São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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Vitória hoje do invicto São Paulo pode decretar mudança de comando no Corinthians

Mão-de-ferro de Cuca põe à prova fraqueza de Juninho

EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

No Morumbi, atualmente, é Cuca quem dá as cartas. No Parque São Jorge, Juninho se limita a distribuir as camisas. No clássico de hoje, às 16h, pelo Paulista, o são-paulino tentará manter sua invencibilidade de cinco jogos enquanto o corintiano lutará para salvar a pele e ganhar sobrevida no cargo.
A situação em que os treinadores disputarão o clássico reflete o tratamento dispensado a eles pelos dirigentes dos dois clubes.
No São Paulo, Cuca, cujo time é o líder do Grupo 1 com dez pontos, já contava -antes de chegar ao clube- com seis reforços, a maioria escolhida em conjunto com a diretoria. Quatro deles - Fabão, Danilo, Grafite e Marquinhos-, inclusive, já haviam trabalhado com ele.
O comandante são-paulino também ganhou carta branca na questão disciplinar. Em sua primeira semana de trabalho, criou uma cartilha de comportamento, impôs toque de recolher aos atletas e recebeu poderes para punir quem saísse da linha.
"Ele tem autonomia. Temos confiança total nele. É um homem muito sereno e trabalhador", elogia o diretor de futebol são-paulino, Juvenal Juvêncio.
O poder oferecido a Cuca pelo São Paulo jamais foi experimentado por Juninho no Corinthians, que ocupa a modesta sexta colocação (apenas os quatro primeiros de cada grupo passam à segunda fase do Estadual) e tem só cinco pontos em quatro jogos.
Alçado ao cargo por influência do vice-presidente de futebol amador do clube, Nesi Curi, o ex-zagueiro corintiano Juninho chegou como opção barata para cobrir a saída repentina de Júnior, que pediu demissão após derrota para o próprio São Paulo pelo Brasileiro-03. Sua permanência foi bancada pelo diretor técnico Roberto Rivellino.
Juninho, porém, não teve peso no processo de contratação de reforços e jamais foi unanimidade no Parque São Jorge.
As invenções táticas do técnico, como o esquema com três atacantes sem a presença de um meia, e o mau futebol apresentado pelo time o deixaram na corda bamba. A ponto de o treinador aceitar continuar no emprego com a interferência pública de Rivellino.
"É normal essa pressão depois de uma derrota. O futebol me ensinou a tratar isso com normalidade. Eles são meus chefes e têm direito de dar a opinião deles", diz Juninho, em tom conformado.
"Não queria ser o foco do jogo, mas espero levar vida normal a partir de terça-feira."
O colega Cuca não pensa assim. "Se você é uma pessoa bem paga, eles [dirigentes] têm de ter confiança em seu trabalho. Se não, é melhor ir embora do que ter alguém interferindo em seu trabalho", acredita o são-paulino.
Sob o comando de Cuca, os jogadores dizem estar vivendo situação confortável. "Nada melhor do que trabalhar num ambiente em que se tem confiança", afirma o volante Fábio Simplício.
Já os corintianos tentam tirar o peso da pressão sobre Juninho de suas costas. "Pode ser que a gente ganhe e o Juninho seja demitido. Não podemos entrar em campo para jogar pelo treinador. Temos de vencer pelo clube", declara o goleiro Fábio Costa.


NA TV - Sportv, ao vivo, a partir das 16h


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