São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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TÊNIS

Segunda divisão

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Ninguém discorda que Andre Agassi, aos 32 anos, é um dos maiores nomes da história do tênis. Dono de sete Grand Slams, 14 Masters Series (o último deles em Roma, no domingo, após campanha perfeita), 52 títulos no circuito profissional, mais de 700 vitórias, o "careca" faz parte da elite do esporte.
Sobre os maiores nomes do tênis, não há muita dúvida: Bjorn Borg, Jimmy Connors, Rod Laver, John McEnroe, Ilie Nastase, John Newcombe, Pete Sampras, Ivan Lendl...
Já sobre os tenistas de segunda categoria, quanta discussão! Para muitos leitores desta coluna, pasme, um Nicolas Massú, por exemplo, faz parte da elite do tênis e jamais poderia ser classificado, como foi neste espaço, apenas como um tenista de segunda divisão.
Para quem não sabe (e a maioria não sabe), o chileno Nicolas Massú nasceu em Viña del Mar em outubro de 1979. Quando tinha cinco anos, um de seus avôs, Ladislao, de origem húngara, imaginou que o menino poderia se dar bem no tênis. Não hesitou: levou Nicolas e seu irmão mais velho, Jorge, para um clube local.
Jorge ficou pelo caminho, mas Nicolas mostrou que seu Ladislao estava certo. Juvenil, chegou a ser o quinto no ranking mundial em 1997, quando tinha recém-completado 18 anos. Passou ao circuito profissional.
Naquele 1997, só jogou uma vez como profissional. Perdeu e ficou registrado como o sujeito número 607 do ranking mundial. No ano seguinte, garimpou posição atrás de posição, ganhou jogos pelo circuito e fechou a temporada já como número 188.
O salto definitivo aconteceu no ano seguinte, em 1999. Ganhou dois challengers e entrou para o seleto grupo dos cem melhores tenistas do planeta. Desde então, vem melhorando a cada ano: número 97 em 1999, número 87 em 2000, número 66 em 2001, atualmente é o número 37.
Nicolas ganhou seu primeiro ATP Tour (Buenos Aires) neste ano, e não há duvida de que outros títulos virão, mais cedo ou mais tarde. Quem sabe até um Masters Series? Um Grand Slam?
Por enquanto, por sua carreira até agora, por motivos óbvios, pelas diferenças com Agassi, Sampras, Gustavo Kuerten, diferentemente do que vociferam dezenas de leitores em e-mails para esta coluna, Nicolas Massú é o segundo escalão do tênis mundial. Assim como Fernando González, Younes El Ayanoui, Gaston Gaudio, David Nalbandian...

Quem também anda reclamando de discriminação é o espanhol Juan Carlos Ferrero, número nove do ranking e um dos maiores nomes do saibro atualmente.
Em Roma, não gostou de ter seu jogo marcado para a longínqua quadra número seis. Queria, óbvio, jogar na central. Lá no fundo, perdeu e foi eliminado. Disse que a quadra era um lixo (uso esse termo para evitar usar palavras "mais fortes" neste espaço).
Segundo Ferrero, os espanhóis são discriminados no mundo todo, em todos os torneios. Concorda com ele o também espanhol Carlos Moyá, ex-número um do mundo, ainda que por alguns dias apenas. Disse que foi "um choque" ver Ferrero jogar no fundão. "Quando eu era número um do mundo, me botaram em uma quadra lá longe em Indian Wells. Agora isso com Ferrero. Será que não gostam da gente?"

Os jovens que começam
Está rolando em Porto Alegre a terceira etapa do Credicard Visa Juniors Cup, um dos maiores torneios entre juvenis no país. As disputas são nas categorias 12, 14, 16 e 18. O qualifying começou na segunda. Hoje ocorrem os primeiros jogos das chaves principais. Na próxima semana, os tenistas vão para Brasília. Lá, é vez da segunda etapa do Circuito Juvenil Banco do Brasil, na academia Vila do Tênis & Squash. Em quadra, garotos e garotas de 15 Estados.

O "velho" que não volta
Patrick Rafter, um dos nomes mais quentes nas bolsas de apostas para Wimbledon, deixou claro nesta semana que não pretende voltar a jogar. Pelo menos neste ano. Aos 29 anos, Rafter, que vai ser pai em julho, disse que não há chance de disputar Wimbledon. Planos para 2003? "Às vezes acho que volto, outras vezes, que não." O croata Goran Ivanisevic, que bateu Rafter na final em 2001, também não estará em Wimbledon. Irá passar por cirurgia no ombro.

E-mail reandaku@uol.com.br



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