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Ovelhas verdes
Morumbi tem disputa entre São Paulo e ala palmeirense dos Pompeu de Toledo por cativas
LUCAS REIS
DE SÃO PAULO
O que poderia afastar um
legítimo Pompeu de Toledo
do São Paulo Futebol Clube?
Duas cadeiras cativas no
Morumbi, três décadas de
disputas judiciais e a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Dois sobrinhos-netos de
Cícero Pompeu de Toledo,
que batiza o maior orgulho
tricolor, travam batalha judicial que começou nos anos
80 por causa das cadeiras.
Detalhe: o pai deles é o advogado Antônio Augusto
Pompeu de Toledo, 60, sobrinho de Cícero e presidente do
COF (Conselho de Orientação
Fiscal) do Palmeiras.
É o nome dele que aparece
em acórdão de agosto do
TJSP (Tribunal de Justiça de
São Paulo), como advogado
dos seus filhos Júnior e Tiago
Pompeu de Toledo, ambos
torcedores do Palmeiras.
No início dos anos 80, o sogro de Antônio Augusto comprou três cativas no Morumbi. Mas se irritou ao saber que
teria de pagar ingresso para
ir ao estádio. Acionou a Justiça, alegando que o contrato
dizia que as cadeiras eram direito de propriedade.
"Ele ganhou a ação. Mas
havia uma dificuldade para
que ela fosse cumprida de
fato. E essa dificuldade se renovava com as trocas dos
presidentes do São Paulo",
explica Antônio Augusto.
Em meados de 1984, duas
das três cadeiras foram passadas para os nomes de Júnior e Tiago Pompeu de Toledo. E a disputa continuou.
"Então as cadeiras passaram a pertencer a alguém
chamado Pompeu de Toledo.
E meus filhos resolveram levar a coisa mais seriamente",
declarou Antônio Augusto.
Ele conta que entre 1984 e
1988, durante a gestão de
Carlos Miguel Aidar, credenciais foram dadas à família.
"O São Paulo cumpriu a
decisão, e tudo correu normalmente. Mas, quando Aidar deixou a presidência,
as dificuldades para entrar
no Morumbi ressurgiram."
Até que, há dois anos, Antônio Augusto resolveu reabrir o processo. "Isso é uma
questão de princípios. O São
Paulo precisa entender que
não pode fazer valer a sua
vontade em cima de uma decisão judicial. Eu reabri o
processo para discutir o "modus operandi'", explicou.
A batalha do São Paulo
contra membros da família
Pompeu de Toledo continua.
"O pior é isso: eles têm o
nome e o sangue do Cícero
Pompeu de Toledo", brinca
Kalil Rocha Abdala, diretor
jurídico do São Paulo.
"Isso [a guerra judicial] é
muito antigo: é recurso para
lá, recurso para cá. A discussão prossegue. Vamos até a
última instância. Eles querem entrar no estádio sem
pagar nada, e não achamos
isso justo", completou.
Antônio Augusto afirma
levar tudo isso numa boa.
E, assim como Abdala, diz
que não vê nenhuma perseguição do clube por causa de
sua ligação com o Palmeiras.
"O São Paulo tem razão em
um ponto: não pagamos nada pela manutenção da cadeira. Então, nos anos 90, fizemos um acordo. Eu pagava
uma taxa de manutenção, e o
São Paulo cumpria a decisão
judicial. Foi bem cumprido
por dois anos. Mas logo o
problema voltou", disse.
Na última decisão, o São
Paulo teve recurso negado e
continua obrigado a liberar a
entrada deles sob pena de
pagar multa de R$ 1.000.
Cícero Pompeu de Toledo
lamentaria o episódio. Ou
acharia muita graça disso.
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