São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Sem acerto com Globo e suas afiliadas, Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia exibem seus jogos em redes de TV "nanicas"

Estaduais migram para tela alternativa

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Globo não fez muita questão, e as imagens de alguns dos mais tradicionais campeonatos estaduais do país foram parar em telas bem menos famosas.
No Rio Grande do Sul, uma emissora local e com programação própria toca o negócio. Na Bahia, um canal estatal tem a exclusividade. No Paraná, a federação montou uma equipe de TV, gera as transmissões e busca nichos alternativos da TV paga.
Todos os torneios estaduais citados foram vítimas do desinteresse que esse tipo de competição disperta. Com ofertas baixas da TV Globo e de outras grandes emissoras nacionais, tiveram que negociar para não ficar fora da principal vitrine da mídia e sem os anunciantes e a principal fonte de receita do futebol atualmente.
O destino das imagens do Gaúcho foi negociado por uma licitação, com as ofertas feitas por carta. A RBS, empresa que retransmite a imagem da Globo no Sul e quase sempre exibiu o torneio, ofereceu R$ 400 mil.
A Guaíba, que não é afiliada a uma emissora nacional, fez um lance de R$ 660 mil e ganhou o direito de exibir 40 jogos, todos ao vivo, até o fim do campeonato.
"Dá perfeitamente para fazer futebol na TV sem ser na Globo", diz Luiz Carlos Reche, um dos chefes de esporte do grupo de que a Guaíba faz parte.
Os clubes gaúchos, especialmente os pequenos, tiveram um aumento substancial nas suas cotas -cerca de 50%.
Outro órfão de uma grande emissora, o Campeonato Baiano é exibido em um canal sem fins lucrativos. Com dinheiro do governo estadual, seu controlador, a TVE (Educativa da Bahia) adquiriu os direitos exclusivos de transmissão do certame.
"Estamos cumprindo a orientação de aproximar a TVE cada vez mais do povo baiano, e o futebol baiano é uma expressão muito forte da cultura de nosso Estado", justifica José Américo Moreira da Silva, diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia.
Depois de anos de parceria com a emissora que reproduz a Globo no Estado, o futebol paranaense traçou um caminho inusitado para não sair das telas.
A federação local resolveu ela mesma produzir o futebol no Estado. Contratou narradores, comentaristas e uma produtora de vídeo. Assim, ela é quem faz a geração dos jogos para, depois, vender diretamente aos interessados.
Em Curitiba, uma empresa de TV a cabo cobra R$ 40 pelos jogos dos grandes. Fora do Estado, as imagens vão ao ar por um novo canal de esportes por assinatura.
Para as emissoras, o investimento no futebol é comemorado.
A TVE baiana, com a exibição do jogo Camaçari x Vitória, teve seu recorde dominical de audiência. Foram 100 mil telespectadores só em Salvador -a média do canal no horário é de 25 mil.
Buscando o lucro, ao contrário da emissora nordestina, a Guaíba celebra a venda de cotas de patrocínio para o futebol -três grandes empresas com atuação nacional já acertaram com o canal.
No Paraná, os cartolas apostam em um lucro maior. "Nossa expectativa é vender cada jogo para 10 mil residências", diz Onaireves Moura, o presidente da Federação Paranaense de Futebol.


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