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"Cambistas virtuais" agitam mercado negro
Torcedores frustrados com organização recorrem aos sites para bilhetes da Copa
Na internet ainda é possível encontrar entradas para jogos como Brasil x Portugal ou até o de abertura, entre África do Sul e México
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
Ignorando a proibição imposta pela Fifa e as ameaças da
polícia sul-africana, um movimentado mercado negro na internet está oferecendo ingressos para a Copa do Mundo de
2010 com ágio de até quatro vezes o valor oficial do bilhete.
Torcedores ouvidos pela
Folha, frustrados com a política do Comitê Organizador Local de não revelar se novos ingressos serão colocados à venda até o início da competição,
confirmam que estão recorrendo a essa alternativa.
No site bidorbuy.co.za, havia ontem 75 ofertas. Para a final, um ingresso "categoria 1",
com os melhores assentos, estava sendo vendido por 22 mil
rands (R$ 5.500). O preço normal é menos de um terço disso
(6.300 rands, ou R$ 1.575).
A partida entre Brasil e Portugal, em 25 de junho, é uma
das mais disputadas da primeira fase. O ingresso na melhor
categoria sai por até 5.500
rands (R$ 1.375), quase cinco
vezes os 1.120 rands (R$ 280)
exigidos pela Fifa. Brasil contra
Costa do Marfim, em 20 de junho, fica um pouco mais em
conta: 3.000 rands (R$ 750).
Todos estes jogos estão "sem
ingressos disponíveis". De
acordo com a organização do
Mundial, no entanto, não está
descartada a oferta de mais entradas, em data não definida.
Em outro site também especializado em compra e venda, o
gumtree.co.za, adquire-se um
ingresso para ver o jogo de
abertura, entre África do Sul e
México, também na categoria
mais cara, por 8.000 rands (R$
2.000), quando o preço normal
é 3.150 rands (R$ 790).
Na categoria 3, a segunda
pior, é possível achar entrada
para a partida inicial por 2.450
rands (R$ 612), ágio de 70%.
Mas existem ingressos encalhados, cotados abaixo do preço
de mercado. Paraguai x Eslováquia está cotado a 133 rands
(R$ 35) na rede, sete rands a
menos do que pede a Fifa.
A entidade autoriza a revenda de bilhetes, mas apenas por
meio de um processo autorizado, que contém uma série de
restrições. Além de a cobrança
de ágio ser proibida, há uma taxa de 10% sobre o valor do ingresso. Também não é possível
efetuar a transação se o tíquete
já estiver impresso.
Por fim, o dinheiro demora
um mês para ser creditado no
cartão de crédito do vendedor.
A maioria das ofertas na internet é feita por cambistas
profissionais, que têm ingressos para diversos jogos e categorias e chegam a cobrar frete
de US$ 50 (R$ 90) para fazer a
entrega no domicílio.
E a demanda não dá sinais de
arrefecer. Num site, um internauta pergunta se é possível
conseguir dez ingressos para a
final. O vendedor responde que
está "no processo de tentar arrumar mais alguns" e promete
dar retorno em breve.
Outro cambista profissional
procura dar garantias ao comprador de que ele não será vítima de golpe. "Compre com
confiança. Há 20 anos vendemos ingressos para a Copa".
Há também "amadores" vendendo, como um que se identifica como "benna4614" e tem
um ingresso para EUA x Eslovênia. Afirma que não poderá
mais ir ao jogo e pede 450 rands
(R$ 112). Até ontem, nenhum
interessado havia aparecido.
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