São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Ex-treinador da seleção de vôlei vence pleito no Botafogo, recusa virar a mesa e, com novas propostas, vai ao C13

Cartolagem muda com eleição de Bebeto

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Estranho no ninho da cartolagem e defensor da ruptura do establishment, Bebeto de Freitas, 52, assume o Botafogo em janeiro já com voz garantida no mais poderoso fórum de discussão do futebol brasileiro, o Clube dos 13.
Ex-técnico das seleções masculinas de vôlei do Brasil e da Itália, Bebeto venceu na madrugada de ontem as eleições no Botafogo e será empossado na diretoria executiva do C13 no lugar de Mauro Ney Palmeiro, que deixa o time na mais profunda crise financeira e esportiva de sua história.
"O sonho se realizou. Agora, vou fazer com que ele seja bonito", disse Bebeto, que venceu a eleição com 711 votos, contra 557 do advogado Alberto Macedo.
O torcedor de arquibancada que teve uma única experiência administrativa no futebol, como executivo do Atlético-MG, afastou ontem a possibilidade de defender uma virada de mesa.
Hoje, o Botafogo, um dos principais times do país, base das seleções de 1958 e 62, clube que mais cedeu jogadores à equipe nacional na história, defende seu futuro contra o Guarani e o fantasma do rebaixamento. "Eu acredito sempre no campo. Não quero saber disso. O grande problema no esporte brasileiro é que ninguém cumpre as leis e muito menos as regras", disse o presidente eleito para o triênio 2003/2005, parente de dois alvinegros históricos: é sobrinho do jornalista João Saldanha, que foi treinador do clube, e primo de Heleno de Freitas.
Para tentar resgatar a boa fase, Bebeto decretou que o Botafogo vai viver "em economia de guerra" em sua administração. O futebol terá uma atenção especial. O departamento será como uma empresa autônoma ao clube. "Toda a estrutura será profissional. Terá uma pessoa especializada para tocar o marketing, outra para cuidar do comercial."
A vitória de Bebeto foi comemorada pelos dirigentes que fazem parte do novo modelo de cartolas do país: empresários que pregam a busca pelo equilíbrio financeiro nos clubes e o trato do futebol como um negócio.
O mais entusiasmado era Alexandre Kalil. "Conheço o Bebeto, e ele é do bem. Esse novo tipo de dirigente que está nascendo é fruto das CPIs. Os bandidos estão sendo escorraçados dos clubes. O futebol vai mudar", disse o homem-forte do Atlético-MG.
O flamenguista Hélio Ferraz fez coro. "A eleição do Bebeto me orgulha. Confirma no Botafogo a tendência da busca pela transparência e pela integridade no futebol brasileiro", afirmou o novo presidente do Fla, outro que venceu nas eleições o establishment -sem nunca ter sido cartola, o empresário derrotou o candidato apoiado por Edmundo Santos Silva, que sofreu impeachment.
Com a vitória de Bebeto, agora o Rio tem apenas o vascaíno Eurico Miranda como cartola amador, o típico dirigente de futebol. No Fluminense, o também empresário David Fischel ganhou as eleições prometendo recuperar a saúde financeira do clube e o profissionalismo acima da paixão.
Até agora, obtém êxito parcial. Se em campo o time ainda luta por uma vaga no mata-mata, fora seus jogadores continuam reclamando de atraso nos salários.


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