São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010

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ENZO PALLADINI

Falta alguém que invente


Não é necessário ser um gênio para descobrir como colocar o time italiano em dificuldades


OS JOGADORES que podem inventar o futebol ficaram em casa. Mario Balotelli está na praia brincando com seus amigos, e Antonio Cassano está se preparando para seu casamento.
Na África do Sul estão os soldados de Marcello Lippi, que chegaram ao início do Mundial em boas condições físicas, mas sem muitas ideias de como mudar uma partida. Quando Alcaraz marcou o gol do Paraguai, os italianos se olharam e disseram: "Precisamos mudar alguma coisa". A resposta, de fato, veio com outra pergunta: "Sim, mas o quê?".
Perto de Lippi, no banco da Azzurra, o único jogador capaz de tratar bem a bola era Andrea Pirlo. Pequeno problema: Pirlo está machucado. Talvez jogará só a terceira partida da Copa do Mundo.
No passado, a Itália foi inteligente, soube estudar as características do adversário e aproveitar seus defeitos. Agora, não é necessário ser um gênio para descobrir como colocar a equipe da Itália em dificuldades. Cannavaro parece uma estátua. Se houver um ataque onde ele está, não será difícil marcar um gol. O time de Lippi pode marcar gols se jogar com o velho contra-ataque à italiana. Mas, quando o adversário perde a bola, o jogo é previsível.
É por isso que os italianos queriam Balotelli ou Cassano. Mas também podia ser Fabrizio Miccoli, um jogador capaz de driblar ou fazer alguma coisa diferente do normal.
Esse é também o motivo pelo qual os italianos queriam ver Totti pelo menos no grupo que foi para a África. Lippi quis levar os soldados. Mas ao menos os verdadeiros soldados atiram, e os italianos nem sequer atiraram em direção ao gol do Paraguai. Empataram somente por um grave erro do goleiro, mas com pouco mérito.
A boa notícia é que a Itália corre. Sobretudo no primeiro tempo estava fisicamente bem, era mais veloz que os paraguaios. A esperança é que essa condição possa ser suficiente para vencer a Nova Zelândia, um time de atletas, mas de um futebol realmente modesto.
Se aqueles que podem inventar o futebol estão na praia jogando pebolim, os italianos esperam que os soldados de Lippi sejam pelo menos capazes de traçar uma linha e de defendê-la, isto é, de se classificar para a segunda fase. Pelo menos assim não devemos nos envergonhar.

ENZO PALLADINI é redator-chefe de Esporte da rede de TV italiana Mediaset

Tradução de ANASTASIA CAMPANERUT


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