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HÓQUEI
Brasil pega Argentina e quer perder de pouco
No mesmo dia de final no futebol, país enfrenta as Leonas, francas favoritas, e aposta em jogadora "importada" do adversário
DA SUCURSAL DO RIO
No dia da final da Copa América de futebol, entre os dois
maiores rivais sul-americanos,
o favoritismo é todo argentino.
Pelo menos nas quadras de
hóquei sobre grama, na abertura do campeonato feminino no
Pan, no Complexo de Deodoro,
as vizinhas da Argentina levam
ampla vantagem sobre as jogadoras brasileiras.
As Leonas, apelido dados às
adversárias em 2000 devido à
raça do time, são uma das três
forças do hóquei mundial, ao
lado de Austrália e Holanda.
Mas, na estréia, hoje, às 11h, o
Brasil aposta numa jogadora
"importada" do rival para tentar atenuar a falta de tradição.
Virginia Kumvich, 29, nasceu
na capital argentina, Buenos
Aires, e obteve a cidadania brasileira neste ano. Decidiu se naturalizar para disputar o Pan.
"Em 2002, fui a São Paulo para fazer um MBA [pós-graduação] em finanças. Acabei ficando. O Brasil me conquistou. Pedi a naturalização para poder
defender a seleção no hóquei
sobre grama", conta.
Ela se casou com um brasileiro na capital paulista, onde trabalha como gerente financeira.
Somente pratica o hóquei sobre grama quando está com a
seleção e não é por falta de vontade. "Não tem time no Brasil."
Na Argentina, Virginia fez
testes com a seleção juvenil do
país. "Tinha 14 anos, mas o esporte não era a minha prioridade. Os treinos eram longe de casa e não tinha como ir", disse
ela, que competiu por dois times argentinos (Sitas e Ferro)
antes de chegar ao Brasil.
Contudo encarar o seu país
natal não é um fato inédito para
Virginia. Será a segunda vez em
que a jogadora irá se deparar
com suas compatriotas. No ano
passado, com o Brasil, perdeu
por 10 a 0, pelo Sul-Americano.
Na ocasião, mesmo sem a naturalização, Virginia pôde competir porque apresentou aos
organizadores o protocolo de
mudança de cidadania.
A trajetória de Virginia, ao
trocar a Argentina pelo Brasil,
pode ser comparada à de um jogador de futebol que abrisse
mão da seleção brasileira para
defender o Cazaquistão.
A diferença entre as duas seleções é enorme. O primeiro
campo no Brasil só foi inaugurado agora -é o que abrigará a
competição no Pan.
A Argentina ostenta o título
mundial de 2002 e duas medalhas olímpicas: a prata em
Sydney-2000 e o bronze em
Atenas-2004. Além disso, o
país conta com uma liga nacional feminina.
Mesmo assim, parte das Leonas ainda divide os treinamentos com trabalho. Cada atleta
recebe R$ 700 como bolsa do
governo argentino desde o título mundial. Apesar da diferença
entre os países, Virginia afirma
não ter se arrependido de abdicar da equipe da Argentina.
(FABIO GRIJÓ)
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