São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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profissão de risco?

Treinador vira emprego estável na temporada 07

Pela 1ª vez nos pontos corridos, taxa de permanência de técnicos supera 50%

Apenas 3 times de 14 que já ganharam o Brasileiro e que estão na elite neste ano terão comandos novos nos Campeonatos Estaduais

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O emprego de treinador de futebol, que tradicionalmente é uma "profissão de risco" no Brasil pela freqüência das demissões, começou 2007 com uma rara estabilidade.
Nunca, na história dos pontos corridos em Campeonatos Brasileiros (iniciada 2003), uma temporada teve, em seu início, um número tão alto de técnicos mantidos no cargo.
Considerando os 16 clubes que ficaram na elite nacional, só 4 (ou 25%) trocaram comandantes desde o fim do Brasileiro passado: Cruzeiro, Figueirense, Palmeiras e Paraná.
E o fenômeno não é visto só no primeiro escalão. Se forem avaliados os 31 clubes que já tiveram o direito de disputar a primeira divisão do país no período, nada menos que 19 (ou 61,2%) começam 2007 com o técnico que encerraram 2006. No começo das três últimas temporadas, considerando os mesmos 31 times, foram mantidos 14, ou 45,2% dos líderes das comissões técnicas.
Se o corte considerar os 14 clubes da elite que já conquistaram o Brasileiro, o percentual de empregos mantidos é mais expressivo: 78,6%. Só três times nestas condições, Cruzeiro, Palmeiras e Sport, não entram nos Estaduais com o mesmo comando com que terminaram a temporada de 2006.
Neste ano, a fila dos empregos mantidos é puxada pelos clubes do Rio de Janeiro.
Pela primeira vez na história dos pontos corridos no Brasileiro todos os cariocas começam 2007 com os técnicos que encerraram o torneio anterior. Entre eles, o destaque é o Vasco. O clube que, no ano 2000, trocou Oswaldo de Oliveira por Joel Santana nos mata-matas da Copa João Havelange, só não tem técnico há mais tempo que o Grêmio. Renato Gaúcho está no cargo desde 20 de julho de 2005.
Para o vice de futebol do Flamengo, Kleber Leite, há uma mudança cultural dos dirigentes. "Mudou a rotação dos discos e acho isso muito saudável. A postura cômoda de [o dirigente] atribuir os insucessos do time ao técnico está sendo deixada de lado. É bom, porque cria um maior respeito aos treinadores dentro dos elencos." Contudo, Mano Menezes, treinador do Grêmio e recordista de antigüidade no emprego entre os 31 técnicos dos clubes que jogaram o Brasileiro de pontos corridos (incluindo América-RN, Sport e Náutico, que debutarão com esse regulamento na elite neste ano), aponta que existe "uma evolução", mas ressalva que ainda é cedo para identificar uma mudança no conceito dos cartolas. No clube gaúcho desde 23 de abril de 2005, ele primeiro levou o Grêmio ao título da Série B, depois, a uma vaga na Libertadores, o que o tornou ídolo em Porto Alegre. Menezes aponta que o cenário que se apresenta neste ano pode gerar uma maior identificação entre técnicos e torcedores de um clube, como antigamente. Mas ressalva: "Cabe aos técnicos saberem criar condições para tanto".


Colaborou FABIO TURA , do Datafolha


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