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Dupla pesada de ataque só brilha contra nanicos
Juntos, Ronaldo e Adriano travam contra europeus e vêem Brasil chutar menos
Atleta da Inter deslancha com o amigo ausente, como na Copa das Confederações e na Copa América, torneios em que liderou a artilharia
DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN
Se os grandes adversários do
Brasil, como não cansa de dizer
o técnico Carlos Alberto Parreira, são as seleções européias,
não pode haver dupla de ataque
menos indicada do que a escolhida para a disputa do Mundial
na Alemanha -azar maior, pelo que aconteceu nos últimos
anos, para o jogador menos famoso da parceria.
Ronaldo e Adriano formam
uma dupla que só deu certo até
hoje diante de times de segunda categoria, como Venezuela,
Lucerna e Nova Zelândia.
Com esta dupla de ataque, a
equipe brasileira marcou somente quatro vezes em quatro
confrontos diante de seleções
da Europa -média de um gol
por partida, ou menos do que a
metade do restante registrado
na atual era Parreira.
O desempenho do jogador da
Inter de Milão, destaque da artilharia na era Parreira, é muito
melhor contra seleções da Europa quando não teve o companheiro famoso ao seu lado. Foram quatro gols em três jogos
como titular, contra nenhum
nos quatro confrontos em que
formou dupla de ataque com o
ídolo da adolescência.
O Datafolha também atesta
que os dois não funcionam com
eficiência juntos no Brasil.
Contra seleções européias, o
Brasil e sua pesada dupla de
atacantes reunidos têm média
de 12 finalizações, ou cinco a
menos do que nos demais jogos
sob o atual comando. O número
de dribles cai quase 30% quando Adriano e Ronaldo estão em
campo -Robinho, o primeiro
reserva para os dois, é o recordista de fintas da atual seleção.
Apesar de a dupla não ter sorte perante os europeus, que podem ser os únicos adversários
da seleção a partir da próxima
fase na Alemanha, Ronaldo não
esconde que tem por Adriano
um carinho especial. Os dois
formam uma parceria famosa
nas peladas entre amigos organizadas pelo atacante do Real
Madrid no Rio de Janeiro.
"Sempre atuamos juntos nas
brincadeiras. O Ronaldo sempre faz questão de jogar comigo. Agora, a responsabilidade
será grande", disse Adriano,
após ser confirmado pela primeira vez ao lado do amigo no
ataque da seleção em 2004.
Ronaldo também foi uma espécie de tutor de Adriano,
quando o jogador deixou o Flamengo para jogar na Inter de
Milão. Ronaldo freqüentava
quase que diariamente a casa
do amigo. Um dos lugares preferidos do jogador do Real Madrid era a cozinha da casa, onde
a avó de Adriano fazia pastéis
de queijo, a iguaria predileta da
dupla após os treinos. Ronaldo
chegava a encomendar grandes
quantidades de pastéis para a
avó de Adriano antes de ela ter
deixado a Itália.
Mesmo com o retrospecto
desfavorável da dupla, Ronaldo
acredita que os dois atacantes
poderão ter sucesso nesta Copa
do Mundo.
""Não vejo nenhum problema. Muitos dizem que somos
parecidos, mas acho que podemos muito ajudar a seleção",
afirma o jogador do Real.
Adriano brilhou na seleção
quando não tinha Ronaldo como parceiro. Na Copa América
de 2004, o atacante foi artilheiro quando formou dupla ofensiva com Luis Fabiano, tendo
feito sete gols. No ano seguinte,
o jogador da Inter de Milão brilhou de novo sem Ronaldo. Ao
lado de Robinho, acabou como
artilheiro da Copa das Confederações realizada na Alemanha, com cinco tentos.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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