São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Se não melhorar na primeira fase, Ronaldo vai sair

Reservadamente, Parreira já dá sinais de que pode sacar o atacante, que ficou magoado com declaração de Kaká

Capitão Cafu sai em defesa do companheiro, que nunca tinha enfrentado tanta desconfiança dentro do time como neste momento


DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

Defendido publicamente pelos colegas, Ronaldo nunca enfrentou tanta desconfiança dentro da seleção como agora.
Se não engrenar até o terceiro jogo, contra o Japão, perderá o seu posto de titular. Internamente, o técnico Carlos Alberto Parreira dá sinais de que não o manterá no time, caso o atacante repita um desempenho pífio como teve na estréia, diante da Croácia.
A atuação do jogador do Real Madrid preocupou também seus companheiros. Apesar das palavras de apoio ao atleta do clube espanhol, alguns dos colegas dele disseram a amigos que temiam por uma má atuação de Ronaldo. Afirmavam que o atacante estava lento nos treinos. Repetiu o problema na estréia da seleção, anteontem.
Depois do jogo, porém, Kaká afirmou que "um pouquinho mais de movimentação" de Ronaldo seria o ideal para o time.
Chegou aos ouvidos de cartolas que acompanham a equipe nacional que Ronaldo ficou magoado com a declaração.
O capitão Cafu saiu em defesa do atacante, substituído no jogo contra os croatas depois de ter sua pior atuação em Copas. Durante o dia de ontem, Ronaldo ficou a maior parte do dia recluso e em silêncio.
"Falei com o Ronaldo após o jogo. Disse que estamos ao lado dele, que ele é nosso carro-chefe", declarou o lateral, apostando que o companheiro será "decisivo" na Alemanha.
Cafu falou que o atacante demonstrou abatimento com sua performance na estréia da seleção. O jogador, que deu apenas um chute a gol, foi substituído por Robinho aos 24min do segundo tempo. Ao sair, recebeu vaias da torcida em Berlim. "É claro que o Ronaldo ficou chateado por ter sido substituído. Quem não ficaria? Isso mostra que ele quer jogar", disse.
O médico da seleção brasileira, José Luiz Runco, afirmou que o atacante, que teve bolhas nos pés e uma virose, não enfrentou nenhum problema durante a partida. "O problema foi o jogo. O Ronaldo tem que jogar, eu acho isso", disse Runco.
Ontem, durante a folga dos atletas da seleção, Ronaldo ficou distante dos companheiros em boa parte do dia. Após regressar de Berlim, ele passou a manhã toda no hotel da delegação brasileira em Königstein.
No início da tarde, caminhou em volta da piscina da concentração da equipe. Às 15h10, deixou o hotel em um carro com motorista e voltou quatro horas depois. Cercado por fotógrafos e jornalistas, o veículo que trouxe o atacante teve de mudar a sua rota e entrar por um outro portão.
Apesar da insistência dos repórteres, Ronaldo, de cara fechada, recusou-se a falar.
Além de Cafu, ele recebeu apoio também dos jogadores do Flamengo, seu clube de coração. Antes do treinamento na Gávea, eles posaram para foto com faixa em solidariedade ao artilheiro do último Mundial.
"Nós sabemos que ele é capaz e é rubro-negro como nós. Confiamos muito nele e torcemos", disse o zagueiro Fernando, eleito pelos jogadores do Flamengo como uma espécie de porta-voz do grupo.
A manifestação flamenguista irritou integrantes da comissão técnica da seleção. Eles avaliam que isso só intensifica a pressão sobre Ronaldo. (EDUARDO ARRUDA, GUILHERME ROSEGUINI, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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