São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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FUTEBOL

Atleta tenta liberação do Grêmio e personifica a polêmica do passe livre

Ronaldinho se transforma no "mocinho" da Lei Pelé

DA REPORTAGEM LOCAL E

DA AGÊNCIA FOLHA

Hoje, termina em Porto Alegre o contrato que prende o atacante Ronaldinho ao Grêmio. Ontem, foi criada em Brasília uma ""comissão de notáveis" para discutir o passe livre, que entraria em vigor em 26 de março segundo o texto atual da Lei Pelé.
Os dois episódios, aparentemente sem ligação, fazem parte da mesma novela de desfecho imprevisível: o fim da lei do passe.
De um lado estão os atletas, seus sindicatos e o ex-ministro dos Esportes Pelé, querendo que seja respeitado o texto atual. Do outro, estão os dirigentes de federações e clubes, pressionando para mudar a data ou a regra.
As duas partes vão estar representadas na reunião da próxima semana em Brasília.
Foram convocados os ex-jogadores Pelé, Zico e Raí, os dirigentes Ricardo Teixeira (presidente da CBF), Fábio Koff (presidente do Clube dos 13) e Eduardo Vianna (presidente da federação do Rio), além do atual ministro dos Esportes, Carlos Melles, e de parlamentares como o senador Leomar Quintanilha (PPB-TO).
A comissão irá sugerir um de- senlace para o governo, que até agora faz papel de mediador, mas acena com possibilidade de adiar a chamada livre circulação da mão-de-obra esportiva.
O caso de Ronaldinho é emblemático, sendo usado como exemplo no lobby dos atletas e dos dirigentes. O jogador já acertou um pré-contrato com o Paris Saint-Germain (FRA), aproveitando o fim de sua ligação com Grêmio.
O time gaúcho quer sua permanência, oferecendo R$ 28 milhões em dois anos -os franceses se dispõem a pagar o dobro. O Grêmio ainda exige R$ 84 milhões para liberar o jogador.
O vice-presidente e advogado do Grêmio, Jayme Eduardo Machado, disse ontem que é "contra a instituição do passe".
Para ele, apesar de achar que o jogador deva ter o passe livre, o clube deveria ser compensado pela formação do atleta.
"Sou a favor da garantia de o clube, que formou o jogador, poder utilizá-lo, e não formá-lo para outros o levarem de graça."
O clube gaúcho luta na Justiça pelo passe do jogador frente à possibilidade dele, que tenta provar ser beneficiário da Lei Pelé, transferir-se para o PSG.
O Grêmio obteve, anteontem, uma liminar que garante para si o vínculo do jogador com o clube, o que impede sua transferência uma negociação com o clube.
O argumento é que o contrato com Ronaldinho foi assinado antes da entrada em vigor da Lei Pelé (24 de março de 98) e que o passe é um direito adquirido.
O advogado do atleta, Sérgio Neves, afirma que esse argumento "é impertinente" e que vai tentar cassá-lo. "Não tem nada de direito adquirido. Isso é uma grande bobagem", declarou.
Concorda com ele Gislaine Nunes, a advogada do Sindicato de Atletas de São Paulo. ""O Grêmio fala em Lei Zico, mas esta foi revogada com a Lei Pelé. O time está só esperneando", afirmou Gislaine.
O advogado Sérgio Neves diz que o caso envolvendo o Ronaldinho "levará a uma comoção nacional e fará com que outros atletas busquem seus direitos".
Para o vice-presidente do Grêmio, o caso só despertou comoção porque os representantes do atleta teriam tentado enganar os franceses, dizendo que "ele iria sem vínculo nenhum, a custo zero". "Até hoje, nenhum francês falou conosco, estão aliciando o jogador", disse Machado.


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