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dono do jogo
Clássico marca era do mandante
Visitantes, corintianos terão torcida reduzida contra o São Paulo, nova tendência do futebol brasileiro
Dos jogos regionais com times da Série A, não há arquibancadas divididas igualmente em 61% deles; Palmeiras defende restrição
Márcia Ribeiro/Folha Imagem
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Os são-paulinos Washington, Zé Luis, Miranda e Richarlyson observam treino dos reservas no CT da Barra Funda antes do clássico de hoje contra o Corinthians
PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez em longo
tempo, São Paulo e Corinthians
se enfrentam com uma torcida
claramente em minoria -e será a do time do Parque São Jorge. Não é fato isolado. O clássico é o símbolo de uma realidade
crescente no país: o fim da arquibancada dividida.
O clube do Morumbi restringiu os ingressos dos rivais a 10%
das arquibancadas. Os corintianos prometem retaliação -ontem, Andres Sanchez gastou
sua primeira fala como presidente reeleito do Corinthians
com críticas ao adversário.
Em São Paulo, 5 dos 6 clássicos serão disputados com uma
somente torcida com a maioria
dos ingressos. Sobraria Corinthians x Palmeiras e apenas por
enquanto. Medidas em estudo
podem alterar isso.
De 23 clássicos regionais
com times da Série A do Brasileiro (BA, MG, PE, PR, RJ, SP e
RS), 14 já são disputados com
um time mandante majoritário. A cota dos visitantes gira
em torno de 10%, limite da lei,
mas pode ser até menor.
Há sete jogos tradicionais
com público meio a meio, quatro no Rio. Com a posse do Engenhão, o Botafogo já jogou
com Fluminense e Vasco, no
Nacional e em casa, com carga
reduzida para os rivais.
São o aumento de negócios
em arena privadas e o declínio
dos estádios públicos os motivos para o fim da divisão igualitária. "Toda a nossa estratégia
de negócios está ligada ao Morumbi", disse o vice de marketing são-paulino, Júlio Casares.
Com a ocupação dos espaços
com parceiros do clube, não há
como receber torcedores visitantes em todos os setores.
"Não é mais possível dividir o
estádio. Nem em clássicos. O
negócio agora é esse mesmo, de
dar a cota mínima, 10% dos ingressos, para o visitante e pronto", afirmou o tesoureiro do
Palmeiras, Ébem Gualtieri.
Um exemplo é o Rio Grande
do Sul. Apesar de terem dois estádios, Grêmio e Internacional
dividiam as arquibancadas nos
clássicos da década de 60.
Depois, caiu para um terço o
percentual do visitante. Na década de 90, eram 10 mil. Agora,
são 2.000 lugares para o rival.
"Inter e Grêmio têm programas de sócio-torcedor grandes.
Na final da Sul-Americana, não
havia não-sócios. Todos têm
preferência para comprar ingressos. Não se pode dar mais",
explicou Mário Sérgio Martins,
vice do Internacional.
Tanto o Beira-Rio quanto o
Olímpico são superavitários,
com rendas de camarotes, patrocinadores e aluguéis. A redução da violência também
contribuiu para a mudança.
Ainda sem exploração mais
intensa dos estádios, os clubes
pernambucanos também reduziram o espaço dos visitantes.
"É assim há três anos. No
clássico, o visitante tem 10%,
no máximo 20%. Todo mundo
já se acostumou", diz Ricardo
Valois, vice do Náutico.
A partir de hoje, chegou a hora das duas maiores torcidas
paulistas se acostumarem.
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