São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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História de Senna vira herança

F-1
Folha leva pai, fã do piloto, e filho, que só conhecia Senninha, para verem documentário


DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

O som da Williams de Ayrton Senna ecoa na sala de cinema e acelera a respiração do estudante João Pedro Pizzotti, 13. A câmera on-board mostra os últimos segundos de vida do piloto, e o menino se choca com as imagens.
Ao olhar para o lado, vê o pai, o gerente comercial Roberto Pizzotti, 43, com as mãos no queixo, o tronco inclinado para a frente e olhos completamente vidrados.
João passa a mão no rosto, mira os pés, tentando se esquivar das imagens que chocaram o mundo, há 16 anos, mas que ele ainda não estava vivo para ver pela televisão.
O documentário "Senna", em cartaz em São Paulo desde anteontem, é criticado pela beatificação do tricampeão, mas cumpre seu papel de contextualizar a história do brasileiro aos fãs mais jovens, que não tiveram a oportunidade de vê-lo em ação.
Como João Pedro, que, a convite da Folha, assistiu ao filme lado do pai, Roberto, anteontem, e se impressionou com a história.
"Por muito tempo, não sabia quem era Ayrton Senna, só o Senninha, de quem tinha gibis e alguns joguinhos", admite João, referindo-se ao personagem do piloto voltado às crianças.
A vida (e a morte) de Senna foram alguns dos ensinamentos de Roberto ao filho.
"Cresci no bairro de Santo Amaro, perto do autódromo, pulava o muro de Interlagos para ver corridas, ouvia o barulho dos carros das corridas", afirma ele, casado há 23 anos com a pedagoga Débora, 43. João é o segundo dos três filhos do casal.
O gerente comercial de uma empresa de telecomunicações explicava a João alguns dos momentos-chave da trajetória de Ayrton Senna durante a exibição.
Evangélicos, frequentadores da Comunidade Cristã de Santo Amaro, na zona sul, impressionam-se com a frequência com que o piloto se refere a Deus no filme.
"A religiosidade dele é marcante", emociona-se Roberto. "Ele tinha acesso a tudo, mas ainda assim buscava o coração", comenta.
João, que durante cinco anos fez aulas de violão erudito e por muito tempo pensou que Senna fosse um personagem de gibi, surpreende-se com a heroica vitória em Interlagos em 1991.
Depois dos 107 minutos de exibição, João Pedro constata: "Já li e ouvi várias histórias dele, mas neste filme parecia que era o próprio Ayrton Senna que estava narrando sua vida para mim".


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