São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

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RODRIGO BUENO

Bom é o Henry


O magistral atacante francês, diferentemente de outros craques atuais, não oscilou tanto no ano e é ótima pedida


A DISCUSSÃO sobre quem foi o melhor jogador (ou o menos pior, então) do ano começou.
Faço minhas mais uma vez as palavras de Thierry Henry em 2002: ""O prêmio deveria levar em conta o que o jogador fez em uma temporada, e não o que fez em um torneio." O craque francês tem sido um grande injustiçado nos últimos anos nas listas da Fifa. Como é uma eleição de popularidade, em grande parte, figurinhas mais fáceis e digeríveis, do tipo Ronaldinho e Ronaldo, largam com favoritismo. Técnicos de muitas seleções nanicas votam em nomes, não em desempenhos.
Desta vez Ronaldo foi ignorado entre os 30 melhores, algo que parece óbvio devido à rechonchuda decadência do ""Fenômeno", mas que surpreende sim pela fama do brasileiro mundo afora. Ronaldinho, campeão europeu e espanhol e ícone mundial hoje (quanta invasão de campo quando o gaúcho se exibe), espreita o tri apesar de não convencer muitos de seus conterrâneos.
Mas voltemos a Henry, que no ano da Copa retrasada, apesar de brilhar, não ficou nem entre os três melhores por causa da campanha ruim da França no Mundial. Compreensível que a Copa tenha peso considerável na escolha de um melhor do mundo, mas um ano é enorme e comporta muito mais que três ou sete partidas.
Neste ano, Henry fez uma ótima Copa, tendo sido decisivo nos duelos contra Brasil (quartas) e Portugal (semifinal). Mais uma vez foi brilhante no Arsenal com gols antológicos e jogadas que levaram pela primeira vez o time londrino a uma final da Copa dos Campeões. Tem sido genial até armando. Deixou os galácticos de boca aberta com golaço no Santiago Bernabéu e não teve uma melhor sorte na final da Champions League porque seu Arsenal, em ano que vive uma reconstrução, viu seu goleiro Lehman ser expulso logo aos 18min do primeiro tempo.
O Barcelona, mesmo campeão, tinha como grande sonho contratar Henry, que acabou renovando com o Arsenal por quatro anos e comanda agora boa ascensão do ex-clube de Highbury (que show do Henry na despedida desse belo estádio, aliás).
Tido por uns como mascarado, o francês deu boa resposta na tetracampeã Itália no pós-Copa sem Zidane. Deixou seu ""golzinho" (incrível como ele não faz gol feio) e liderou os Bleus contra a Azzurra no 3 a 1 nas eliminatórias da Euro-2008.
Mais engajado que Ronaldinho em campanhas contra o racismo, sofre por ser menos simpático e mais anárquico que o brasileiro. Em vez do ""Joga 10" da Nike, vai com a 12 na seleção (camisa que Zagallo teria requisitado após o 1 a 0 da França). Fala com propriedade e respeito (sem preconceito) da técnica futebolística e dos problemas sociais brasileiros e leva depois críticas hipócritas.
Nada contra Ronaldinho, que em gols e títulos está melhor agora que em 2004 e 2005, mas Henry, até para reparar o passado, merecia mais que o apoio anárquico desta coluna.

BOM É O BECKHAM
Para jogar no 3-5-2 e ficar alçando bola na área, o que a Inglaterra fez contra a Croácia, nada como o injustiçado galáctico. Gary Neville não dá mais em nenhum esquema.

BOM É O AL AHLY
O time egípcio, clube mais bem colocado no Ranking Folha do Futebol Mundial fora Europa e América do Sul, deve ir amanhã à final da Copa dos Campeões da África e virar penta, recorde continental. Seria o primeiro clube a jogar duas edições do Mundial da Fifa. Que o Internacional não o desmereça.

BOA É A ARENA
O Atlético-PR, que inteligentemente leva a sério a Sul-Americana, tem bom caminho até a final. Mas, lembro, a Arena da Baixada ainda não pode receber uma decisão continental pelo regulamento.

rbueno@folhasp.com.br


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