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FUTEBOL
Atleta tenta liberação do Grêmio e personifica a polêmica do passe livre
Ronaldinho se transforma no "mocinho" da Lei Pelé
DA REPORTAGEM LOCAL E
DA AGÊNCIA FOLHA
Hoje, termina em Porto Alegre
o contrato que prende o atacante
Ronaldinho ao Grêmio. Ontem,
foi criada em Brasília uma ""comissão de notáveis" para discutir
o passe livre, que entraria em vigor em 26 de março segundo o
texto atual da Lei Pelé.
Os dois episódios, aparentemente sem ligação, fazem parte
da mesma novela de desfecho imprevisível: o fim da lei do passe.
De um lado estão os atletas, seus
sindicatos e o ex-ministro dos Esportes Pelé, querendo que seja
respeitado o texto atual. Do outro,
estão os dirigentes de federações e
clubes, pressionando para mudar
a data ou a regra.
As duas partes vão estar representadas na reunião da próxima
semana em Brasília.
Foram convocados os ex-jogadores Pelé, Zico e Raí, os dirigentes Ricardo Teixeira (presidente
da CBF), Fábio Koff (presidente
do Clube dos 13) e Eduardo Vianna (presidente da federação do
Rio), além do atual ministro dos
Esportes, Carlos Melles, e de parlamentares como o senador Leomar Quintanilha (PPB-TO).
A comissão irá sugerir um de-
senlace para o governo, que até
agora faz papel de mediador, mas
acena com possibilidade de adiar
a chamada livre circulação da
mão-de-obra esportiva.
O caso de Ronaldinho é emblemático, sendo usado como exemplo no lobby dos atletas e dos dirigentes. O jogador já acertou um
pré-contrato com o Paris Saint-Germain (FRA), aproveitando o
fim de sua ligação com Grêmio.
O time gaúcho quer sua permanência, oferecendo R$ 28 milhões
em dois anos -os franceses se
dispõem a pagar o dobro. O Grêmio ainda exige R$ 84 milhões para liberar o jogador.
O vice-presidente e advogado
do Grêmio, Jayme Eduardo Machado, disse ontem que é "contra
a instituição do passe".
Para ele, apesar de achar que o
jogador deva ter o passe livre, o
clube deveria ser compensado pela formação do atleta.
"Sou a favor da garantia de o
clube, que formou o jogador, poder utilizá-lo, e não formá-lo para
outros o levarem de graça."
O clube gaúcho luta na Justiça
pelo passe do jogador frente à
possibilidade dele, que tenta provar ser beneficiário da Lei Pelé,
transferir-se para o PSG.
O Grêmio obteve, anteontem,
uma liminar que garante para si o
vínculo do jogador com o clube, o
que impede sua transferência
uma negociação com o clube.
O argumento é que o contrato
com Ronaldinho foi assinado antes da entrada em vigor da Lei Pelé (24 de março de 98) e que o passe é um direito adquirido.
O advogado do atleta, Sérgio
Neves, afirma que esse argumento "é impertinente" e que vai tentar cassá-lo. "Não tem nada de direito adquirido. Isso é uma grande bobagem", declarou.
Concorda com ele Gislaine Nunes, a advogada do Sindicato de
Atletas de São Paulo. ""O Grêmio
fala em Lei Zico, mas esta foi revogada com a Lei Pelé. O time está só
esperneando", afirmou Gislaine.
O advogado Sérgio Neves diz
que o caso envolvendo o Ronaldinho "levará a uma comoção nacional e fará com que outros atletas busquem seus direitos".
Para o vice-presidente do Grêmio, o caso só despertou comoção porque os representantes do
atleta teriam tentado enganar os
franceses, dizendo que "ele iria
sem vínculo nenhum, a custo zero". "Até hoje, nenhum francês
falou conosco, estão aliciando o
jogador", disse Machado.
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