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FUTEBOL
Sem acerto com Globo e suas afiliadas, Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia exibem seus jogos em redes de TV "nanicas"
Estaduais migram para tela alternativa
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Globo não fez muita questão,
e as imagens de alguns dos mais
tradicionais campeonatos estaduais do país foram parar em telas
bem menos famosas.
No Rio Grande do Sul, uma
emissora local e com programação própria toca o negócio. Na
Bahia, um canal estatal tem a exclusividade. No Paraná, a federação montou uma equipe de TV,
gera as transmissões e busca nichos alternativos da TV paga.
Todos os torneios estaduais citados foram vítimas do desinteresse que esse tipo de competição
disperta. Com ofertas baixas da
TV Globo e de outras grandes
emissoras nacionais, tiveram que
negociar para não ficar fora da
principal vitrine da mídia e sem
os anunciantes e a principal fonte
de receita do futebol atualmente.
O destino das imagens do Gaúcho foi negociado por uma licitação, com as ofertas feitas por carta. A RBS, empresa que retransmite a imagem da Globo no Sul e
quase sempre exibiu o torneio,
ofereceu R$ 400 mil.
A Guaíba, que não é afiliada a
uma emissora nacional, fez um
lance de R$ 660 mil e ganhou o direito de exibir 40 jogos, todos ao
vivo, até o fim do campeonato.
"Dá perfeitamente para fazer
futebol na TV sem ser na Globo",
diz Luiz Carlos Reche, um dos
chefes de esporte do grupo de que
a Guaíba faz parte.
Os clubes gaúchos, especialmente os pequenos, tiveram um
aumento substancial nas suas cotas -cerca de 50%.
Outro órfão de uma grande
emissora, o Campeonato Baiano é
exibido em um canal sem fins lucrativos. Com dinheiro do governo estadual, seu controlador, a
TVE (Educativa da Bahia) adquiriu os direitos exclusivos de transmissão do certame.
"Estamos cumprindo a orientação de aproximar a TVE cada vez
mais do povo baiano, e o futebol
baiano é uma expressão muito
forte da cultura de nosso Estado",
justifica José Américo Moreira da
Silva, diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia.
Depois de anos de parceria com
a emissora que reproduz a Globo
no Estado, o futebol paranaense
traçou um caminho inusitado para não sair das telas.
A federação local resolveu ela
mesma produzir o futebol no Estado. Contratou narradores, comentaristas e uma produtora de
vídeo. Assim, ela é quem faz a geração dos jogos para, depois, vender diretamente aos interessados.
Em Curitiba, uma empresa de
TV a cabo cobra R$ 40 pelos jogos
dos grandes. Fora do Estado, as
imagens vão ao ar por um novo
canal de esportes por assinatura.
Para as emissoras, o investimento no futebol é comemorado.
A TVE baiana, com a exibição
do jogo Camaçari x Vitória, teve
seu recorde dominical de audiência. Foram 100 mil telespectadores só em Salvador -a média do
canal no horário é de 25 mil.
Buscando o lucro, ao contrário
da emissora nordestina, a Guaíba
celebra a venda de cotas de patrocínio para o futebol -três grandes empresas com atuação nacional já acertaram com o canal.
No Paraná, os cartolas apostam
em um lucro maior. "Nossa expectativa é vender cada jogo para
10 mil residências", diz Onaireves
Moura, o presidente da Federação
Paranaense de Futebol.
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