São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PAULO VINICIUS COELHO

Fenômeno até o fim


Craque também no marketing, Ronaldo soube escolher a hora de parar. Hoje só se fala dele


SE RONALDO NÃO foi o melhor jogador de seu tempo, foi o segundo. Roberto Carlos e o próprio Ronaldo enchem a boca para falar sobre o prazer de atuar com Zidane. Digamos, então, que o francês tenha sido melhor. Por pouco.
A comparação entre Ronaldo e Zidane serve também como símbolo da mudança do jogador brasileiro nas últimas décadas. Potência e velocidade passaram a ser requisitos básicos, e o Fenômeno é a pura expressão desse estilo. Não por acaso, questionado sobre do que mais sente saudade, Ronaldo respondeu em 2010: "Da minha velocidade".
Impossível esquecer da bola roubada de Rodolfo Rodríguez em 1993 ou de ele passar entre dois zagueiros e desviar a bola de Zubizarreta, num Barcelona x Valencia de 1996. O mundo caiu de joelhos quando Ronaldo feriu o seu, em 2000. Dois anos depois, ao retornar, tornou-se o terceiro brasileiro a marcar dois gols em uma final de Copa do Mundo. Só Vavá, Pelé... e Ronaldo!
Seu apelido define sua carreira: Fenômeno!
Então veio o Corinthians, após ser campeão mundial pelo Real Madrid, onde ganhou também seu único campeonato nacional.
Por causa do Tolima, a passagem corintiana é hoje retratada pelo momento extraordinário de 2009, sucedido de declínio inquestionável. Se você resume assim o Ronaldo do Corinthians, desculpe, mas resume errado.
Sua passagem não foi homogênea, teve altos e baixos. É fato que seu grande futebol apareceu nas finais do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil de 2009, quando, de tão brilhante, não provocou em ninguém o instinto de dizer que aquela era a hora de parar.
Por causa do Tolima, parece que aquele foi seu único momento digno. Então, pegue as manchetes de novembro. Nesta Folha, em 9/11/10: "Tite volta a elogiar e vê Ronaldo garçom". No Lancenet, em 22/11/10: "Dependência de Ronaldo preocupa Timão na reta final". O texto diz: "Dada sua importância nos últimos jogos do Corinthians, a lesão que sentiu na coxa direita no último domingo, contra o Vitória, pode ser extremamente prejudicial na reta final do Brasileirão".
Como o futebol esteve em férias entre 5/12/10 e 14/1/11, é injusto dizer que Ronaldo teve atuações péssimas nos últimos meses de sua carreira. Diga o último mês e ressalte os altos e baixos anteriores. Se Ronaldo escolheu bem a hora de parar? Craque também do marketing, optou por um domingo sem clássicos e sem graça no país do futebol. Hoje, o mundo só fala nele. Era a hora de parar.

pvc@uol.com.br


Texto Anterior: Famosos usam Twitter para comentar fim
Próximo Texto: Fiel
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.