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FUTEBOL
Ex-treinador da seleção de vôlei vence pleito no Botafogo, recusa virar a mesa e, com novas propostas, vai ao C13
Cartolagem muda com eleição de Bebeto
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Estranho no ninho da cartolagem e defensor da ruptura do establishment, Bebeto de Freitas,
52, assume o Botafogo em janeiro
já com voz garantida no mais poderoso fórum de discussão do futebol brasileiro, o Clube dos 13.
Ex-técnico das seleções masculinas de vôlei do Brasil e da Itália,
Bebeto venceu na madrugada de
ontem as eleições no Botafogo e
será empossado na diretoria executiva do C13 no lugar de Mauro
Ney Palmeiro, que deixa o time na
mais profunda crise financeira e
esportiva de sua história.
"O sonho se realizou. Agora,
vou fazer com que ele seja bonito", disse Bebeto, que venceu a
eleição com 711 votos, contra 557
do advogado Alberto Macedo.
O torcedor de arquibancada
que teve uma única experiência
administrativa no futebol, como
executivo do Atlético-MG, afastou ontem a possibilidade de defender uma virada de mesa.
Hoje, o Botafogo, um dos principais times do país, base das seleções de 1958 e 62, clube que mais
cedeu jogadores à equipe nacional na história, defende seu futuro
contra o Guarani e o fantasma do
rebaixamento. "Eu acredito sempre no campo. Não quero saber
disso. O grande problema no esporte brasileiro é que ninguém
cumpre as leis e muito menos as
regras", disse o presidente eleito
para o triênio 2003/2005, parente
de dois alvinegros históricos: é sobrinho do jornalista João Saldanha, que foi treinador do clube, e
primo de Heleno de Freitas.
Para tentar resgatar a boa fase,
Bebeto decretou que o Botafogo
vai viver "em economia de guerra" em sua administração. O futebol terá uma atenção especial. O
departamento será como uma
empresa autônoma ao clube. "Toda a estrutura será profissional.
Terá uma pessoa especializada
para tocar o marketing, outra para cuidar do comercial."
A vitória de Bebeto foi comemorada pelos dirigentes que fazem parte do novo modelo de cartolas do país: empresários que
pregam a busca pelo equilíbrio financeiro nos clubes e o trato do
futebol como um negócio.
O mais entusiasmado era Alexandre Kalil. "Conheço o Bebeto,
e ele é do bem. Esse novo tipo de
dirigente que está nascendo é fruto das CPIs. Os bandidos estão
sendo escorraçados dos clubes. O
futebol vai mudar", disse o homem-forte do Atlético-MG.
O flamenguista Hélio Ferraz fez
coro. "A eleição do Bebeto me orgulha. Confirma no Botafogo a
tendência da busca pela transparência e pela integridade no futebol brasileiro", afirmou o novo
presidente do Fla, outro que venceu nas eleições o establishment
-sem nunca ter sido cartola, o
empresário derrotou o candidato
apoiado por Edmundo Santos Silva, que sofreu impeachment.
Com a vitória de Bebeto, agora o
Rio tem apenas o vascaíno Eurico
Miranda como cartola amador, o
típico dirigente de futebol. No
Fluminense, o também empresário David Fischel ganhou as eleições prometendo recuperar a saúde financeira do clube e o profissionalismo acima da paixão.
Até agora, obtém êxito parcial.
Se em campo o time ainda luta
por uma vaga no mata-mata, fora
seus jogadores continuam reclamando de atraso nos salários.
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