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Mano se abstém sobre Ronaldo
Na fase de negociações, técnico abriu mão de opinar sobre chegada de atacante a seu elenco de 2009
Treinador afirma que não pode avaliar tecnicamente
jogador, pois ele está sem
atuar há quase um ano, mas
pesa aspecto comercial
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
A contratação de Ronaldo
pelo Corinthians é um fato tão
inusitado que não seguiu, em
nenhum momento, quaisquer
preceitos tradicionais que rondam a aquisição de um reforço.
Um dos mandamentos quebrados foi o aval do técnico.
Mano Menezes, sempre consultado antes que o clube feche
com seus reforços, absteve-se
de opinar diretamente sobre a
então eventual -e, agora, factual- chegada do "Fenômeno"
ao Parque São Jorge.
Há cerca de um mês, quando
ainda era só uma vaga idéia a
investida na contratação do astro, uma reunião juntou os
principais nomes do departamento de futebol do clube e o
departamento de marketing
para discutir a viabilidade da
ousada empreitada.
Ao ser questionado sobre o
caso, Mano Menezes preferiu
se manter neutro. Não colocou
empecilhos ou defeitos na contratação de Ronaldo.
Mano alegou que, mesmo
que fosse contra a chegada de
Ronaldo ao elenco, não poderia
ser o responsável pelo veto.
Disse que, por tudo o que
acompanha uma contratação
desse porte -exposição na mídia mundial, interesse do público, possibilidade de captação de
mais recursos financeiros-
não pode ele, como técnico, ter
poder para dizer não.
Também, no entanto, não
quis dar aval técnico para a
aquisição do atacante. Afirmou
aos presentes no encontro que
não há condições de avaliar o
potencial de desempenho de
Ronaldo, pois o atacante não
atua há quase um ano e vem de
mais uma cirurgia complicada
em seus joelhos.
A aposta da diretoria, no entanto, é a de que Mano demonstrou paciência com vários atletas durante a temporada de
2008 e fará o mesmo com Ronaldo. Dois casos são exemplares. O primeiro é o do uruguaio
Acosta. O atacante chegou no
começo deste ano como a principal aquisição para a disputa
da Série B e com o maior salário
do elenco -R$ 125 mil mensais.
Mesmo sem ter emplacado
no time, Acosta jamais deixou
de ter chances com o treinador.
Só saiu da equipe após uma séria lesão no tornozelo.
O outro caso é o de Lulinha.
Apontado como principal revelação corintiana nos últimos
anos, com multa rescisória de
mais de R$ 100 milhões, o atacante perdeu espaço só no final
da temporada, após muita insistência do treinador com seu
futebol, que não apareceu.
Anteontem, em sua apresentação ao Corinthians, Ronaldo
afirmou que teve seu primeiro
contato com o técnico.
"Falei com o Mano pelo telefone e deixei claro que serei,
mais um, igual a todos os outros, sem privilégios", declarou
o atleta, que disse que irá atuar
sempre que "for escalado".
Uma das preocupações do
treinador é que a chegada de
Ronaldo possa desestabilizar o
grupo, principalmente em relação à questão financeira.
Neste ano, um dos trunfos do
Corinthians na campanha vitoriosa da Série B foi o bom ambiente. "O Mano tem o grupo
nas mãos", disse Andres. Só falta agora ter Ronaldo.
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