São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Dupla pesada de ataque só brilha contra nanicos

Juntos, Ronaldo e Adriano travam contra europeus e vêem Brasil chutar menos

Atleta da Inter deslancha com o amigo ausente, como na Copa das Confederações e na Copa América, torneios em que liderou a artilharia

DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

Se os grandes adversários do Brasil, como não cansa de dizer o técnico Carlos Alberto Parreira, são as seleções européias, não pode haver dupla de ataque menos indicada do que a escolhida para a disputa do Mundial na Alemanha -azar maior, pelo que aconteceu nos últimos anos, para o jogador menos famoso da parceria.
Ronaldo e Adriano formam uma dupla que só deu certo até hoje diante de times de segunda categoria, como Venezuela, Lucerna e Nova Zelândia.
Com esta dupla de ataque, a equipe brasileira marcou somente quatro vezes em quatro confrontos diante de seleções da Europa -média de um gol por partida, ou menos do que a metade do restante registrado na atual era Parreira.
O desempenho do jogador da Inter de Milão, destaque da artilharia na era Parreira, é muito melhor contra seleções da Europa quando não teve o companheiro famoso ao seu lado. Foram quatro gols em três jogos como titular, contra nenhum nos quatro confrontos em que formou dupla de ataque com o ídolo da adolescência.
O Datafolha também atesta que os dois não funcionam com eficiência juntos no Brasil.
Contra seleções européias, o Brasil e sua pesada dupla de atacantes reunidos têm média de 12 finalizações, ou cinco a menos do que nos demais jogos sob o atual comando. O número de dribles cai quase 30% quando Adriano e Ronaldo estão em campo -Robinho, o primeiro reserva para os dois, é o recordista de fintas da atual seleção.
Apesar de a dupla não ter sorte perante os europeus, que podem ser os únicos adversários da seleção a partir da próxima fase na Alemanha, Ronaldo não esconde que tem por Adriano um carinho especial. Os dois formam uma parceria famosa nas peladas entre amigos organizadas pelo atacante do Real Madrid no Rio de Janeiro.
"Sempre atuamos juntos nas brincadeiras. O Ronaldo sempre faz questão de jogar comigo. Agora, a responsabilidade será grande", disse Adriano, após ser confirmado pela primeira vez ao lado do amigo no ataque da seleção em 2004.
Ronaldo também foi uma espécie de tutor de Adriano, quando o jogador deixou o Flamengo para jogar na Inter de Milão. Ronaldo freqüentava quase que diariamente a casa do amigo. Um dos lugares preferidos do jogador do Real Madrid era a cozinha da casa, onde a avó de Adriano fazia pastéis de queijo, a iguaria predileta da dupla após os treinos. Ronaldo chegava a encomendar grandes quantidades de pastéis para a avó de Adriano antes de ela ter deixado a Itália.
Mesmo com o retrospecto desfavorável da dupla, Ronaldo acredita que os dois atacantes poderão ter sucesso nesta Copa do Mundo.
""Não vejo nenhum problema. Muitos dizem que somos parecidos, mas acho que podemos muito ajudar a seleção", afirma o jogador do Real.
Adriano brilhou na seleção quando não tinha Ronaldo como parceiro. Na Copa América de 2004, o atacante foi artilheiro quando formou dupla ofensiva com Luis Fabiano, tendo feito sete gols. No ano seguinte, o jogador da Inter de Milão brilhou de novo sem Ronaldo. Ao lado de Robinho, acabou como artilheiro da Copa das Confederações realizada na Alemanha, com cinco tentos.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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