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História de Senna vira herança
F-1
Folha leva pai, fã do piloto, e filho, que só conhecia Senninha, para verem documentário
DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO
O som da Williams de Ayrton Senna ecoa na sala de cinema e acelera a respiração
do estudante João Pedro Pizzotti, 13. A câmera on-board
mostra os últimos segundos
de vida do piloto, e o menino
se choca com as imagens.
Ao olhar para o lado, vê o
pai, o gerente comercial Roberto Pizzotti, 43, com as
mãos no queixo, o tronco inclinado para a frente e olhos
completamente vidrados.
João passa a mão no rosto,
mira os pés, tentando se esquivar das imagens que chocaram o mundo, há 16 anos,
mas que ele ainda não estava
vivo para ver pela televisão.
O documentário "Senna",
em cartaz em São Paulo desde anteontem, é criticado pela beatificação do tricampeão, mas cumpre seu papel
de contextualizar a história
do brasileiro aos fãs mais jovens, que não tiveram a oportunidade de vê-lo em ação.
Como João Pedro, que,
a convite da Folha, assistiu
ao filme lado do pai, Roberto,
anteontem, e se impressionou com a história.
"Por muito tempo, não sabia quem era Ayrton Senna,
só o Senninha, de quem tinha gibis e alguns joguinhos", admite João, referindo-se ao personagem do piloto voltado às crianças.
A vida (e a morte) de Senna
foram alguns dos ensinamentos de Roberto ao filho.
"Cresci no bairro de Santo
Amaro, perto do autódromo,
pulava o muro de Interlagos
para ver corridas, ouvia o
barulho dos carros das corridas", afirma ele, casado há
23 anos com a pedagoga Débora, 43. João é o segundo
dos três filhos do casal.
O gerente comercial de
uma empresa de telecomunicações explicava a João alguns dos momentos-chave
da trajetória de Ayrton Senna
durante a exibição.
Evangélicos, frequentadores da Comunidade Cristã de
Santo Amaro, na zona sul,
impressionam-se com a frequência com que o piloto se
refere a Deus no filme.
"A religiosidade dele é
marcante", emociona-se Roberto. "Ele tinha acesso a tudo, mas ainda assim buscava
o coração", comenta.
João, que durante cinco
anos fez aulas de violão erudito e por muito tempo pensou que Senna fosse um personagem de gibi, surpreende-se com a heroica vitória
em Interlagos em 1991.
Depois dos 107 minutos de
exibição, João Pedro constata: "Já li e ouvi várias histórias dele, mas neste filme parecia que era o próprio Ayrton Senna que estava narrando sua vida para mim".
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