São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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HÓQUEI

Brasil pega Argentina e quer perder de pouco

No mesmo dia de final no futebol, país enfrenta as Leonas, francas favoritas, e aposta em jogadora "importada" do adversário

DA SUCURSAL DO RIO

No dia da final da Copa América de futebol, entre os dois maiores rivais sul-americanos, o favoritismo é todo argentino.
Pelo menos nas quadras de hóquei sobre grama, na abertura do campeonato feminino no Pan, no Complexo de Deodoro, as vizinhas da Argentina levam ampla vantagem sobre as jogadoras brasileiras.
As Leonas, apelido dados às adversárias em 2000 devido à raça do time, são uma das três forças do hóquei mundial, ao lado de Austrália e Holanda.
Mas, na estréia, hoje, às 11h, o Brasil aposta numa jogadora "importada" do rival para tentar atenuar a falta de tradição.
Virginia Kumvich, 29, nasceu na capital argentina, Buenos Aires, e obteve a cidadania brasileira neste ano. Decidiu se naturalizar para disputar o Pan.
"Em 2002, fui a São Paulo para fazer um MBA [pós-graduação] em finanças. Acabei ficando. O Brasil me conquistou. Pedi a naturalização para poder defender a seleção no hóquei sobre grama", conta.
Ela se casou com um brasileiro na capital paulista, onde trabalha como gerente financeira. Somente pratica o hóquei sobre grama quando está com a seleção e não é por falta de vontade. "Não tem time no Brasil."
Na Argentina, Virginia fez testes com a seleção juvenil do país. "Tinha 14 anos, mas o esporte não era a minha prioridade. Os treinos eram longe de casa e não tinha como ir", disse ela, que competiu por dois times argentinos (Sitas e Ferro) antes de chegar ao Brasil.
Contudo encarar o seu país natal não é um fato inédito para Virginia. Será a segunda vez em que a jogadora irá se deparar com suas compatriotas. No ano passado, com o Brasil, perdeu por 10 a 0, pelo Sul-Americano.
Na ocasião, mesmo sem a naturalização, Virginia pôde competir porque apresentou aos organizadores o protocolo de mudança de cidadania.
A trajetória de Virginia, ao trocar a Argentina pelo Brasil, pode ser comparada à de um jogador de futebol que abrisse mão da seleção brasileira para defender o Cazaquistão.
A diferença entre as duas seleções é enorme. O primeiro campo no Brasil só foi inaugurado agora -é o que abrigará a competição no Pan.
A Argentina ostenta o título mundial de 2002 e duas medalhas olímpicas: a prata em Sydney-2000 e o bronze em Atenas-2004. Além disso, o país conta com uma liga nacional feminina.
Mesmo assim, parte das Leonas ainda divide os treinamentos com trabalho. Cada atleta recebe R$ 700 como bolsa do governo argentino desde o título mundial. Apesar da diferença entre os países, Virginia afirma não ter se arrependido de abdicar da equipe da Argentina. (FABIO GRIJÓ)


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