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Dunga deixa "heróis" para trás
Destaques na conquista da Copa América vão para o banco na estréia da seleção nas eliminatórias
Vágner Love, mantido como titular apesar do jejum de gols, é dos raros jogadores do título na Venezuela que permanecem na equipe
DO ENVIADO A BOGOTÁ
Quando ganhou a Copa América, há três meses, Dunga exaltou e deu fortes sinais de fidelidade ao grupo que triunfou sem
astros que ignoraram a competição e com atletas que substituíram colegas lesionados.
Mas hoje, quando o Brasil estréia nas eliminatórias para o
Mundial de 2010, heróis e alguns símbolos da campanha na
Venezuela ficaram para trás.
O time que deve começar a
partida contra a Colômbia, em
Bogotá, tem quatro atletas que
não estiveram no torneio continental, o goleiro Júlio César, o
zagueiro Lúcio e os meia-atacantes Kaká e Ronaldinho.
Doni foi o herói das semifinais da Copa América, quando
defendeu pênalti contra o Uruguai. Agora, no classificatório
para o Mundial da África do
Sul, não teve oportunidade como titular nem nos treinos em
Teresópolis. E não reclama.
"Quem jogar vai servir bem o
Brasil", disse o goleiro.
Júlio César evita comemorar
a titularidade antes de entrar
em campo hoje, mas não mostra temor ao falar sobre a pressão popular para que Dunga
convoque e escale o são-paulino Rogério na posição.
"O torcedor é passional. O
Rogério passa por uma fase espetacular, mas isso não me assusta", afirmou Júlio César.
Lúcio não tomou rápido só o
seu posto de titular. Também
voltou com a tarja de capitão,
usada por Gilberto Silva na Venezuela -na decisão, com o volante suspenso, Juan a vestiu.
"Sempre deixei bem claro
que o importante é a confiança
do treinador no meu trabalho.
E se a cada temporada não for
confirmada minha situação como capitão, não vou ligar. Irei
continuar me empenhando da
mesma forma", falou o jogador
do Bayern de Munique.
Ronaldinho foi outro que em
três meses passou de desertor a
titular com direito a um mimo
extra. Novamente ele usa a camisa 10, número que lhe foi tirado por Dunga durante boa
parte da sua gestão.
A volta dos astros ofuscou,
além de Doni, outros jogadores
chaves na campanha venezuelana. Josué e Júlio Baptista, por
exemplo, voltaram para a reserva. Elano, xodó do treinador
desde o início de seu trabalho, é
outro que virou só uma opção.
Um dos poucos que foi exaltado por Dunga na Copa América e que ainda segue como titular é Vágner Love, justamente um dos que teve desempenho mais fraco naquela competição -conseguiu marcar apenas um gol em seis partidas.
O próprio jogador reconhece
que a falta de gol pode ser decisivo para o fim da sua condição
de titular. "Não importa se você
deu assistência, negócio do atacante é fazer o gol", disse o atleta do CSKA, que agrade Dunga.
"Quando o treinador dá confiança, isso ajuda bastante, você
entra em campo pronto para
marcar", falou o atacante, que
no entanto não promete desespero de novamente passar em
branco hoje. "Se não acontecer
de marcar no primeiro jogo, é
só ter tranqüilidade para fazer
no segundo."
(PAULO COBOS)
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