São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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Sócrates, 50, louva democracia, cerveja e vislumbra futebol com 9

FERNANDO PRATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira completa 50 anos na quinta-feira idealizando uma revolução no futebol, maior até do que aquela que colocou em prática quando jogava.
Na USP, onde cursa doutorado, imagina seu esporte com menos jogadores em campo: "Defendo a hipótese de que o futebol deve ser disputado por apenas nove atletas. O condicionamento físico do atleta evoluiu muito e essa redução daria mais emoção ao jogo".
Idéia difícil de emplacar. Como sua recente anticandidatura à presidência da CBF. Como a "democracia corintiana" dos anos 80.
A primeira naufragou, como planejado. "A anticandidatura é uma forma de drenar opiniões para provocar discussões sobre a estrutura e a organização do esporte nacional. Isso serviu para provocar polêmica e democratizar a escolha dos dirigentes esportivos. Um pequeno grupo detém o poder e não vai sair nunca", diz.
A segunda virou um capítulo célebre na história do futebol brasileiro: "Foi um processo importantíssimo, pois através do futebol, um meio extremamente popular e de bastante visibilidade, conseguimos discutir os principais problemas do país".
Na "democracia corintiana", os jogadores tinham voz ativa no Parque São Jorge para discutir inclusive a necessidade ou não da concentração de reforços. Tudo isso bem em meio ao processo de abertura política do país.
Só o fato de ter participado daquela fase do Corinthians já lhe valeria alguma fama. Mas Sócrates fez mais. Foi, depois de Zico, o maior destaque do futebol brasileiro em uma época de jejum em Copas -jogou as de 82 e 86. Pelo Corinthians, conquistou o Paulista em 79, 82 e 83. Foi campeão no Rio, pelo Flamengo, em 86.
Em Ribeirão, às vésperas de completar 50 anos, diz não ter planos para o futuro. "Minha agenda termina daqui a dez segundos. Eu vivo hoje. Quando tem algo que não fiz, corro atrás. Agora, estou interessado em cultura francesa, então estou aprendendo francês. Não sei quanto tempo vou viver, então quero viver bem hoje", afirma.
Mas com a cervejinha gelada por perto. "Só não pode ser hipócrita. Cerveja não atrapalha nunca, só te dá prazer, paz, relax."



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