São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Espanha dá goleada e frita astro ucraniano

Schevchenko, que era dúvida, pouco fez no confronto que abriu o Grupo H

Triunfo por 4 a 0 é o placar mais elástico até aqui nesta Copa, e espanhóis garantem vaga antecipada nas oitavas se vencerem o próximo jogo


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A LEIPZIG

Na partida mais quente da Copa, a maior lavada. A Espanha cozinhou a Ucrânia ontem e assumiu a ponta do Grupo H com uma goleada de 4 a 0.
O maior placar do Mundial até agora foi construído sob uma temperatura de 33 graus (umidade do ar em 26%). Shevchenko, o astro solitário da Ucrânia, foi sombra na partida.
""Foi uma vergonha como perdemos. Mas era praticamente impossível jogar em condições tão quentes contra um adversário forte como a Espanha, que mereceu a vitória", afirmou o técnico da Ucrânia, Oleg Blokhin.
Para o treinador espanhol Luis Aragonés, os gols marcados logo no início pelo seu time desmontaram o adversário. ""Sabíamos que eles eram fortes fisicamente, mas o segundo gol [marcado aos 17min do primeiro tempo] fez eles abaixarem os braços. Foi mais fácil do que pensava. Fomos sempre superiores", disse o técnico.
De fato, a Espanha deu um banho. Foram 22 finalizações contra apenas sete dos estreantes em Copa. Shevchenko, que era dúvida por se recuperar de lesão, esteve irreconhecível: uma finalização apenas (e errada), sete bolas perdidas (maior índice de seu time), dois cruzamentos (ambos equivocados) e dois dribles (um certo e outro errado).
""Eu não estava totalmente bem, mas era importante jogar. Não senti dores", afirmou o craque, que antes da Copa trocou o Milan pelo Chelsea.
""A Ucrânia foi muito castigada no jogo. Um gol da Espanha foi de falta e outro de pênalti. Mesmo quando estava 3 a 0, tivemos chances. E com um a menos ficou difícil. Mas temos dois jogos e podemos fazer seis pontos", disse Shevchenko, ainda otimista.
A bola parada foi decisiva. O primeiro gol, aos 13min, saiu de um escanteio aproveitado por Xabi Alonso de cabeça na primeira trave. Quatro minutos depois, Villa bateu falta e contou com a sorte (desvio na barreira) para vencer o goleiro Shovkovskyi. O jogo foi definido em pênalti convertido por Villa no terceiro minuto da segunda etapa -o lance faltoso na área, duvidoso, resultou na expulsão de Vashchuk.
A partir daí, a Espanha foi se poupando, trocando atletas e desperdiçando chances. Raúl entrou no lugar de Villa, mas não marcou. Fernando Torres fechou o placar aos 36min em ótima jogada que teve como destaque a subida do zagueiro Puyol ao ataque.
A Espanha não perde uma partida de Copa desde 1998 -em 2002, saiu invicta, sendo eliminada pela Coréia do Sul nos pênaltis, nas quartas-de-final. Com sua torcida lotando o estádio em Leipzig (todos os 43 mil ingressos vendidos) e cantando ""A por ellos, Oé!" (algo como ""para cima deles"), surge como uma força.
""Historicamente, não temos feito boas participações em Copas. Mas temos a chance de demonstrar que estamos perto dos que ganham Copas", afirmou Aragonés.
Os espanhóis, de uma forma geral, mostram bastante euforia. ""O time foi fenomenal", afirmou Xavi. ""Fiquei com vontade de meter o terceiro", disse Villa, que perdeu uma chance na cara do gol para se isolar na artilharia da Copa -com dois gols, ele divide o topo da tabela de goleadores com outros quatro jogadores.
O site do diário ""Marca" estampa que "a Espanha, sim, joga bonito". O zagueiro Puyol, porém, pede cautela: ""Antes da estréia, não éramos tão ruins. Agora, não somos tão bons".'
A Espanha volta a jogar na segunda contra a Tunísia em Stuttgart. A Ucrânia pega a Arábia Saudita em Hamburgo, no mesmo dia. Os espanhóis garantem a classificação já na segunda rodada se vencerem. O time está há 23 jogos invicto.


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