fiquei seduzido pela experiência, mas recusei porque era um cargo de confiança, e eu não tinha, como não tenho, nenhuma simpatia por sua administração. Seria incoerência.
Se aceitasse, diria a Ricardo Teixeira que só me entusiasmaria com Felipão. Penso hoje da mesma forma. Fora ele, não tenho convicção por nenhum outro, embora reconheça que existam bons treinadores.
Não escolheria Luxemburgo. Para ser treinador da seleção brasileira, não bastam comando e conhecimentos técnicos. Talvez Paulo Autuori. Além de ser experiente, ter um bom preparo científico e outras qualidades, Autuori foi campeão brasileiro, da Libertadores e do Mundial de Clubes.
Mas, neste momento, seria melhor um treinador mais visionário, como foi João Saldanha, em 1969, um louco, como Bielsa, capaz de tirar a seleção dessa paralisante mesmice. Paulo Autuori é muito racional.
Melhor ainda se o técnico fosse racional e sonhador, mais sonhador do que racional, uma mistura de Sancho Pança e Dom Quixote.
Quem seria?
Não sei. Esse tipo de pessoa e de profissional está fora de moda.


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