São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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dono do jogo

Clássico marca era do mandante

Visitantes, corintianos terão torcida reduzida contra o São Paulo, nova tendência do futebol brasileiro

Dos jogos regionais com times da Série A, não há arquibancadas divididas igualmente em 61% deles; Palmeiras defende restrição

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Os são-paulinos Washington, Zé Luis, Miranda e Richarlyson observam treino dos reservas no CT da Barra Funda antes do clássico de hoje contra o Corinthians

PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em longo tempo, São Paulo e Corinthians se enfrentam com uma torcida claramente em minoria -e será a do time do Parque São Jorge. Não é fato isolado. O clássico é o símbolo de uma realidade crescente no país: o fim da arquibancada dividida.
O clube do Morumbi restringiu os ingressos dos rivais a 10% das arquibancadas. Os corintianos prometem retaliação -ontem, Andres Sanchez gastou sua primeira fala como presidente reeleito do Corinthians com críticas ao adversário.
Em São Paulo, 5 dos 6 clássicos serão disputados com uma somente torcida com a maioria dos ingressos. Sobraria Corinthians x Palmeiras e apenas por enquanto. Medidas em estudo podem alterar isso.
De 23 clássicos regionais com times da Série A do Brasileiro (BA, MG, PE, PR, RJ, SP e RS), 14 já são disputados com um time mandante majoritário. A cota dos visitantes gira em torno de 10%, limite da lei, mas pode ser até menor.
Há sete jogos tradicionais com público meio a meio, quatro no Rio. Com a posse do Engenhão, o Botafogo já jogou com Fluminense e Vasco, no Nacional e em casa, com carga reduzida para os rivais.
São o aumento de negócios em arena privadas e o declínio dos estádios públicos os motivos para o fim da divisão igualitária. "Toda a nossa estratégia de negócios está ligada ao Morumbi", disse o vice de marketing são-paulino, Júlio Casares.
Com a ocupação dos espaços com parceiros do clube, não há como receber torcedores visitantes em todos os setores.
"Não é mais possível dividir o estádio. Nem em clássicos. O negócio agora é esse mesmo, de dar a cota mínima, 10% dos ingressos, para o visitante e pronto", afirmou o tesoureiro do Palmeiras, Ébem Gualtieri.
Um exemplo é o Rio Grande do Sul. Apesar de terem dois estádios, Grêmio e Internacional dividiam as arquibancadas nos clássicos da década de 60.
Depois, caiu para um terço o percentual do visitante. Na década de 90, eram 10 mil. Agora, são 2.000 lugares para o rival.
"Inter e Grêmio têm programas de sócio-torcedor grandes. Na final da Sul-Americana, não havia não-sócios. Todos têm preferência para comprar ingressos. Não se pode dar mais", explicou Mário Sérgio Martins, vice do Internacional.
Tanto o Beira-Rio quanto o Olímpico são superavitários, com rendas de camarotes, patrocinadores e aluguéis. A redução da violência também contribuiu para a mudança.
Ainda sem exploração mais intensa dos estádios, os clubes pernambucanos também reduziram o espaço dos visitantes.
"É assim há três anos. No clássico, o visitante tem 10%, no máximo 20%. Todo mundo já se acostumou", diz Ricardo Valois, vice do Náutico.
A partir de hoje, chegou a hora das duas maiores torcidas paulistas se acostumarem.


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