|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COPA 2006
Corpo estranho
Ronaldo passa mal e faz exames que nada detectam
Como na crise da final de 1998, CBF oculta problema
Marcelo Sayão/Efe
|
O atacante Ronaldo chega ao hotel da seleção brasileira em Königstein, ontem |
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN
A lista de problemas médicos
do atacante Ronaldo parece
não ter fim. No dia seguinte à
sua pífia atuação no Estádio
Olímpico de Berlim, o camisa 9
da seleção reclamou de fortes
dores na cabeça e foi levado para uma clínica em Frankfurt,
onde foi submetido a exames.
De acordo com a assessoria
da CBF, nada foi constatado e o
jogador deve treinar normalmente com os outros atletas na
tarde de hoje, em Königstein.
O caso pode não ser tão grave
quanto o de 1998, quando Ronaldo teve uma crise nervosa
horas antes da final da Copa.
Mas segue roteiro semelhante.
Do mesmo modo que há oito
anos, na França, a passagem do
atacante pela clínica só foi divulgada pela CBF horas depois.
Queixando-se de mal-estar
logo após a partida, o jogador
do Real Madrid foi direto para a
concentração em Königstein,
algo que não ocorreu nas folgas
anteriores do time brasileiro.
Tanto na Suíça como na Alemanha, Ronaldo saiu com os
outros jogadores para boates e
restaurantes. Na semana passada, chegou a ter a companhia
da namorada, Raica de Oliveira.
Desta vez, porém, as circunstâncias eram diferentes. E, tudo indica, bem mais sérias.
Às 15h10 de ontem (10h10 de
Brasília), os médicos decidiram
levá-lo a uma clínica, onde, segundo o "Jornal da Globo", Ronaldo passou por uma endoscopia. Quatro horas depois, ele
voltou à concentração e não falou.
O médico José Luiz Runco,
que acompanhou o atleta na
clínica, ajudou a esconder o
problema. Minutos depois de
Ronaldo regressar ao hotel da
seleção de carro, Runco, caminhando pela rua diante da concentração, parou para conversar com jornalistas. Disse que
nenhum jogador teve problemas depois da partida de estréia, o 1 a 0 contra a Croácia.
Contou ainda que tinha ido a
um shopping center. Não carregava, porém, nenhum pacote.
"Esse negócio de fazer compras na Europa é lenda. No Brasil, você paga mais caro, mas
paga em dez vezes", disse ele,
que estava acompanhado por
Serafim Borges, outro médico
da seleção. Runco ainda alfinetou Ronaldo. "O problema dele
foi o jogo. O Ronaldo tem que
jogar, eu acho isso", comentou.
Pouco mais de cinco horas
depois, já na madrugada alemã,
à 1h02 em Königstein (20h02
no Brasil), a CBF informou em
seu site que o atacante teve
"tonteiras", que passou por
exames e que treinará hoje.
Ao mesmo tempo, o mesmo
site afirmava que nenhum jogador da delegação estava no departamento médico.
Os problemas de Ronaldo começaram na preparação da seleção para a Copa. Na segunda
semana, na Suíça, ele teve de
ser substituído em amistoso
contra a Nova Zelândia devido
a bolhas no pé esquerdo.
Dias depois, contraiu uma virose que o tirou de um treino.
Tudo isso em meio à sua irritação com comentários sobre
seu peso, que gerou até um debate com o presidente Lula.
Em 98, o atacante passou mal
na concentração e foi levado, às
escondidas, para um hospital
de Paris. O problema só veio à
tona após a derrota para os
franceses, na qual atuou.
Como agora, a CBF tentou
abafar o caso na ocasião, mesmo depois de a Fifa ter divulgado a escalação de Edmundo.
Ronaldo não conversa com
os jornalistas desde domingo.
Anteontem, o atacante se recusou a passar na zona mista do
estádio, local onde os atletas
concedem entrevista após as
partidas. A Fifa obriga a presença ali de todos os jogadores.
A CBF alegou que ele saiu por
uma porta lateral do estádio.
Runco, hoje, dará uma entrevista para falar sobre o jogador.
Ontem, a assessoria da CBF
não atendeu as ligações da Folha após o anúncio dos exames.
Texto Anterior: Painel FC na Copa Próximo Texto: Dupla pesada de ataque só brilha contra nanicos Índice
|