São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2001

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FUTEBOL

Scolari não define equipe brasileira, e torcedores brigam por brindes

Único treino no Maranhão tem tumulto fora de campo

DO ENVIADO A SÃO LUÍS

O único treino da seleção brasileira em São Luís, na noite de ontem, foi marcado pela confusão, dentro e fora de campo.
No gramado, o técnico Luiz Felipe Scolari treinou diversas opções de time titular e manteve o mistério sobre a escalação.
A única certeza é que o Brasil, que precisa da vitória para se classificar à Copa-2002 sem depender de outros resultados, terá uma formação mais ofensiva.
A principal dúvida recai sobre a dupla de ataque. Como já ocorrera nos dois treinos em Teresópolis, quatro jogadores se revezaram no setor: Edílson, Luizão, Marcelinho Paraíba e Rivaldo. O suspense se deve às boas atuações de Ronaldinho no meio-campo nos treinos na Granja Comary.
Caso o jogador do Paris Saint-Germain seja escalado, Rivaldo irá para o ataque e jogará ao lado de um dos três atacantes -o mais cotado é Edílson, do Flamengo.
"Vamos matar logo a cobra e jogar a Copa", disse um confiante Edílson, sobre a necessidade de definir a partida logo no início.
No Castelão, Rivaldo chegou a ser sacado do time titular, mas, instantes após o final do treino, Scolari voltou a prestigiá-lo. "O Rivaldo é superimportante tanto na armação quanto no ataque."
O técnico, após o vexame da seleção diante Bolívia, quando perdeu por 3 a 1 e poderia ter sofrido uma goleada histórica, deve fazer cinco mudanças no time.
As novidades serão Roque Júnior, Belletti, Roberto Carlos, Juninho e Luizão ou Ronaldinho.
Deixam o time Juan, Vampeta, Zé Roberto, Cafu e Serginho -os últimos dois por motivo extracampo. Cafu foi alvo da trapalhada da CBF, que só descobriu que o atleta estava suspenso três dias após ele ter recebido o segundo cartão amarelo, contra a Bolívia, na última quarta. Serginho só fora titular em La Paz porque Roberto Carlos estava machucado.
Scolari fez uma charada sobre a escalação e convocou todos a "exercitarem a inteligência" para adivinhar qual será o time titular.
Ele disse que a equipe precisava de atletas que chegassem com velocidade ao ataque e tivessem força na marcação, o que indica que poderá optar por Ronaldinho ou Marcelinho Paraíba. Caso escale Luizão, apostará num atleta que está há quase três semanas sem atuar, recuperando-se de lesão.

Balbúrdia e frustração
Quem esperava que Scolari realizasse um coletivo para definir o time se frustrou, principalmente as mais de 30 mil pessoas que compareceram o Castelão.
Cada torcedor deu como entrada 1 kg de alimento não-perecível. O público superou a expectativa, e dois setores tiveram de ser abertos -inicialmente só seria um.
O que estava programado para ser uma festa, porém, poderia ter acabado em tragédia. Irritados com o treino de Scolari -só jogadas ensaiadas e posicionamento tático sem adversários na marcação-, a torcida se dispersou.
Vários focos de briga se formaram nas arquibancadas, principalmente quando atletas da seleção, após a rápida movimentação em campo, jogaram bolas e camisas do Brasil para o público.
A idéia, uma forma de tentar acalmar os ânimos, só os exaltou.
Os torcedores se engalfinharam pelos brindes. Muitos passaram minutos seguidos agarrados a uma camisa em busca de um pedaço de pano. No meio da confusão, objetos eram atirados ao campo. Uma garrafa plástica de água mineral cheia de urina passou a um triz do presidente interino da CBF, Alfredo Nunes, e do secretário-geral da entidade, Marco Antonio Teixeira, que se esquivaram e correram para o túnel.
Ainda assim, Scolari agradeceu o apoio dos maranhenses -que, anteontem, irritados com a "fuga" da seleção no aeroporto, gritaram o nome da Venezuela e, ontem, vaiaram algumas jogadas.
"Ainda bem que a decisão é aqui, onde temos o apoio de todo mundo", disse o técnico, que mostrou certeza na classificação.
"É uma obrigação nossa, mas todos os brasileiros devem ficar satisfeitos quando nos classificarmos amanhã [hoje". Seremos o único país a estar em todas as Copa, então vamos festejar."
(SÉRGIO RANGEL)


NA TV - Brasil x Venezuela, Globo, Bandeirantes e PSN, ao vivo, às 21h40



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