São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Em sua melhor temporada na F-1, Schumacher ganha de ponta a ponta no Japão e coleciona recordes

Ferrari encerra ano com nova dobradinha

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

Numa temporada vermelha, um encerramento à altura. Suzuka assistiu ontem a mais uma dobradinha da Ferrari, com Michael Schumacher à frente. Viu recordes serem batidos pela escuderia e pelo alemão. E uma concorrência anêmica, fraca, impotente.
Depois de ter perdido os dois últimos GPs para Rubens Barrichello, na Itália (involuntariamente) e nos EUA (por vontade própria), o pentacampeão disputou o encerramento do campeonato disposto a mostrar serviço.
E ele abusou. Dominou todo o final de semana, cravando a pole position, marcando a volta mais rápida e ganhando a corrida.
Foi a 12ª vez na carreira em que obteve um desempenho 100%. Superou, assim, Jim Clark, um mito dos anos 60, e se tornou recordista isolado desse ranking.
Com o resultado, Schumacher impôs ainda uma vantagem de 67 pontos sobre Barrichello, o segundo colocado da temporada. É a maior diferença entre campeão e vice em toda a história da F-1.
Tem mais. Em Suzuka, o alemão subiu ao pódio pela 17ª vez em 17 provas. É a primeira vez, nos 52 anos de F-1, que um piloto fica entre os três primeiros em todas as corridas de um Mundial.
Nenhuma outra marca, porém, é mais significativa do que os 221 pontos da Ferrari no Mundial de Construtores. Essa é exatamente a soma do que todas as outras dez equipes obtiveram juntas no ano.
"Foi uma temporada inacreditável. Acho que não é necessário falar nada, os números, os resultados já explicam tudo. Terminei todas as corridas do ano e, além disso, subi ao pódio em todas. Isso mostra a qualidade dos nossos mecânicos. Não tem nada a ver com sorte. É fruto de muito trabalho duro", declarou Schumacher.
"Hoje [ontem", pude abrir uma boa vantagem para o Rubens logo no começo da prova, e isso me deu tranquilidade para programar a estratégia", acrescentou.
De fato, o alemão disparou na liderança logo na largada. Na quinta volta, sua vantagem para o brasileiro já era de 3s890. Na 39ª, chegou a 14s771, a maior do GP.
Barrichello reconheceu que não teve chance nenhuma em Suzuka: "Foi um GP difícil, especialmente no começo, quando o carro estava batendo muito no chão. O Michael abriu nas primeiras voltas e foi impossível alcançá-lo".
Foi a 15ª dobradinha dos ferraristas na F-1, o que, para manter a rotina, é um novo recorde. Schumacher e Barrichello superaram ontem a dupla da McLaren em 88 e 89, Ayrton Senna e Alain Prost.
O terceiro colocado -ou o primeiro da "segunda divisão"- foi Kimi Raikkonen, da McLaren.
Incapazes de disputar qualquer coisa com a Ferrari, os outros dez times podem ter um alento no próximo dia 28, quando a FIA votará um pacote de medidas com o objetivo de equilibrar a categoria.
Diante de tantos recordes e de tanta superioridade, torna-se engraçada e curiosa uma declaração do mesmo Schumacher, na mesma Suzuka, em 2001: "Tivemos sorte em fechar o campeonato tão cedo nesta temporada. Em 2002, tudo será mais difícil".
Para isso, não há estatística disponível. Mas deve ter sido a última vez que o alemão errou.


Texto Anterior: Brasileiro tem só um dia para se recuperar
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.