São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escoteiro lucra mais que times no Rio

Com taxas até para associação ligada ao escotismo, 74% dos jogos do Estadual-2010 ficam no vermelho na bilheteria

Mesmo os clubes grandes, entre eles o Flamengo, não conseguem cobrir despesas dos jogos do torneio com a comercialização de ingressos

EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No futebol do Rio, é melhor ter um grupo de escoteiros do que um clube de futebol.
Esse é o retrato da bilheteria do Estadual em 2010. Com despesas muito acima do que acontece em outros Estaduais (como a fatia de 1% da renda líquida nos jogos no Maracanã destinada aos escoteiros) e a habitual falta de torcedores, o torneio fluminense é um imenso vermelho nos borderôs.
Depois do início das finais da Taça Rio, incluindo também duelos contra o rebaixamento e pelo título de melhor dos pequenos, o torneio acumula 131 partidas, sendo que em 97 delas as despesas foram maiores do que a receita com ingressos.
O índice de partidas no vermelho (74%) é praticamente o dobro do registrado no Campeonato Paulista-2010.
Quem sofre mais são os pequenos. Das 15 partidas que disputou na competição, a Friburguense, por exemplo, teve prejuízo em 14 -ficou no vermelho até contra o Flamengo.
O clube acumulou perdas de quase R$ 30 mil com a bilheteria de seus jogos. "É um absurdo. Deixamos de reforçar o elenco por causa do prejuízo certo na bilheteria", diz José Eduardo Siqueira, gerente de futebol do clube, que estima em R$ 100 mil o prejuízo que o clube terá com a venda de ingressos e despesas em seus jogos.
Enquanto isso, os escoteiros faturaram até agora quase R$ 50 mil com o Estadual.
"Essa renda subsidia atividades de educação, não formal, para os 4.383 membros juvenis que participam de 89 grupos escoteiros em todo o Estado", afirma Daniel Vasconcelos, diretor de marketing do escritório regional do Rio da União dos Escoteiros do Brasil.
O vermelho nos borderôs dos jogos do Estadual deixou de ser algo restrito aos times pequenos. Nada menos do que 7 dos 12 jogos em que o Flamengo enfrentou pequenos nos dois turnos deram prejuízo. "É muito difícil manter um time em alto nível, manter um padrão de excelência nessas condições. Estou só há dois meses, mas já estamos pensando em mandar nossos jogos em outros locais por conta do fechamento do Maracanã, mas também pensando nesses jogos com times menores", diz Patrícia Amorim, a presidente flamenguista.
No segundo turno, a situação para os grandes piorou. Em oito rodadas da Taça Rio, o Botafogo, mesmo tendo feito dois clássicos, acumulou um modesto lucro de R$ 45 mil com a venda de ingressos.
No Rio, até jogos com bilheteria razoável para os padrões do país são problema. Um jogo entre Flamengo e Madureira, por exemplo, arrecadou R$ 67,6 mil no Maracanã. Com despesas de R$ 106 mil, o prejuízo foi de quase R$ 40 mil.
O Estado ainda "socializa" o prejuízo. Na maioria das partidas da competição, a renda é dividida. Assim, os times visitantes acabam dividindo o prejuízo com os clubes mandantes.


Texto Anterior: Scolari: Time do técnico vive confusão na Arábia
Próximo Texto: Até aluguel de carro forte depena renda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.