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Escoteiro lucra mais que times no Rio
Com taxas até para associação ligada ao escotismo, 74% dos jogos do Estadual-2010 ficam no vermelho na bilheteria
Mesmo os clubes grandes, entre eles o Flamengo, não conseguem cobrir despesas dos jogos do torneio com a comercialização de ingressos
EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No futebol do Rio, é melhor
ter um grupo de escoteiros do
que um clube de futebol.
Esse é o retrato da bilheteria
do Estadual em 2010. Com despesas muito acima do que
acontece em outros Estaduais
(como a fatia de 1% da renda líquida nos jogos no Maracanã
destinada aos escoteiros) e a
habitual falta de torcedores, o
torneio fluminense é um imenso vermelho nos borderôs.
Depois do início das finais da
Taça Rio, incluindo também
duelos contra o rebaixamento e
pelo título de melhor dos pequenos, o torneio acumula 131
partidas, sendo que em 97 delas
as despesas foram maiores do
que a receita com ingressos.
O índice de partidas no vermelho (74%) é praticamente o
dobro do registrado no Campeonato Paulista-2010.
Quem sofre mais são os pequenos. Das 15 partidas que
disputou na competição, a Friburguense, por exemplo, teve
prejuízo em 14 -ficou no vermelho até contra o Flamengo.
O clube acumulou perdas de
quase R$ 30 mil com a bilheteria de seus jogos. "É um absurdo. Deixamos de reforçar o
elenco por causa do prejuízo
certo na bilheteria", diz José
Eduardo Siqueira, gerente de
futebol do clube, que estima em
R$ 100 mil o prejuízo que o clube terá com a venda de ingressos e despesas em seus jogos.
Enquanto isso, os escoteiros
faturaram até agora quase R$
50 mil com o Estadual.
"Essa renda subsidia atividades de educação, não formal,
para os 4.383 membros juvenis
que participam de 89 grupos
escoteiros em todo o Estado",
afirma Daniel Vasconcelos, diretor de marketing do escritório regional do Rio da União
dos Escoteiros do Brasil.
O vermelho nos borderôs dos
jogos do Estadual deixou de ser
algo restrito aos times pequenos. Nada menos do que 7 dos
12 jogos em que o Flamengo enfrentou pequenos nos dois turnos deram prejuízo. "É muito
difícil manter um time em alto
nível, manter um padrão de excelência nessas condições. Estou só há dois meses, mas já estamos pensando em mandar
nossos jogos em outros locais
por conta do fechamento do
Maracanã, mas também pensando nesses jogos com times
menores", diz Patrícia Amorim, a presidente flamenguista.
No segundo turno, a situação
para os grandes piorou. Em oito rodadas da Taça Rio, o Botafogo, mesmo tendo feito dois
clássicos, acumulou um modesto lucro de R$ 45 mil com a
venda de ingressos.
No Rio, até jogos com bilheteria razoável para os padrões
do país são problema. Um jogo
entre Flamengo e Madureira,
por exemplo, arrecadou R$
67,6 mil no Maracanã. Com
despesas de R$ 106 mil, o prejuízo foi de quase R$ 40 mil.
O Estado ainda "socializa" o
prejuízo. Na maioria das partidas da competição, a renda é dividida. Assim, os times visitantes acabam dividindo o prejuízo com os clubes mandantes.
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