|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Maratona aquática dá 1º pódio ao país e promete
Na braçada final, Poliana perde de americana, mas fatura a prata em meio a teens
Na prova masculina, Allan do Carmo, 17, conquista o bronze e se torna o retrato da invasão de jovens na nova coqueluche olímpica
Márcia Foleto/Agência O Globo
|
Poliana é recebida com festa na praia de Copacabana |
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Poliana Okimoto conquistou
a medalha de prata, primeira do
Brasil no Pan do Rio, em uma
prova que foi o retrato da nova
coqueluche olímpica.
Das 16 inscritas da maratona
aquática, 9 eram teens, como a
campeã, a norte-americana
Chloe Sutton, de 15 anos.
Mas nem o frenesi em torno
da modalidade, que se tornou
olímpica há dois anos e é a nova
"queridinha" dos dirigentes,
nem a medalha fizeram Poliana
esquecer alguns percalços.
A atleta de 24 anos -a quarta
mais velha de ontem-, com a
medalha no pescoço, disse estar com o coração apertado. A
piscina que utilizava em Santos, da Universidade Mont Serrat, será aterrada para a construção de uma loja de carros.
Duas vezes vice-campeã mundial, não sabe onde treinará.
"Vou começar a procurar
uma piscina agora onde quer
que seja", declarou ela, que deixou o mar aos prantos.
Poliana era a principal esperança dos dirigentes para, com
o ouro no Pan, alavancar a modalidade. A prova feminina foi
até trocada de horário -seria
realizada após a masculina.
Na areia, a atleta foi recebida
por um abraço do presidente da
confederação brasileira, Coaracy Nunes Filho, após ser amparada para sair do mar. Além
de parabenizá-la, o dirigente
quis saber se ela chorava de alegria ou de tristeza.
"Chorei porque estava emocionada. Minha última gota de
suor ficou no mar. Errei na chegada. Entrou uma onda e não
acertei a placa. Foi no detalhe",
disse ela, que ficou apenas 0s8
atrás da primeira colocada.
O abatimento de Poliana
contrastava com a alegria da
sorridente norte-americana
Chloe, ainda com o rosto adolescente cheio de espinhas.
"Eu ficava falando para mim
o tempo todo que ia conseguir.
Na braçada final, uma onda entrou e me ajudou", festejou.
A brasileira Ana Marcela, a
mais jovem da prova, com 15
anos, terminou em sétimo.
Outro teen do Brasil, Allan
do Carmo, 17, ganhou o bronze.
"Falavam em medalha, mas
não sabia de que cor. Eles deram um sprint no final, e não
consegui alcançá-los. Veio o
bronze, e fiquei feliz. Agora é
focar na Olimpíada que é meu
próximo objetivo", disse.
Único veterano da equipe nacional, Marcelo Romanelli, 31,
lamentou o mal desempenho.
Ele disse que um agarrão o fez
perder a sunga e os saquinhos
de carboidrato líquido que carregava. Sem alimento, sentiu
muito cansaço.
O vencedor da prova foi o
norte-americano Fran Crippen, seguido por seu compatriota Charles Peterson.
Allan é um exemplo da nova
"onda" da maratona. Ele começou a treinar no mar aos oito
anos, ao mesmo tempo em que
nadava nas piscinas. Aos dez
anos, fez a transição definitiva.
"Na piscina, eu não tenho
bom rendimento. Acho que estou no caminho certo. Minha
carreira ainda é longa", afirmou
ele, que vai usar a medalha como incentivo para treinar.
"Eu perdi muita coisa, tive de
faltar às aulas", contou o aluno
do terceiro ano do ensino médio. O nadador tem apoio de
programa do governo da Bahia,
mas ainda precisa de investimentos dos pais para competir.
Segundo Igor Souza, chefe da
equipe brasileira, os resultados
de ontem são reflexo do crescimento da modalidade. "Os nadadores jovens se interessam
mais por essa prova, porque é
menos monótona do que a piscina, tem cenários diferentes.
Cada vez mais vemos jovens como Allan e Ana Marcela."
Texto Anterior: Feio: Organização tem falhas, e jog do Brasil é adiado Próximo Texto: Medalhas provocam alvoroço Índice
|