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Constrangido, STJD absolve Romário
Por unanimidade, auditores anulam a pena de 120 dias imposta ao atacante por uso de substância considerada doping
"Maradona aspira cocaína,
cheira. O Romário merece
respeito", diz o presidente do
tribunal que livrou 40% dos
atletas "positivos" em 2007
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Sob deferências dos sete auditores e do promotor do STJD
(Superior Tribunal de Justiça
Desportiva), Romário, 42, foi
absolvido por unanimidade ontem e teve a suspensão de 120
dias por doping anulada.
É a sexta absolvição de caso
de doping de 2007 julgado pelo
STJD. Ou seja, 40% dos atletas
com testes comprovadamente
positivos não foram punidos.
Romário agora pode voltar a
jogar. Se quiser. Após deixar o
cargo de treinador do Vasco, ele
ouviu proposta do Flamengo.
Os dois times se enfrentam
no domingo, em semifinal do
primeiro turno do Estadual do
Rio. Ele ainda não definiu em
que equipe fará sua partida final. Ou se ela será realizada.
"Não vou dizer se vou jogar
mais um jogo, dois jogos, se vou
jogar. Em relação a domingo,
não me encontro fisicamente
em condição de jogar", disse,
após a sessão. Ele tem contrato
com o Vasco até 30 de março.
Romário chegou tenso ao tribunal. Ao falar sobre o caso para os auditores, chorou. "É uma
situação constrangedora. Não
tinha motivo para ter qualquer
tipo de ajuda extra a não ser a fé
que eu sempre tive". A sessão
teve cinco minutos de intervalo
para o atacante se recompor.
Os auditores e o promotor
Paulo Schmitt a todo momento
diziam tentar separar "o mito
do atleta". Mas a maioria apresentou "constrangimento".
"O mito está preservado. Jamais podemos deixar de render
homenagens. Para nós também
há uma dose de constrangimento", disse Schmitt, que pediu a manutenção da punição.
Ao votar, o presidente do tribunal, Rubens Approbato, declarou que não poderia "marcar" a carreira de Romário com
uma condenação por doping.
"Formalmente ocorreu uma
infração? Sim. Formalmente a
decisão da primeira instância
está correta? Sim. Mas pela formação moral, intelectual de
Romário... Ele já cumpriu a pena, não deve ser chancelado,
marcado como atleta dopado.
Um Maradona da vida brasileira. Maradona aspira cocaína,
cheira. Romário merece respeito. Ele não é maconheiro, "cocaineiro'", disse Approbato.
A fala do presidente do STJD
foi a que mais emocionou Romário, que tinha os olhos marejados durante as duas horas e 15
minutos de julgamento. Ele foi
absolvido com o voto dos sete
auditores presentes à sessão.
"Vim para lutar pela minha
honra. Continuo sendo aquele
cara que todos sabem: limpo",
disse Romário, que foi flagrado
em teste em outubro após jogo
com o Palmeiras. A suspensão
foi imposta em 5 de dezembro,
quando o resultado do exame
foi divulgado, e durou 71 dias.
O presidente do Vasco, Eurico Miranda, foi ao julgamento.
O clube retirou o seu advogado
do caso após Romário abandonar o cargo de técnico do time.
O relator do processo, Caio
Rocha, considerou o argumento da defesa de que a finasterida, substância proibida detectada, foi "rebaixada" na lista da
Wada (Agência Internacional
Antidoping). Ela é usada na fórmula de tônicos capilares.
A finasterida deixou de ser
classificada como droga proibida e passou a ser "substância
específica" a partir de 2008. Ela
não melhora o desempenho esportivo, mas mascara o uso de
nandrolona, que possui efeito
anabolizante na musculatura.
O promotor alegou que a mudança ainda não foi confirmada
pela CBF, mas não foi capaz de
convencer os auditores.
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