Dos 22 estádios a serem usados no Paulista, 9 não atendem às exigências de segurança e 4 nem apresentaram laudos

Às pressas, federação altera o local de 3 jogos da 1ª rodada do Estadual, que começará amanhã com 5 confrontos, e infringe Estatuto do Torcedor

Silva Junior/Folha Imagem

O estádio Santa Cruz, que está fora dos padrões para receber Monte Azul x Corinthians, domingo

EDUARDO OHATA
JOSÉ EDUARDO MARTINS
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
GUILHERME CHAMMAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O principal Estadual do país, o Paulista, que começa amanhã, possui apenas um estádio em plenas condições de uso: a Arena Barueri. Foi o que constatou o Ministério Público de São Paulo com base em laudos técnicos feitos pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros nas 22 arenas que receberão jogos do Estadual deste ano.
Com base nesses documentos, o Ministério Público recomendou o veto a nove dessas praças esportivas à Federação Paulista de Futebol. Além delas, quatro sequer enviaram os laudos exigidos por lei e estão vetadas até cumprir a exigência. Outras oito arenas foram aprovadas, mas com restrições.
"Pelo que os laudos demonstram, a Arena Barueri, que não foi incluída pela federação no Paulista, e a Vila Belmiro seriam os estádios que estariam em condições mais satisfatórias para a organização de partidas de futebol", afirmou Roberto Senise, promotor de Justiça do Consumidor, responsável pela compilação dos dados.
Embora não tenha sido incluída pela FPF na lista, a Arena Barueri -que não é mais a "casa" do Barueri pois a equipe mandará seus jogos em Presidente Prudente- abrigará quatro partidas do São Paulo.
Das nove arenas vetadas, cinco estão listadas para receber jogos já neste fim de semana. Um dos estádios, inclusive, abrigará a partida entre Monte Azul e Corinthians, que terá transmissão pela TV no domingo. O jogo está marcado para o Santa Cruz, em Ribeirão Preto.
Segundo o Botafogo, proprietário do estádio, a PM compareceu ontem ao local para uma nova vistoria e houve "100% de aprovação". A FPF corrobora a informação. Mas, até ontem, a Promotoria ainda não havia recebido novos laudos garantindo que a praça está em boas condições para receber o jogo.
O Novelli Jr., de Itu, também obteve sua liberação perante a FPF ontem. Segundo a Secretaria de Esportes de Itu, novos laudos foram enviados ontem para a federação, e o jogo entre o Ituano e o Mirassol, amanhã, foi mantido no mesmo local.
As demais três partidas que seriam realizadas em estádios vetados neste fim de semana foram transferidas. Rio Claro x Botafogo, que ocorreria no Augusto Schmidt, em Rio Claro, amanhã, será em Limeira. Bragantino x Oeste, previsto para o Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista, também amanhã, será disputado na Arena Barueri. E Sertãozinho x Barueri, programado para o Frederico Dalmaso, em Sertãozinho, no domingo, passará para Araras.
As alterações, informadas no site da FPF, ocorreram ao final da noite de ontem. Sendo assim, a entidade infringiu artigo do Estatuto do Torcedor, que prevê que os ingressos, com sua respectiva localização, comecem a ser vendidos a 72 horas antes do início da partida.
Procurada pela reportagem, a FPF pediu que fosse feito contato com dirigentes dos clubes. Segundo o estatuto, porém, a responsabilidade é do organizador do campeonato.
Embora as falhas tenham sido contornadas para a primeira rodada, a situação dos demais estádios vetados preocupa.
Os proprietários de quatro deles -José Maria Maia (Mirassol), Anacleto Campanella (São Caetano do Sul), Eduardo José Farah (Presidente Prudente) e Papa João Paulo 2º (Mogi Mirim)- não haviam entregado todos os laudos até o fechamento desta edição. O prazo, estipulado pelo Ministério do Esporte, expira na segunda.
Segundo o Ministério Público, caso a FPF e os gestores de arenas insistam em utilizar estádios vetados, as entidades sofrerão consequências judiciais.
""Tenho a atribuição legal para propor uma ação civil pública não só contra o clube e a federação paulista mas também contra a pessoa física dos dirigentes", disse o promotor.
Desde julho, uma portaria do governo federal exigia os laudos aos proprietários de arenas.


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