São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Cambistas virtuais" agitam mercado negro

Torcedores frustrados com organização recorrem aos sites para bilhetes da Copa

Na internet ainda é possível encontrar entradas para jogos como Brasil x Portugal ou até o de abertura, entre África do Sul e México

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

Ignorando a proibição imposta pela Fifa e as ameaças da polícia sul-africana, um movimentado mercado negro na internet está oferecendo ingressos para a Copa do Mundo de 2010 com ágio de até quatro vezes o valor oficial do bilhete.
Torcedores ouvidos pela Folha, frustrados com a política do Comitê Organizador Local de não revelar se novos ingressos serão colocados à venda até o início da competição, confirmam que estão recorrendo a essa alternativa.
No site bidorbuy.co.za, havia ontem 75 ofertas. Para a final, um ingresso "categoria 1", com os melhores assentos, estava sendo vendido por 22 mil rands (R$ 5.500). O preço normal é menos de um terço disso (6.300 rands, ou R$ 1.575).
A partida entre Brasil e Portugal, em 25 de junho, é uma das mais disputadas da primeira fase. O ingresso na melhor categoria sai por até 5.500 rands (R$ 1.375), quase cinco vezes os 1.120 rands (R$ 280) exigidos pela Fifa. Brasil contra Costa do Marfim, em 20 de junho, fica um pouco mais em conta: 3.000 rands (R$ 750).
Todos estes jogos estão "sem ingressos disponíveis". De acordo com a organização do Mundial, no entanto, não está descartada a oferta de mais entradas, em data não definida.
Em outro site também especializado em compra e venda, o gumtree.co.za, adquire-se um ingresso para ver o jogo de abertura, entre África do Sul e México, também na categoria mais cara, por 8.000 rands (R$ 2.000), quando o preço normal é 3.150 rands (R$ 790).
Na categoria 3, a segunda pior, é possível achar entrada para a partida inicial por 2.450 rands (R$ 612), ágio de 70%.
Mas existem ingressos encalhados, cotados abaixo do preço de mercado. Paraguai x Eslováquia está cotado a 133 rands (R$ 35) na rede, sete rands a menos do que pede a Fifa.
A entidade autoriza a revenda de bilhetes, mas apenas por meio de um processo autorizado, que contém uma série de restrições. Além de a cobrança de ágio ser proibida, há uma taxa de 10% sobre o valor do ingresso. Também não é possível efetuar a transação se o tíquete já estiver impresso.
Por fim, o dinheiro demora um mês para ser creditado no cartão de crédito do vendedor.
A maioria das ofertas na internet é feita por cambistas profissionais, que têm ingressos para diversos jogos e categorias e chegam a cobrar frete de US$ 50 (R$ 90) para fazer a entrega no domicílio.
E a demanda não dá sinais de arrefecer. Num site, um internauta pergunta se é possível conseguir dez ingressos para a final. O vendedor responde que está "no processo de tentar arrumar mais alguns" e promete dar retorno em breve.
Outro cambista profissional procura dar garantias ao comprador de que ele não será vítima de golpe. "Compre com confiança. Há 20 anos vendemos ingressos para a Copa".
Há também "amadores" vendendo, como um que se identifica como "benna4614" e tem um ingresso para EUA x Eslovênia. Afirma que não poderá mais ir ao jogo e pede 450 rands (R$ 112). Até ontem, nenhum interessado havia aparecido.



Texto Anterior: Motor - Fábio Seixas: Geração perdida
Próximo Texto: Organização só checará quem achar suspeito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.