São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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São Paulo e Palmeiras fazem "cala boca"

Após episódio do gás, diretorias se reúnem e proíbem ofensas a rivais por parte de cartolas, comissões técnicas e atletas

Acordo de paz entre clubes é selado para não prejudicar ações de interesse comum, como alteração de calendário e estádios da Copa de 2014


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O gás lançado no vestiário são-paulino em jogo no Parque Antarctica foi a gota d'água para que o clube do Morumbi e o Palmeiras revissem sua relação, que chegou ao pior nível na história dos dois clubes.
Depois do incidente, ocorrido em clássico da semifinal do Paulista, em abril, as diretorias resolveram agir diplomaticamente para encerrar as rusgas.
Mais até do que a rivalidade de torcidas, a briga era prejudicial aos interesses de ambos em relação a negócios e à própria Copa de 2014. Os presidentes são-paulino e palmeirense, então, nomearam emissários para cuidar de uma reaproximação.
Pelo tricolor, o diretor de futebol João Paulo de Jesus Lopes. Pelo alviverde, o diretor de planejamento Luiz Gonzaga Belluzzo. Alguns meses atrás, os dois tiveram o primeiro encontro, no restaurante Gigetto, no centro da cidade.
"Ficamos muito preocupados porque estava havendo confronto de funcionários", disse Jesus Lopes, referindo-se, principalmente, à briga entre o superintendente de futebol são-paulino, Marco Aurélio Cunha, e o gerente de futebol palmeirense, Toninho Cecílio.
Os dois, fazem questão de dizer, fizeram as pazes. "Tivemos uma discussão clubística, mas jamais deixamos de ser amigos", declarou Cunha.
"Respeito muito o Marco Aurélio, não temos problemas, mas naquela época ele errou", afirmou o palmeirense Cecílio.
Amigos, Jesus Lopes e Belluzzo logo chegaram a um consenso. A partir daquele encontro, passou a ser ordem que dirigentes, membros das comissões técnicas e jogadores não dessem mais nenhuma declaração polêmica sobre o rival, sob pena até de punição.
"Seria conveniente que minimizássemos as polêmicas. E isso tem sido seguido", afirma o cartola são-paulino. "Eu não acho que essa paz crie menos expectativa para o clássico", acredita Jesus Lopes, referindo-se ao jogo de domingo.
Por trás disso, há negócios que têm feito os adversários andarem de mãos dadas. Os clubes estão juntos em ações contra a pirataria, em discussões para a formação de atletas e sobre mudanças no calendário.
O mais importante, no entanto, é o apoio mútuo para que seus estádios possam abrigar partidas do Mundial no Brasil.
Mesmo após o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, dizer que cada sede da Copa terá apenas um estádio, os são-paulinos tem lembrado com insistência que outras cidades, como Paris, em 1998, e Johannesburgo, que são menores do que a capital paulista e tiveram, no caso da cidade francesa, e terão, no da cidade sul-africana, o uso de mais de uma arena.
Em contrapartida, os palmeirenses estão dando apoio ao Morumbi para receber a partida de abertura do Mundial.


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