São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com três gols, Robert vira senhor dos clássicos

Após decidir contra São Paulo, atacante, questionado pela torcida, brilha na Vila

Santos 3
Palmeiras 4


DOS ENVIADOS A SANTOS

Robert não quis falar logo após a partida. Assim que o juiz apitou o final do clássico, saiu correndo, pulou as placas de publicidade atrás do gol e entrou no túnel em direção ao vestiário. Seus três gols expressavam melhor o que ele sentia.
"Vai lá perguntar pros caras que diziam que goleariam a gente", disse, enquanto rompia a barreira de repórteres que aguardavam para conversar com o herói do Palmeiras, que tem brilhado nos clássicos.
Foi assim contra o São Paulo, quando o clube do Morumbi foi ao Parque Antarctica como favorito e viu Robert marcar os dois gols do Choque-Rei.
Foi assim ontem, quando o Santos observou o centroavante de 28 anos empatar o duelo quando perdia por 2 a 0 e, aos 43min do segundo tempo, definir o placar final: 4 a 3.
Robert chegou a 11 gols no ano, marcados em 16 partidas.
Desde a saída de Vagner Love, no início da temporada, o Palmeiras começou a procura por um novo atacante. Robert nunca questionou o fato de precisar provar a cada jogo que a solução para os dirigentes já treinava todos os dias no CT.
Na última exibição da equipe, uma vitória suada contra o modesto Sertãozinho, experimentou a sensação de ser vaiado em uníssono. Havia perdido gols feitos. A exemplo do que acontece com Washington no São Paulo, o camisa 20 palmeirense não pode errar nunca.
Ontem, ele só errou duas vezes. Chutou cinco bolas no gol de Felipe, segundo contabilizou o Datafolha. Três pararam dentro das redes do santista.
O primeiro gol dele foi quase uma resposta a um susto. Só o Santos atacava até aquela altura da partida. Pará e Neymar deixaram muita gente no estádio com impressão de que uma nova goleada estava a caminho.
Madson acabara de perder a oportunidade de fazer o terceiro. Três minutos depois, Cleiton Xavier achou a cabeça de Robert no meio da área, que achou a bola, que achou o alívio.
"Saaaaantos", gritou a torcida. De repente, o silêncio. Robert dançava com Armero e com Diego Souza na lateral do gramado, ironizando os meninos da Vila. Dois minutos depois de usar a testa, Robert usou seu pé esquerdo. Era o 2 a 2. Foi Robert em êxtase.
No segundo tempo, o clássico ficou lá e cá, e não apenas lá com o Santos. Robinho, Neymar e André não se entenderam. Só Ganso produzia.
O Palmeiras, que passou boa parte da etapa inicial tentando consagrar Pierre, Edinho e Danilo como "camisas 10", pois eram os únicos a armar o time, colocou a bola no chão.
Aos 12min, Diego Souza fez o gol da virada. Ganso tentou, em assistências, igualar-se a Robert. Antes, já havia deixado Neymar cara a cara com Marcos. Resolveu presentear Madson também, que aos 36min tocou na saída do goleiro palmeirense e deixou o eletrizante confronto igual novamente.
Mais uma vez o público pulou, cantou, vibrou, achou que o "acidente de percurso" seria sanado com algum gol de Robinho ou de Neymar. Neymar foi expulso, o primeiro cartão vermelho do Santos neste Estadual. Robinho nada fez.
Veio o silêncio pela segunda vez na noite. 43 minutos. Robert pegou a bola roubada pelo estreante Lincoln e, da intermediária santista, fez 4 a 3.
Quanto à história de precisar provar a cada partida seu ofício, ontem Robert teve a sombra de Ewerthon, um desses nomes trazidos para ser o dono do ataque, estreando no Palmeiras.
"Desde que cheguei, me acostumei com a pressão. Quem me xingou no outro jogo está feliz hoje [ontem], achando que eu sou o melhor do mundo", afirmou Robert, já no vestiário.
(PAULO COBOS E RENAN CACIOLI)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Robinho volta a ir mal contra palmeirenses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.